quinta-feira, 29 de julho de 2010

ONU declara acesso à água um direito humano essencial


Matéria publicada no Estadão

O acesso à água potável e ao saneamento básico é um direito humano essencial, declarou a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em uma votação realizada hoje na sede da entidade em Nova York e que espelha a preocupação com a situação de quase 900 milhões de pessoas em todo o mundo sem acesso a fontes de água limpa. A decisão foi tomada por 122 votos a favor e 41 abstenções, informa a ONU em sua página na internet. Não houve nenhum voto contra a declaração, apesar de 29 países terem se ausentado da votação.O Brasil votou a favor da resolução. Em sua intervenção, a representante permanente do Brasil na ONU, Maria Luiza Ribeiro Viotti, declarou que o direito à água potável e ao saneamento básico está intrinsecamente ligado aos direitos à vida, à saúde, à alimentação e à habitação.


De acordo com ela, é responsabilidade dos Estados assegurar esses direitos a todos os seus cidadãos e o Brasil tem trabalhado dentro e fora de suas fronteira para promover o acesso à água e ao saneamento básico, especialmente entre as comunidades de baixa renda.


O texto da resolução manifesta profunda preocupação com o fato de 884 milhões de pessoas em todo o mundo não terem acesso a fontes confiáveis de água potável e de mais de 2,6 bilhões não disporem de saneamento básico.


Estudos também indicam que cerca de 1,5 milhão de crianças menores de cinco anos morrem e 443 milhões de aulas são perdidas todos os anos no planeta por conta de doenças relacionadas à potabilidade da água e à precariedade dos serviços de saneamento básico.


Pela resolução aprovada hoje pela Assembleia Geral da ONU, composta por 192 países, Catarina de Albuquerque, especialista independente da ONU em direitos humanos, terá de incluir em seu relatório anual sobre o tema a situação do acesso à água potável e ao saneamento básico. As análises se concentrarão nos desafios a serem superados para que haja direito universal à água e aos serviços de saneamento e no progresso dos países rumo ao cumprimento das Metas do Milênio.

sábado, 24 de julho de 2010

Violência ou Insegurança?


Leandro Altheman


Para quem veio de São Paulo, uma das cidades mais violentas do país, ás vezes soa estranho quando falam sobre a violência em Cruzeiro do Sul. Uma das figuras que costumo usar era do tempo em que eu saia para comprar pão e deixava o carros estacionado do outro lado da rua, com o motor ligado. Nunca fui assaltado. Em São Paulo, me levaram 4 carros em 6 anos.

Não quero com isso, minimizar o sentimento das pessoas de que a violência esteja aumentando. Mas será que está mesmo?

Trabalhei durante quatro anos divulgando as notas policiais no rádio. Nestes quatro anos, os casos de violência foram em 90% das vezes, agressões cometidas com arma branca em situações de bebedeira, combinado ou não ao uso indevido de drogas e aqueles casos que costumávamos chamar de "problemas chifrários". Crimes como os que foram cometidos na vila São Pedro, por exemplo, chocam a população pela forma com que violência que foi cometida, mas não se pode associá-lo diretamente à questão do policiamento. Como antever um crime como este? A menos que tenhamos um dispositivo a lá "Minority Report", capaz de prever o futuro, crimes como este não podem ser evitados pela polícia.
Mais notável, contudo foi o aumento dos casos de violência cometidos em escolas e arredores, este sim, um problema digno de preocupação para autoridades não apenas policiais, mas também de ensino.

O fato é que a polícia tem aumentado tanto seu efetivo quanto sua atuação. A Policia Federal realizou inúmeras apreensões de drogas, desbaratou quadrilhas e tem dificultado a vida dos traficantes. Hoje contamos com 6 delegados, depois de anos em que tivemos apenas 1 único delegado para cuidar de todo vale do Juruá. A Policia Militar também aumentou seu efetivo, principalmente depois da criaçaõ do IAPEN, que liberou policiais da carceragem para outros trabalhos.

Mas por que então cresce a sensação de insegurança em alguns bairros?

A reunião convocada pela Associação de Moradores da Várzea me fez refletir que existe uma grande diferença entre a violência e a sensação de insegurança. Ainda que a violência seja "pequena" se copmparada com outros centros urbanos, a sensação de insegurança tem crescido nos bairros. Esta sensação é proporcional ao aumento das grades nas residências. As "pessoas de bem" deixam de frequentar as praças, ruas e espaços públicos dos bairros que passam a ser pontos de encontro de usuários de droga, arruaceiros e afins. Não é necessario um grande número de ocorrências para que os moradores deste bairro passem a conviver com a incômoda sensação de insegurança. É algo com que tive que conviver no período em que vivi em SP. Uma sensação horrível de opressão e de perda de liberdade. Por isso, na reunião da Váreza, me pareceu que autoridades policiais e população falavam línguas diferentes. Enquanto a polícia mostrava números, mostrando que as ocorências graves vêem diminuindo, a população retrucava, não com dados, mas com uma espécie de revolta justificada pela crescente perda de liberdade. São pessoas, que diferente de mim, tiveram a oportunidade de jogar bola nas ruas de seu bairro, frequentar os cultos e missas noturnos em suas igrejas, bater papo até tarde da noite, sem serem incomodados, e o que incomoda de fato é perceber que nada mais disso é possível.

Ainda que os comunitários apontem como solução uma maior presença policial nas ruas e esquinas, pessoalmente não acredito que seja esta a melhor resposta.

Acredito que a sociedade deva retomar os espaços públicos, com esportes e atividades culturais e de lazer.Uma solução já apontada pela própria juventude durante os encontros sobre segurança e cidadania do ano passado. Isto pode ajudar a devolver a sensação de segurança aos bairros e mais do que isso, fazer com que novamente possamos sentir que somos os "donos do pedaço", retomando o espaço que nos foi tirado pelas drogas e pela violência.


quinta-feira, 22 de julho de 2010

Embaixada da Venezuela responde ao Estadão


A carta do embaixador da Venezuela ao Estadão:


A O Estado de S.Paulo

Sr. Ruy Mesquita — diretor de Opinião
Sr. Antonio Carlos Pereira — editor responsável de Opinião
Sr. Ricardo Gandour — editor de Conteúdo

Senhores,

É com grande preocupação e mal-estar que a República Bolivariana da Venezuela, por meio de seu Embaixador no Brasil, dirige-se a esse jornal, de reconhecidas qualidade e tradição entre os veículos da imprensa brasileira. E a razão não é outra senão nossa surpresa e indignação com os termos e o tom de que sua edição de hoje (20/07/10) lança mão para atacar o presidente de um país com o qual o Brasil e os brasileiros mantêm relações do mais alto nível e qualidade.

