quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O que nos faz falta são os horizontes



Leandro Altheman

Podem acreditar. Não são as frutas verduras e legumes o que mais nos fazem falta. Tampouco é a pedra para asfaltar as estradas. Nem a própria estrada nos faz tanta falta assim.
Depois desta viagem, decidi que o que realmente nos faz falta, são os horizontes.
Isto por que a falta de horizonte atulha nossa visão. Nos faz mais limitados do que realmente somos. Vemos apenas dificuldades e obstáculos, onde na verdade existem possibilidades quase que ilimitadas.
A visão limitada e a pequenez de pensamento deveriam ser eleitos como nossos verdadeiros inimigos. São eles quem fazem de nós estúpidos e ignorantes seres. Destruidores em potencial de tudo que está a sua volta. Destruímos a Terra em busca de tesouros que jamais encontraremos aí, pois o buscamos no lugar errado. Destruímos aos nossos semelhantes, ao supor-los menores do que são. Ou maiores também. Ao colocarmos alguém acima de nós, lhe tiramos a possibilidade de ser o que é: humano.
Se enxergássemos as coisas simples como são, também nos maravilharíamos diante de tudo. Não precisaríamos nem mesmo de cinema, circo ou televisão. Se olhássemos verdadeiramente para quem está próximo, não precisaríamos de novelas para nos emocionar.
Por isso que digo que o que nos falta são os horizontes. Perspectiva. Enquanto tivermos um olhar “viciado” nada será possível, a não ser a repetição monótona do que todos já sabemos: um mundo velho, cansado, violento e impessoal.
Olhar com o olhar inocente de uma criança, que descobre a cada segundo, a magia da vida. Este deveria ser o nosso desafio diário. Despertar seria então um ato de bravura, e dormiríamos cientes de que a próxima alvorada trará principalmente surpresas. Assim seríamos impelidos a acreditar em nós mesmos e nos daríamos conta de que o vínculo sagrado e invisível que une eu, você e todas as coisas é tão real quanto o Sol que brilha todas as manhãs no horizonte.

Um comentário:

  1. Leandro, seu texto é perfeito. Em todos os lugares a vida está assim, repleta de pessoas limitadas, mas não pela falta de capacidade de raciocinar, mas de observar o que de fato é admirável, importante. Essa preocupação excessiva com o material que nos permeia e a falsa ilusão de que o artificial nos diverte e nos torna felizes são os resultados dessa limitação voluntária. E pode parecer pessimismo, mas tenho pouca esperança que mude... A cada dia priorizamos coisas palpáveis.

    “Se enxergássemos as coisas simples como são, também nos maravilharíamos diante de tudo”. Com certeza

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