terça-feira, 2 de novembro de 2010

Minas Gerais vive situação política análoga ao Acre


Leandro Altheman

Apesar de eleger um governador e dois senadores do bloco político liderado pelo PSDB, em Minas Gerais, José Serra acabou sendo derrotado nas urnas pela candidata Dilma Roussef, por cerca de 2 milhões de votos.

De muito pouco adiantou a entrada em cena de Aécio Neves, retratado na capa da revista Veja, como aquele capaz de “mover a montanha”. Agora, tucanos mineiros e paulistas trocam acusações sobre a derrota. De um lado os tucanos mineiros ainda que não assumam abertamente, sugerem que se Aécio tivesse sido o candidato, teria tido maiores chances de vitória. Já o tucanato paulista vê em Aécio um aliado que não teria se dedicado com o afinco suficiente pela eleição de José Serra. A primeira bicada partiu do ninho paulista, a partir do coordenador de campanha de José Serra, Xico Graziano que em seu Twiter questionou a derrota sofrida em Minas Gerais. O troco do lado mineiro veio do presidente do PSDB, Nárcio Rodrigues: “se alguém estiver insatisfeito que vá se queixar ao bispo.”

Mas as analogias não param por aí. Hoje Acre e Minas contam com os mais fortes presidenciáveis para 2014. Dentro do PSDB todos sabem que Aécio seria o nome mais forte para a próxima disputa, mas o anúncio de José Serra que deseja continuar concorrendo à presidência pode corroer ainda mais as relações internas do PSDB.

O Acre tem a sua filha mais ilustre. Marina Silva foi até hoje aquela que em terceiro lugar em uma disputa, obteve o maior número de votos superando nomes de expressão nacional, como Ciro Gomes e Brizola, por exemplo. Um feito ainda mais notável se levarmos em conta o diminuto espaço do PV no horário eleitoral.

Nos dois casos, Acre e Minas, a questão partidária pode ser nó na provável candidatura de quaisquer um dos presidenciáveis. Como ficará o PV acreano na composição do novo governo da FPA? Como Aécio e os tucanos mineiros vão se viabilizar dentro do PSDB comandado pelos paulistas? Há sempre a porta aberta do PMBD, que poderia cair nas graças da nova presidenta, mudando completamente o cenário.

Mas talvez nos dois estados a resposta para o enigma esteja além das configurações políticas mais imediatas. Parte do resultado, tanto no Acre, quanto em Minas Gerais se explica também pela própria configuração política do eleitorado. Ou seja, apesar de aprovar o PT pelo quarto mandato consecutivo, ainda é um eleitorado conservador, que teme mudanças e que por isso mesmo continua referendando a FPA. Não adianta também o PSDB acreano achar que estes votos foram para o seu “projeto” político. Projeto que aliás, nem ficou claro durante a campanha (desmatamento zero?) É mais um voto contra o que representa o PT do que um voto em favor José Serra.

Em Minas, talvez muito possa ser explicado também pela velha disputa da “República do Café com Leite” quando São Paulo e Minas Gerais se alternavam no poder. Quando a oligarquia paulista se sentiu forte o bastante para tocar sozinha a política nacional, romperam-se as alianças a “República do Café-com Leite” chegou ao fim, dando início a uma nova era na política nacional. Uma história que se repete até hoje dentro do ninho tucano.

Que a comparação possa talvez servir de consolo, mas não de acomodação. É urgente a necessidade de uma auto-avaliação dentro da FPA, e para que de fato sejam estes os líderes que venham a conduzir o Acre para a era de grande transformação que se anuncia para todo país, com a eleição de Dilma Roussef.

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