O respeito à plena liberdade de imprensa e de expressão é cláusula pétrea de nossa Constituição e valor orientador do governo de nosso país. A estas diretrizes, no entanto, cremos que devam sempre estar associadas a lhaneza na referência a autoridades constituídas ­– democraticamente eleitas — e a plena divulgação de todos os fatos associados a uma cobertura jornalística.

Cremos descabido que um jornal como “O Estado de S.Paulo” se refira ao presidente Hugo Chávez, eleito e reeleito pelo voto livre da maioria dos venezuelanos, com o uso de termos e expressões como ”lúgubre circo de Chávez”, “autocrata”, “protoditador”, “circo chavista”, “caudilho”, “lúgubre picadeiro”, “costumeira ferocidade”, “rugiu”, “toque verdadeiramente circense da ofensiva chavista – no gênero grand guignol”.
Mais graves ainda são a distorção e ocultação de informações que maculam os textos hoje publicados.

O presidente Hugo Chávez nunca “atropelou” a Constituição Bolivariana, instituída por Assembleia Nacional e referendada em plebiscito. Ao contrário, submeteu-se, inclusive, a referendo revogatório de seu próprio mandato, prática democrática avançada que pouquíssimos países do mundo têm o orgulho de praticar.

O editorial omite que o cardeal Jorge Savino já foi convocado pela Assembleia Nacional para apresentar provas de sua campanha difamatória frente aos deputados — também democraticamente eleitos –, mas o mesmo rechaçou a convocação. Prefere manter suas acusações deletérias a apresentar aos venezuelanos e à opinião pública internacional os fatos que lastreariam suas seguidas diatribes.

Outros trechos do texto só podem ser lidos como clara campanha de acobertamento de um terrorista, como o é, comprovadamente, Alejandro Peña Esclusa: “O advogado de Esclusa assegura que o material foi plantado pelos policiais que invadiram a casa de seu cliente –- considerando o retrospecto, uma acusação mais do que plausível” (grifo nosso)

Esclusa foi preso em sua residência em posse de explosivos, detonadores e munição, após ter sido denunciado, em depoimento à polícia, pelo terrorista confesso Francisco Chávez Abarca –- este criminoso, classificado com o alerta vermelho da Interpol, foi preso em solo venezuelano quando dirigia operação de terror, visando desestabilizar o processo eleitoral de setembro deste ano.

A prisão de Esclusa ocorreu de forma pacífica, com colaboração de sua família, e segue os ritos jurídicos normais: ele tem advogado constituído, direito a ampla defesa e será julgado culpado ou inocente de acordo com o entendimento da Justiça, poder independente de influência governamental ou partidária, assim como no Brasil.

Inadmissível seria o governo da Venezuela ter permitido que um terrorista ceifasse vidas e pusesse em risco a democracia, que nos esforçamos arduamente para defender, ampliar e aprimorar em nosso país, assim como o fazem, no Brasil, os brasileiros.

O “Estado de S.Paulo” tem pleno conhecimento desses fatos, tendo inclusive recebido, em 14/07/10 a Nota de Esclarecimento desta Embaixada, a respeito do desbaratamento da operação terrorista internacional que estava em curso (cópia anexa). O responsável pela editoria Internacional, Roberto Lameirinhas, inclusive confirmou seu recebimento à nossa assessoria de comunicação.

Daí manifestarmos nossa estranheza com a reiterada negativa do jornal em dar tais informações a seus leitores. E ainda tomando como verdade declarações do advogado do referido terrorista.

Temos certeza que os senhores não desconhecem, até pela história recente do Brasil, o quão frágil pode ser a liberdade diante do autoritarismo tirano da intolerância e do uso do terror como método de ação política.

Reafirmamos que não nos cabe emitir qualquer juízo de valor sobre as opiniões político-ideológicas do jornal dirigido por V. Sas., por mais que delas discordemos. O que nos leva a enviar-lhes esta correspondência é, tão somente, a solicitação de que se mantenha a veracidade jornalística e o respeito que se deve sempre às pessoas, sejam ou não autoridades constituídas, mesmo quando o jornal as considere, de moto próprio, como seus inimigos ou desafetos.

Esta Embaixada permanece à disposição do jornal e de seus leitores, para esclarecimentos adicionais sobre quaisquer dos assuntos supracitados, bem como de novos temas julgados pertinentes e reivindica, formalmente, a publicação da presente carta, com o mesmo destaque dado ao editorial de hoje, intitulado “O lúgubre circo de Chávez”, publicado à página A3.

Atenciosamente,
Maximilien Arvelaiz
Embaixador da República Bolivariana da Venezuela no Brasil
Brasília, DF

terça-feira, 20 de julho de 2010

Serra quer instalar República Midiática


Gilson Caroni *

Publicado originalmente no Portal Vermelho

O processo eleitoral deste ano constitui um momento privilegiado no movimento político global da política brasileira. Uma significativa vitória das forças governistas, com a eleição de executivos e parlamentares do campo democrático-popular, pode ampliar espaços político-administrativos que continuem realizando o aprofundamento de formas participativas de gestão pública. É contra isso, em oposição virulenta a mecanismos institucionais que aperfeiçoem a democratização da vida nacional, que se voltam às principais corporações midiáticas e seus denodados funcionários.

Sem nenhuma atualização dos métodos utilizados em 1954 contra Getúlio Vargas e, dez anos depois, no golpe de Estado que depôs Jango, a grande imprensa aponta sua artilharia para os atores que procuram romper a tradição brasileira de definir e encaminhar as questões políticas de forma elitista e autoritária. Jornalistas, radialistas e apresentadores de programas televisivos, sem qualquer pudor, tentam arregimentar as classes médias para um golpe branco contra a candidatura de Dilma Rousseff. Para tal objetivo, além do recorrente terrorismo semântico, as oficinas de consenso contam com alguns ministros do TSE e uma vice-procuradora pautada sob medida.

A campanha de oposição ao governo utiliza uma linguagem radical e alarmista, que mistura denúncias contra falsos dossiês, corrupção governamental, uso da máquina pública no processo eleitoral, supostas teses que fragilizariam a propriedade privada em benefício de invasões, além do ”controle social da mídia em prejuízo da liberdade de imprensa”. Temos a reedição da retórica do medo que já rendeu dividendos às classes dominantes. Em escala nacional, os índices disponíveis de percepção do eleitorado assinalam que dificilmente os recursos empregados conseguirão legitimar uma investida golpista. Mas não convém baixar a guarda.

Se tudo isso é um sinal de incapacidade do bloco oposicionista para resolver seus mais imediatos e elementares problemas de sobrevivência política, a inquietação das verdadeiras classes dominantes (grande capital, latifúndio e proprietários de corporações midiáticas) estimula pescadores de águas turvas, vitalizando sugestões que comprometam a normalidade do processo eleitoral. Todas as forças democráticas e populares devem recusar clara e firmemente qualquer tentativa perturbadora. Sugestões desestabilizadoras, venham de onde vierem, têm um objetivo inequívoco: impedir o avanço rumo a uma democracia ampliada.

É nesse contexto que devem ser vistos os movimentos do campo jornalístico. Apesar do recuo do governo na terceira edição do Programa Nacional dos Direitos Humanos, a simples realização da Confecom foi um golpe duro para os projetos da grande mídia. A democratização dos meios de comunicação de massa está inserida na agenda de praticamente todos os movimentos sociais.

A concentração das iniciativas culturais e informativas em mãos da classe dominante, que decide unilateralmente o que vai e o que não vai ser divulgado no país, está ameaçada não apenas por novas tecnologias, mas por uma consciência cidadã que conheceu consideráveis avanços nos dois mandatos do presidente Lula. Tem dias contados a sujeição cultural da população em seu conjunto, transformada em público espectador e consumidor. Como podemos ver, não faltam razões para o desespero das famílias Civita, Marinho, Mesquita e Frias.

Ao levantarem a cortina de fumaça da “República Sindicalista", em um claro exercício do "duplipensar" orwelliano, os funcionários do baronato ameaçado reescrevem notícias antigas para que elas não contradigam as diretivas de hoje. Um olhar ao Brasil atual mostrará que o “duplipensamento" tem uma função clara até outubro: eleger José Serra para assegurar a instalação de uma República Midiática, onde os três poderes seriam editados ao sabor dos ditames do mercado e do espetáculo. Esse é o programa de governo que Serra ainda não apresentou. Há divergências na produção artística.

* Gilson Caroni é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Pirotecnia X Retaliação


Por trás da Notícia

Se você já está cansado de ouvire falar sobre a questão do gás, não leia esta postagem!
Vou tentar ser breve, mas cabe também ao profissional de imprensa, enxergar os fatos por trás da notícia.
Fato1: O MP apenas faz cumprir o que está na resolução da ANP para a venda de gás.

Fato 2: Não é necessário o fim das gaiolas, apenas que elas se adequem ao quer é determinado pela resolução 15.514 da ANP.

Fato 3: Quem determina a retirada das botijas nas gaiolas é a empresa respionsavel pela distribuição

Fato 4: Ainda não há estrutura de distribuiçao capaz de susbtituir, de imediato, o sistema de venda em gaiolas.

Por esta razão há quem caraterize a ação da empresa distribuidora como "retaliação" ao MP. Pode até ser.
Agora eu pergunto: Como poderia reagir alguém que é preso com uma aparato policial digno de Fernandinho Beira-Mar? Se a prisão se deu por conta da distribuiçãod e gás, alguiém que não queira passar pelo mesmo constrangimento, tomaria rapidamente a mesma decisão.

É a retaliação à "pirotecnia". E que diga-se de passagem, também precisa de aval do Corpo de Bombeiros.


quarta-feira, 14 de julho de 2010

Banco é interditado por demora no atendimento. E daí?


Leandro Altheman

Uma agência do Banco do Brasil na Bahia foi interditado por descumprimento da chamada lei

dos 15 minutos que obriga as agencias bancárias a atender os clientes neste prazo. A interdição foi comandada pelo prefeito de Salvador João Henrique Carneiro, do PMDB. Uma lei municipal aprovada pela Câmara de Vereadores de Salvador estabelece que o prazo máximo para atendimento de 15 minutos em dias normais e 30 minutos em dias posteriores a feriados. O prazo começa a contar a partir do momento em que o cliente passa pela porta giratória. Como forma de fiscalizar o cumprimento da lei os bancos são obrigados a emitirem senhas com a hora em que foram retiradas e ao serem atendidos esta mesma senha é carimbada.

E daí?

Em Cruzeiro do Sul, uma lei semelhante de autoria do vereador Zequinha Lima, do PCdoB, foi aprovada em outubro de 2007 pela Câmara de Vereadores.

Vetada inicialmente pela então prefeita Zila

Bezerra, a lei acabou sendo promulgada pela Câmara e está em vigor, portanto é lei, que as agencias bancarias mesmo em Cruzeiro do Sul a cumpram. A nossa lei municipal estabelece um prazo mais estendido. A tolerância de 30 minutos em dias normais e 45 minutos em dias de movimento intenso como por exemplo dias de pagamento. A lei obriga ainda o fornecimento de senhas com a hora da entrada no banco e o momento do atendimento, assentos especiais para idosos, gestantes e portadores de necessidades especiais.

A lei prevê uma advertência, seguido de multa de até 200 UNIFs e o cancelamento do alvará de funcionamento do banco, implicando na paralisação das atividades.

Como em Cruzeiro do sul não há PROCON a fiscalização cabe ao Ministério Público Estadual. Em Cruzeiro do Sul, nunca houve sequer uma advertência neste sentido. Somente a agência da Caixa Econômica em CZS tem hoje estrutura física para atender a esta lei.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Refresco Titânico


Mantendo a tradição do Terranauas de cá e acolá comentar filmes, o faço agora sobre a segunda versão cinematográfica para o "Fúria de Titãs". Fui fã da primeira versão, quando ainda era um menino e o menino que ainda vive em mim me disse: "pai, me leva para eu ver..."
Fui, e para mim foi um "refresco titânico" depois de uma semana pesada lidando com assuntos quentes como a questão do gás, da água, entre outros.
Tomo como fio da meada a máxima dos historiadores que dizem que é importante fazer uma leitura de um épico, a partir da atualidade. Ou seja, quando se interpreta hoje, por exemplo um clássico como Shakespeare ele estará impregnado de referências ao tempo presente e é nessas referencia que está a maior riqueza da interpretação.
O cinema de Hollywood é tão poderoso que até hoje quando se fala sobre a passagem dos hebreus pelo mar vermelho logo se pensa naqueles dois paredões de água imortalizados pelo filme "Dez Mandamentos". Embora na Bíblia não haja referencias de que tenha sido daquele jeito, esta é a visão que nos vem á mente assim que pensamos no episódio.
Por isso, Lula, Dilma, investir em cinema é tão importante quanto explorar o pré-sal. É grande parte dele que sai a visão de mundo de um povo e somente seremos independentes de fato, quando formos capazes de criar uma visão própria de mundo e transformá-la em cultura de massa. Caso contrário, continuaremos fregueses da visão alheia.
Por isso não espantou que a atual versão dos guerreiros gregos da Era do Bronze se assemelhassem a fuzileiros navais americanos.Bem, os gregos eram mesmo uns tipos meio "marines", mistos de soldados de infantaria com marinheiros.
Mas não foi isso o que mais me marcou, afora os efeitos especiais, que em excesso, tornam o filme um pouco chato, o mais interressantes são os diálogos em que gira o tema central do filme: a relação entre o homem e a divindade.
Ainda que se trate de uma sociedade politeísta, no filme podemos encontrar elementos da ideologia que o seu autor intencionou transmitir. de um lado o orgulho de uma humanidade que acredita não mais precisar do divino. Do outro um divino que se alimenta ora do amor, ora da dor dos mortais. Entre os humanos, caracteres divinos que seriam indicativos de nossa origem: amor, compaixão, coragem, caridade...
Particularmente acho as sociedades politeístas bem mais interresantes, pois permitem uma multiplicidade de visão de mundo. As religiões abrâmicas (judaismo, cristianismo e islamismo) simplficaram as coisas colocando um só deus, mas tinham que ter um antagônico, pois sem oposição não há movimento(como explicar as contradições que fazem a história?) e assim, deram a Lucífer o que antes pertencia a Hades.

Filho de um deus, Perseu realiza aquilo que o historiador Mircea Eliade descrevia como o "Mito do Eterno Retorno", uma função psicológica presente em toda a humanidade que é explicada pelo mito.
Em uma parte do filme, é retratado aquilo que os hindus denominam "Tantra", a relação divinizada entre homem e mulher. Mas para isso, ele terá antes que passar pela Medusa, uma mulher que "petrifica" o homem. Só homens podem entrar em seu templo. Bote a cabecinha para funcionar e entenderá do que se trata. Quem nunca conheceu mulheres capazes de "imobilizar" o homem? Mas a parceira tântrica de Perseu no filme é Io (ele apropria também uma semi-deusa).
Os mitos na verdade são um universo simbólico riquíssimo e não se deve procurar neles o sentido de realidade histórica, mas sim elementos conscientes e sub-conscientes capazes de nos ampliar o vocabulário de nosso auto-conhecimento.
Um assunto muito vasto, que por ora, quero somente dar uma pincelada para que meus poucos mais valiosos leitores tenham também à sua disposição peças fundamentais para a compreensaõ da realidade simbólica que nos cerca.

Ah! Só para terminar com uma blasfêmia. Ao fim do filme (e do mito), Perseu derrota o mostro marinho Kraken e montado em um cavalo alado com uma espada de luz, expulsa Hades para o mundo subterrâneo.Qualquer semelhança com São Miguel Arcanjo é mera coincidência (cala-te boca).

O perigo mora em casa

Depois de travesar os Andes duas vezes, assim como a selva peruana, passando por estradas perigosíssimas... Depois de ficar quase três meses em isolamento na floresta, topando com rastros de onça, cruzando o caminho de serpentes venenosas sem sofrer nenhum arranhão, acho que fiquei um pouco descuidado. Na verdade sempre soube: o perigo mora em casa. Muitas pessoas sentiam arrepios quando lhes contava minhas aventuras (como a vez que fiquei 12 horas perdido na montanha, à noite, ou 18 horas no cerrado), mas quantas são as pessoas que morrem em estúpidos acidentes domésticos?Não tenho estatísticas, mas acho que sejam mais comuns as mortes em acidentes domésticos, ou realizados nos trajetos entre casa, trabalho escola, do que em grandes viagens de aventura. Bem, comigo foi quase isso. minha filha de 5 anos acorda com voz doce e me pede uma ingá, depois de ela própria tentar mas desistir ao ser atacada pelas "tapibas". Ela me aponta a ingá e eu calculo que em três passos posso alcançá-la. Dou o primeiro passo e as formigas já me passam pelo corpo todo, dou o segundo passo e no terceiro, o galho verga e quebra sob meu peso. Caio de pé, sem me machucar com a queda em sí, ams durante a queda, me firo no estribo da moto. Sangue brota em profussão e corro para o banheiro para lavar o ferimento. A perda de sangue faz minha pressão cair e acabo tendo um desmaio. Bato a cabeça no chão e acordo cuspindo pedaços de dente quebrado. Menos de cinco minutos e quase me acabo.


Boa lição essa. Se os budistas estiverem certos, devemos agradecer pelos pequenos acidentes pois diminuem o carma e evitam acidentes de maior gravidade.Mas para mim é fato, o perigo não está nas estradas, montanhas e desertos: mas mora em casa.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Resposta ao Promotor

Não posso me calar diante do fato de que por pelo menos duas vezes o promotor de justiça se refere à imprensa de Cruzeiro do Sul de forma desrespeitosa, caluniosa e injuriosa ao insinuar que os profissionais do vale do Juruá atuam em favor dos poderosos.

Em primeiro lugar, é preciso o referido promotor tomar conhecimento de que muito antes de ele pisar este chão, estes mesmos profissionais vêm fazendo a defesa diária da população contra todas as grandes e pequenas injustiças que são cometidas não apenas por empresários, mas também por instituições financeiras e órgãos públicos.
Diariamente nos procuram donas-de-casa, mães,agricultores, aposentados, enfim, pessoas desvalidas de recursos financeiros para que façamos uma reportagem sobre seus problemas individuais e coletivos. O fazem, depois de procurarem defensoria ou MP repetidas vezes, sem obter a sonhada, justiça.

Em segundo, gostaria de colocar o referido promotor a par da história recente do órgão a qual faz parte e que provavelmente desconhece. Sabidamente, promotores que o antecederam já saíram de Cruzeiro do Sul com com o seu patrimônio pessoal multiplicado, por coincidência ou não isto no mesmo período em que foram arquivados processos contra políticos corruptos. Nem por isso, posso afirmar na imprensa que o “Ministério Público defende corruptos”. Se existem maus profissionais na imprensa, também o existem no MP. Com a generalização, o Sr. que é pago pelo Estado para promover a justiça, comete uma injustiça contra toda uma categoria. Uma categoria que não tem as mesmas prerrogativas e direitos que a sua, mas que tem tanta dignidade quanto.
Um outro ponto é que, ao contrário do que muitos pensam, o Vale do Juruá não é um faroeste caboclo, uma terra sem lei, esperando por um herói salvador que venha trazer os benefícios da civilização. Pelo contrário, nossa história é construída diariamente por grandes e pequenos heróis que lutam nestas terras muita antes de eu, ou você, aparecerem por aqui. São heróis agricultores, donas-de-casa, professores, pescadores e até empresários que o senhor insiste em tratar como bandidos. Mais uma vez não cabe aqui a generalização de classe, bons e maus profissionais existem em todas as categorias.
Não tenho a menor sombra de dúvida de que o promotor toma as ações, por vezes impopulares, movido por um desejo sincero de promover a justiça. Mas a experiência mostra que não basta estar imbuído de boas intenções e aplicar a lei de maneira “salomônica” para se obter de fato, a justiça a que todos almejamos.
É preciso, não apenas conhecer a realidade, mas se impregnar dela. Algo que cômodos gabinetes com ar condicionado não podem proporcionar.

Leandro Altheman Lopes
Jornalista
DRT 29/AC

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Partida entre Náuas e Pucallpa promove a integração através do esporte


Leandro Altheman

No início eram os tomates. Depois de uma relação tímida entre os setores empresariais do Juruá e do Ucayally, a integração segue a passos largos integrando agora as universidades do Brasil e do Peru. Agora, é o esporte que cumpre a tarefa de contribuir com a integração dos dois países via Cruzeiro do Sul e Vale do Juruá.
Juntamente com a equipe L’hospital de Pucallpa desembarcou também no Aeroporto Internacional de Cruzeiro do Sul, o governador de Ucayalli Jorge Velasquez. O governador lembrou a ocasião em que o presidente Lula inaugurou o aeroporto e que esteve presente a convite da Assembléia Legislativa do Acre e do Governo do Estado. Jorge Velasquez falou sobre a perspectiva cada vez mais real de integração entre os dois países, e sobre o sonho da construção de uma rodovia ligando Cruzeiro do Sul a Pucallpa.

O verdadeiro "pai dos genéricos"


... seu nome:

Jamil Haddad

A bem da verdade, a chegada dos genéricos deu-se com o decreto-lei 793, de 1993, do então ministro da Saúde, Jamil Haddad, que seguia orientação da OMS.

clique aqui para conhecer a história de verdade




quarta-feira, 7 de julho de 2010

Pesquisador amador é autor de descoberta em Rondônia


Geoglifos do Jaguar podem estar relacionados com os encontrados no Acre


Leandro Altheman

Em Rondônia, o especialista em georreferenciamento e pesquisador amador, Joaquim Cunha da Silva revela ao mundo a mais recente descoberta em termos de civilizações antigas. O geoglifo dos dois jaguares, como foi batizado, somente pode ser visto através de sobrevôo. Seu descobridor relaciona o geoglifo aos mesmos que foram encontrados quase que acidentalmente pelo paleontólogo Alceu Ranzi no Acre. Joaquim Cunha relaciona o geoglifo dos dois jaguares e as dezenas de geoglifos do Acre. sua paixão pelo estudo das civilizações antigas o levou a conclusão de se tratar de uma grande civilização que teria habitado a região amazônica em tempos longínquos. Segundo o autor da descoberta, há referências no geoglifo que datam sua construção em 26 mil anos atrás.

Suposições a parte, o Instituto do Patrimônio Histórico (IPHAN) já deu um parecer favorável à descoberta, garantido que não se trata de um fenômeno natural e sim de uma intervenção humana no terreno que intencionalmente criou as figuras de um condor, de um puma ou jaguar e de uma serpente.

Os estudos destes novos geoglifos podem levar a uma melhor compreensão dos povos que habitaram a Amazônia Ocidental no passado.

No dia 9 de agosto de 2010, estará em Rondônia, o IPHAN, Ministério Público Federal ,Arqueólogos, Geólogos,Astronomos, Pajés Indígenas de 5 etnias, para ver os geoglifos. A idéia é tornar pública esta descoberta. Jornalistas da imprensa nacional confirmaram sua presença no evento.

Campo aberto à pesquisa e a descoberta

Se pensarmos em termos de cinco séculos de colonização européia no continente, há muito o que ser pesquisado ainda. Machu Pichu foi encontrado apenas na década de 1920 e quando ninguém mais acreditava que ainda pudessem haver cidades perdidas na Amazônia, um pesquisador amador descobriu as ruínas de Chachapoyas na selva peruana. As descobertas de Alceu Ranzi, e agora de Joaquim Cunha, podem estar dando pistas de que a Amazônia tenha sido habitada por povos com um grau avançado de tecnologia no passado.

Cruzeiro do Sul recebe Instituto Federal de Educação profissionalizante


Leandro Altheman

Já tiveram inicio as obras de construção do campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre, o IFAC. O campus está sendo construído na Estrada Velha do Aeroporto e a previsão é de que a obra seja concluída em 8 meses. O investimento do Governo Federal é da ordem de 6 milhões de reais para que Cruzeiro do Sul e o Vale do Juruá tenham acesso ao ensino profissionalizante. A área onde está sendo construído o campus foi doada pela prefeitura de Cruzeiro do Sul.
Os 70 alunos dos cursos técnicos de agropecuária e controle ambiental tiveram a sua aula inaugural nesta segunda-feira no Teatro dos Náuas. Agora os 20 professores estão em processo de montar o programa de aulas do instituto que deverá iniciar suas atividades já no prédio CEFLORA enquanto aguarda a conclusão do campus. As duas turmas de 35 alunos são apenas uma pequena semente do que pretende se tornar o IFAC no Juruá. Segundo o diretor geral do instituto em Cruzeiro do Sul o professor Nery Golinski a idéia é chegar já na primeira etapa a pelo menos 2000 alunos, ampliando ainda mais assim que as instalações estiverem concluídas./
Os institutos federais de educação substituíram os antigos sistemas de escolas técnicas presente na maioria dos estados brasileiros há 100 anos. Depois de um período em que o ensino profissionalizante foi praticamente abandonado durante os anos FHC, desde 2002 o governo federal retoma esta modalidade que prepara os jovens para o mercado de trabalho.
O próprio presidente Lula passou por uma destas escolas profissionalizantes em que aprendeu a função de torneiro mecânico. No Acre, somente desde 2009 é que o ensino profissionalizante federal começou a se instalar, já na configuração dos institutos. No vale do Juruá os cursos estarão voltados para as potencialidades da região na produção agrícola, na riqueza e diversidade ambiental e na possibilidade da exploração do eco-turismo.

Cachorros nas ruas continuam causando acidentes


Leandro Altheman

O cachorro atravessa a pista correndo. No mesmo instante vejo a motocicleta cair por cima do condutor. Imediatamente paro para socorrer a vítima. Ela grita de dor: “- a moto está em cima do meu pé!”. Com cuidado para não arrastar retiro a moto. O sangue goteja como suor pelos poros abertos pelo asfalto, nas costas, nos braços e na cintura. Asfalto quente do meio dia. Tento evitar que ela se mexa ou se desespere, mas a dor que sente é muito forte e os gritos saem quase que involuntariamente. Felizmente chega o SAMU. Ela é imobilizada e quando tentam colocá-la na maca, percebe-se que provavelmente ela fraturou o pé.
Presenciei este acidente quando vinha para a TV Juruá e percebi como estamos de fato por um triz, de escapar de um acidente destes. Especialmente em Cruzeiro do Sul, com tantos cachorros nas ruas.
O histórico recente nos conta um problema que ainda não foi solucionado. Carrocinhas, Centro de Zoonose, Ministério Público. Acho que a população toda conhece a história. Mas o fato é que o problema continua, e acidentes como este infelizmente parece que ainda serão rotina por algum tempo.
Mais tarde converso com familiares da vítima. Informam-me que ela fraturou o pé em três lugares. Terá que passar por uma cirurgia, colocar pinos e o prognóstico é que somente em três meses poderá caminhar normalmente sem auxílio de muletas. Não quero aqui apontar o dedo na direção de um culpado. Acidentes acontecem. Mas neste caso caberia uma ação indenizatória?Contra quem? Fica a pergunta no ar.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Carta Capital declara apoio à Dilma

Muito melhor, mais honesto e verdadeiro com o leitor seria se todos os meios de comunicação declarassem explicitamente a quem estão apoiando. para não ficar naquela hipocrisia da grande imprensa que ainda fica naquela balela de imparcialidade, mas faz matéria defendendo Serra com unhas e dentes.

Leia aqui o editorial da Revista Carta Capital


Yurá ikun má (não é índio de verdade)

Reproduzo aqui texto do colega Celso Jardim, para que conheçamos melhor o vice do Serra, o índio que não o é.

Tonto ao Zorro: "Mim não quer pré-sal nem pirulito"


A Folha de S.Paulo traz uma matéria neste domingo que relata os melhores momentos do vice de Serra que já atacou pré-sal e quis vetar esmola.
Indicado pelo DEM, Índio da Costa apresentou ideias e projetos polêmicos como deputado e vereador do Rio de Janeiro.
Escolhido pelo partido disse na tribuna, antes do terremoto no Haiti, "que governo parecia "beber cachaça" ao manter tropas no país.
Desconhecido até outro dia pelo presidenciável José Serra (PSDB), o vice Índio da Costa (DEM) já usou a tribuna da Câmara para discorrer contra o pré-sal e a favor da proibição de coxinhas e pirulitos em cantinas escolares.
Deputado de primeiro mandato, ele também atacou o envio de ajuda humanitária ao Haiti, antes do terremoto que devastou o país.
Índio começou a defender ideias polêmicas em seu primeiro mandato de vereador do Rio, onde foi fiel escudeiro do então prefeito César Maia.
Em 1997, apresentou projeto de lei para punir os cariocas que dão esmola a pedintes. "Fica proibido esmolar no município, para qualquer fim ou objeto", sentenciava o texto. "Quem doar esmola pagará multa a ser definida."
A proposta chegava a chamar a mendicância de "vício". Foi considerada inconstitucional e acabou numa gaveta da Câmara Municipal.
Ele também tentou proibir o comércio ambulante das ruas, o que varreria da paisagem carioca as figuras tradicionais dos vendedores de mate e biscoito de polvilho.
Num dos 130 discursos como deputado, Índio defendeu um plebiscito sobre a pena de morte, tema evitado por políticos experientes.
Afinado com o posicionismo combativo do DEM, disse (antes da tragédia) que o governo parecia "beber cachaça" ao financiar tropas no Haiti enquanto o Brasil vivia uma "guerra civil".
O deputado é fiel às orientações do partido, o que demonstra que a relatoria do projeto Ficha Limpa não foi o único trunfo para a escolha.
Na votação do pré-sal, ignorou a pressão da base fluminense e repetiu o discurso ambientalista adotado pela sigla. Já fez duras críticas a Roberto Jefferson, presidente do PTB e homem forte da chapa de Serra.
Por essas e outras condutas de Índio da Costa, já podemos imaginar o que vem por aí, o trator de Collor. Roberto Jefferson, enfiando a mão no mauricinho, cachaceiros em profusão, viciados em ajudar ao próximo, pré-sal avacalhado, e a criançada sem pirulito.

sábado, 3 de julho de 2010

Feliz 2014


Eu já chorei em 1882 quando o Brasil entrou com a melhor seleção: Zico, Socrates, Casagrande, Falcão e perdeu contra a Itália. Dizer que é só um jogo para mim só me revoltava ainda mais...Primeiro nos fazem torcer feito loucos, depois dizem que é só um jogo...
Naquele tempo, tinhamos pouca coisa a nos orgulhar do Brasil além do Futebol.

Tive a oportunidade de fazer melhor com meu filho, hoje com a mesma idade que eu tinha em 82: 8 anos.
Disse-lhe que jamais desistisse de ser brasileiro, e de torcer pelo Brasil, e de que mesmo as derrotas também nos fortalecem, nos ensinam a ser melhores no próximo. Uma lição que Lula nos ensinou muito bem e que graças a ele temos muito mais motoivos para nos orgulhar do Brasil. Sua resposta foi vestir sua camisa canarinho e jogar bolas com os amigos. Horas mais tarde, ele volta todo contente, com sua camisa amarelo suada e me diz: " Pai, não estou mais triste, fiz 7 gols". E hoje, vejo nos campos de futebol, crianças como meu filho, correndo atrás da bola. Seremos sempre o país do futebol, mas hoje, graças a este espírito de luta e persistência, presente em Lula, mas também em cada brasileiro, também somos hoje, muito mais do que isso.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Vice de Serra é Índio...


... da Costa (na verdade, mais uma almofadinha do DEM)

Mas não basta ser índio, só um pajé para salvar a candidatura Serra. Felizmente eles estão do nosso lado...

Índios Yawanawá se sentem ameaçados com projeto madeireiro do Ratinho

Dulcinéia Azevedo, do jornal A Gazeta
Qui, 01 de Julho de 2010 08:28

Em carta enviada ao governador os índios alegam que não têm conhecimento da realização de estudos de impacto ambiental

Líderes das sete aldeias do povo Yawanawá da Terra Indígena do Rio Gregório, localizada na região entre Tarauacá e Cruzeiro do Sul, na BR-364, encaminharam carta ao governador Binho Marques (PT) cobrando esclarecimentos acerca da licença ambiental concedida a um grupo ligado ao apresentador Carlos Massa, o Ratinho, para a exploração de 150 mil hectares de floresta nativa no Acre.

"[...] estamos nos sentindo ameaçados com o projeto madeireiro do Ratinho no entorno de nossa terra indígena, que, junto com a pavimentação da BR-364, vai afetar direta e indiretamente todo o nosso povo Yawanawa. Ficamos ainda mais preocupados com o apoio efetivo que o Governo da Floresta vem dando para implementar e consolidar um projeto madeireiro dessa magnitude nas vizinhanças de nosso território", diz um dos trechos da carta.

O projeto de manejo florestal será desenvolvido na Fazenda Radam - antiga Paranacre - localizada no município de Tarauacá (distante 400 km da Capital) e inclui a instalação de uma indústria de beneficiamento de madeira na região. Na carta, os índios alegam que não têm conhecimento da realização de estudos de impacto ambiental para saber os possíveis danos que a atividade pode acarretará ao rio e as comunidades indígenas.

"Nesse sentido, exigimos que sejam realizados os estudos de impacto ambiental sobre essa exploração madeireira na região do Rio Gregório, que nos informem de que forma esta atividade predatória irá afetar diretamente ou indiretamente nossas comunidades", cobram.

As lideranças indígenas reivindicam também acesso ao documento de licença ambiental que permite a exploração de madeira na região. Em outro trecho da carta, solicitam o "imediato pagamento das indenizações das benfeitorias dos antigos moradores brancos da TI Rio Gregório". Segundo os índios, apesar da terra ter sido demarcada há mais de dois anos, até hoje os ribeirinhos não receberam as indenizações devidas.

A carta enviada ao governo é fruto de uma reunião de a avaliação, realizada no dia 11 de junho desse ano, com a presença de lideranças de todas as aldeias localizadas no Rio Grego. Na ocasião, foram tratados assuntos como organização e representação política, bem as parcerias com organizações governamentais e não-governamentais.

"Em nossa avaliação, temos sido um grande parceiro deste governo e temos feito de tudo para respeitar e esperar um apoio significativo para nosso povo, no entanto, estamos vendo chegar o final deste terceiro mandato da Frente Popular do Acre e o seu governo pouco ou quase nada de significativo tem feito para ajudar concretamente as nossas comunidades indígenas", lamentam.

BLOQUEIO DA BR-364 - O documento traz a assinatura dos lideres indígenas Joaquim Tashka Yawanawa e Mariazinha Naiweni Yawanawa, conhecidos pelo trabalho desenvolvido em prol da comunidade indígena. Os índios contam com o apoio dos ribeirinhos que vivem na região e ameaçam bloquear a BR-364, a partir desta quinta-feira, 1º de julho, caso medidas não sejam adotadas pelo governo.

Estão roubando água da Amazônia?


A noticia circulou na internet e como o boato é na maioria das vezes mais forte que a verdade, ganhou rapidamente espaço na mídia virtual. Lúcio Flávio Pinto é colunista do Yahoo.


A visagem e a verdade

Lucio Flavio Pinto

A advogada Ilma Barcelos, da OAB do Espírito Santo, recolocou em circulação uma das denúncias que constantemente vai e volta, sem perder ímpeto nem ganhar credibilidade: de que navios estrangeiros estariam roubando água na Amazônia. Segundo ela, cada navio carregaria em seus porões 250 milhões de litros por viagem. Essa água seria comercializada na Europa e no Oriente Médio.

Em minha primeira coluna neste espaço, tentei mostrar que essa pirataria ainda é fantasia. Principalmente porque não é econômica. Várias autoridades seguiram raciocínios idênticos ao serem questionadas sobre a denúncia. O porta-voz da Marinha garantiu que a água captada pelos navios é autorizada por convenção internacional e praticada em todos os países. Serve de lastro para que as embarcações tenham segurança em sua navegação. Assegurou que jamais o governo recebeu denúncia concreta sobre práticas ilícitas desse carregamento.


Já a Agência Nacional de Águas (ANA) recorreu aos argumentos econômicos para desmentir a prática de hidropirataria. Seu representante alegou não ser viável como negócio: o custo do frete da água levada da Amazônia para a Europa ou o Oriente Médio e do seu tratamento seria de três a cinco vezes superior ao custo da dessalinização da água usada em Israel ou na Arábia Saudita, onde o processo é utilizado. Ainda que o Brasil legalizasse e autorizasse os navios a levarem a água de graça, o custo do transporte e beneficiamento tornaria inviável a operação.

Há ainda um detalhe técnico relevante: 250 milhões de litros representam uma quantidade pequena de água bruta (ainda não potável) para venda, mas constituem volume expressivo para um navio. É tonelagem muito superior à dos cargueiros que costumam operar na bacia amazônica.

A advogada Ilma Barcelos desdenhou das explicações. Para ela, a hidropirataria só não se comprova porque a fiscalização dos órgãos públicos é falha. Está disposta a contribuir para comprovar o que disse: vai formalizar uma denúncia à Marinha. Disse para a imprensa que já tinha “certeza absoluta que essas questões seriam negadas porque ninguém vai assumir que é incompetente em algum órgão”.

Como a denúncia repercutiu, circulando por redes na internet (não pela primeira vez e certamente não pela última), o deputado Lupércio Ramos (PMDB-AM) pediu a realização de audiência pública na Câmara Federal para tratar da questão. Também cobrou dos órgãos de defesa e de segurança a ampliação do sistema de fiscalização na Amazônia. “O país precisa começar a discutir o direito de uso da água. Nós devemos estar em alerta em relação à Amazônia, porque temos lá um patrimônio extraordinário”, justificou o parlamentar.

Para bem administrar esse patrimônio, porém, é preciso inventariá-lo, classificá-lo e usá-lo de forma correta, o que pressupõe conhecimento de causa. Aí é que mora o problema. A Amazônia é um tema tão universal quanto o futebol. Todos acham que entendem dela e dão seus palpites como se fossem a expressão absoluta da verdade. O contencioso amazônico é uma reunião de barbaridades.

É evidente, ao mais elementar iniciado em questões amazônicas, que não há a pirataria apontada pela advogada capixaba. Simplesmente porque ainda não dá lucro praticá-la. E porque, para colocá-la em curso, são requeridos providências e procedimentos que ninguém ainda identificou. Há irregularidades na navegação amazônica e ela é pessimamente fiscalizada. Mas a hidropirataria é um hidromito, ao menos por ora, como observou com sarcasmo o representante da ANA.

O brasileiro tem como seu patrimônio a maior bacia hidrográfica do planeta e o dilapida todos os dias na Amazônia. É um bem que atrai o interesse mundial, mas para outros fins, não como fonte de água potável – ou ainda não. Há um negócio muito mais atrativo, um dos mais rentáveis nos últimos anos em qualquer parte: a água engarrafada.

Ela é apresentada como se fosse água mineral, mas na maioria dos casos ou vem da rede pública ou de drenagens superficiais (não de uma fonte de água pura). Esta é uma autêntica pirataria, que rende bilhões de dólares de super-lucros indevidos. E é praticada à vista de todos sem provocar o impacto das denúncias da advogada capixaba.

Histórias chocantes e sensacionalistas, mesmo quando usadas como inspiração para defender a Amazônia, têm um efeito nocivo, principalmente por desviar a atenção do real para fantasias. Em 1976 um cientista denunciou que a Volkswagen havia posto fogo em um milhão de hectares na fazenda que possuía no sul do Pará. O incêndio havia sido detectado pelo satélite americano Skylab, o maior já registrado pelo homem.

A queimada era, na verdade, de 10 mil hectares, 100 vezes menor. Todos se desinteressaram pelo caso. Ainda assim, era a maior queimada feita em uma única temporada de fogo na Amazônia. A boa intenção do denunciante teve efeito reverso ao pretendido. O exagero foi o boi de piranha para a Volks desviar sua manada para longe da atenção da opinião pública.

Pouco depois surgiu a história de que submarinos emergiam à noite na sede do Projeto Jari, do milionário americano Daniel Ludwig, no Pará, para carregar ouro e minerais estratégicos. Muita gente acreditou e até um senador exigiu todo um aparato de segurança nacional do governo militar para ir a Monte Dourado verificar essas e outras denúncias.

Se esses submarinos conseguissem navegar pelas águas barrentas do Amazonas, evitando as toras de madeira que ele arrasta na época de cheias, até que seria um troféu justo ficarem com o ouro e os demais minérios. Um submarino cabe melhor numa fábula, porque fica escondido debaixo d’água. O problema é o outro lado do enredo. Um navio de carga faria um serviço muito melhor e mais econômico. Mas não se encaixaria na fantasia.

Também se dizia que, no meio do minério de ferro da Serra dos Carajás, as multinacionais estariam levando ouro ou urânio. Ferro se mede por milhões de toneladas para ser comercial. Ouro, em gramas. Urânio, em quilos. Um processo que permitisse separar ouro e urânio na extração de ferro seria uma revolução tecnológica.

Aos exploradores dos recursos naturais de Carajás, no Pará, basta o minério de ferro, o melhor que existe na crosta terrestre. Transportado, à razão de 90 milhões de toneladas anuais (volume que dobrará até o meio da década), para a Ásia e a Europa pelo maior trem de carga do mundo, em nove viagens diárias, é um autêntico negócio da China (para a China). Sem qualquer vestígio de outro bem.

Há muita pirataria e ilegalidade na Amazônia. Haveria muito menos se houvesse melhor fiscalização. Mais importante seria se houvesse melhor conhecimento, maior valorização do homem, mais retenção de suas riquezas em proveito de quem a habita. Valorizado, o amazônida cuidaria de separar o joio do trigo.

Ao invés de enfrentar fantasmas ao meio-dia ou zanzar atrás de bruxas circulando com vassouras pelo espaço, ele submeteria cada questão ao teste de consistência e à prova da verdade. Com a lição aprendida, talvez se colocasse em condições de escrever uma história melhor para a região. Sem fantasmagorias, mas também sem exploração

Comentário meu:
O roubo de água é claramente uma fantasia, mas a preocupação da sociedade nacional com o tema é louvável. A imprensa deveria contribuir para que as pessoas do restante do Brasil tivessem uma visão mais clara e menos sensacionalista sobre a Amazônia.