sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Samakãe


Estimados leitores estarei fora da "blogosfera" por cerca de 10 dias, para mais um período de isolamento e formação.

No dia 2 de fevereiro completo meu 1 ano de Samakãe. Não é fácil, viver numa espécie de isolamento interior, pois ainda que no meu dia-a-dia seja uma pessoa pública, a minha vida particular converteu-se em sólida solidão. O bom disso tudo é que durante o samakãe começei a perceber que muitas barreiras e abismos são pura ilusão, pura construção da mente e que quem tem propósito de verdade chega aonde quer. Dificil às vezes é saber de verdade colocar o brilho do nosso olhar neste propósito maior e acabamos nos apegando ao brilho fácil e passageiro de ilusões sedutoras, que muitas vezes, mesmo quando são socialmente aceitas como família e emprego, por exemplo, nem sempre nos trazem felicidade de verdade, realização e plenitude.

O lado "ruim" se é que podemos dizer assim é que tudo fica muito à flor da pele. Há muita intensidade em tudo pois as barreiras já foram quebradas e estamos agora de certa forma, nus diante do mundo, do tempo e do espaço. As poucas pessoas que de alguma maneira foi permitido penetrar neste círculo mais sagrado, talvez não compreendam o turbilhão de sentimentos intensos que se vive quando se está dentro do olho do furacão. E para estes talvez eu possa até ter parecido um pouco exagerado. Mas acostumei-me ma ser assim e prefiro isso àquela coisa morna e sem sal que às vezes toma de conta da vida. Além disso, tudo o que acontece ecoa no pensamento por dias e dias, sem nada para anestesiar. Durma com um barulho desses!

Vivendo com os Yawanawá, aprendendo suas tradições e as traduzindo para o contexto de meu universo particular, aprendi a denominar de Shavorã a esta presença feminina que anima a existência. Na psicologia de Jung há um conceito parecido, o de ânima. Os gregos falam das musas. Shavorã é uma maneira poética de se referir à mulher. Mas não a qualquer mulher. Só existe uma Shavorã para cada um. Shavorã é aquela que anima os sonhos, que é a inspiração para a música, a arte e a poesia, enfim, para a vida e sorte daquele que consegue ter o olhar em sua Shavorã.
Shavorã também é mais do que uma mulher. É uma presença espiritual que por vezes pode se manifestar apenas em sonhos (Namá Shahu) ou através de uma mulher real.

Aprendi muito neste período e tenho certeza que sou um homem melhor do que era quando começei. Depois de viver com muito pouco ou quase nada, é muito dificil se ver refém novamente do que quer que seja ou ter medo de qualquer coisa. E me dei conta de como às vezes deixei de ser feliz por temer barreiras e abismos que na realidade nem sequer existiam a não ser na mente.

Só o que não pude nunca mais foi esquecer aonde está o brilho do meu olhar.

Oroya


Às vezes não é tão grande a distância que nos separa, mas é a profundidade do abismo que nos assusta.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Tron é Matrix ao avesso

Sei que é filme para crianças e adolescentes mas como a maioria dos vizinhos de meu bairro, na década de 80 eu era um menino viciado em vídeo games que possuía um Atari e gastava sempre um bom par de horas diárias manipulando o meu Joystic (eu não resisto ao duplo sentido, mas esse outro controle eu só vim aprender a manipular mais tarde). -Por isso é bom ter um filho, a gente sempre pode se deliciar com porcarias e fazer de conta que é por causa deles.- Quem vivia este mundinho limitado, mas ainda assim, fascinante dos jogos de computador da época pré-histórica, certamente fascinou-se com o filme Tron: uma Odisséia Eletrônica.

Hoje assistindo a pequenos trechos no You Tube, dá para ter uma idéia da tosqueira que era o negócio na década de 80. Mas a idéia até era interessante: “e se pudéssemos entrar dentro do universo eletrônico e participar ao vivo das batalhas de jogos e programas?”São a tais conjecturas improváveis que o cinema se põe a tentar responder e este é parte de seu fascínio.

Naquele tempo não havia internet, ou melhor, havia, mas ainda estava restrita a sistemas de segurança do pentágono no final de período da guerra fria.

O surgimento da Internet e com ela, a vida virtual em comunidades causou um grande impacto nas mentes imaginativas por trás da ficção científica. Ela é uma das poucas tecnologias que não foi prevista anteriormente pela ficção. Desde Leonardo da Vince, ou até antes desde Hierão de Alexandria, inovações tecnológicas era desenhadas por estas pessoas que se dignam a pensar o improvável.

O filme de ficção científica que marcou a década de 90, foi Matrix. Trazia a seguinte conjectura: “E se tudo que vivemos não fosse real e fizesse parte de um grande programa de computador ?” O mito da caverna de Platão reescrito em bases tecnológicas.

Tron a Matrix do avesso. Ao permitir um vislumbre do universo eletrônico, onde o que há na verdade é um reino de pura abstração, muito anterior ao surgimento dos primeiros computadores, um universo presente na mente humana desde seus primórdios, ou (e aí cabe a minha conjectura particular) talvez até este universo já exista anterior à mente humana e esteja sendo apenas acessado a medida em que a mente se aperfeiçoa.

Pós-Matrix, a nova versão de Tron agrega elementos simbólicos mais poderosos e que ainda que valha a máxima de que filmes hollywoodianos não devam ser levados muito a sério, muito me apraz contemplar a maneira de como são colocados estes elementos em meio ao show de ação e efeitos especiais.

Tron nos oferece um ponto de vista interessantíssimo, pois ao colocar o ser humano no lugar do criador de um universo eletrônico, binário, e abstrato, como de fato o somos, permite olharmos a nossas “criaturas” de um outro ângulo e portanto, abstrair daí, a nossa própria condição humana.

A idéia do Criador replicado cuja réplica se rebela em nome da “perfeição’ é uma referência óbvia à rebelião de Lucífer, enquanto o filho do criador que entra num universo que não é o sue, também se refere é claro, vocês sabem a quem. Tendo partido da unidade para a dualidade é necessário um terceiro elemento para restaurar o equilíbrio da equação. Se em Matrix o conceito de real e concreto é questionado, em Tron somos visitantes de um reino onde tudo, é pura abstração.

domingo, 23 de janeiro de 2011

São Sebastião: o erotismo por trás da santidade


Estamos em Mâncio Lima fazendo a cobertura do último dia do Novenário de São Sebastião. Não é a maior festa da cidade, uma vez que a novena de São Francisco é mais tradicional em Mâncio Lima.
Mas é interessante que o santo seja lembrado em pelo menos mais três cidades acreanas: Marechal Thamaturgo, Xapuri e Epitaciolândia. Quase todo mundo já ouviu falar a historieta do santo que fôra soldado do Império Romano e martirizado pelos arqueiros númidas (entre os melhores do mundo antigo) durante o reinado de Diocleciano.
Muita gente por aqui não sabe, mas São Sebastião foi um dos primeiros padroeiros do Brasil. Isto por que a imagem de seu corpo trespassado de flechas, remetia diretamente aos primeiros "mártires" em terras brasileiras, mortos pelo crivo das flechas dos indígenas. São Sebastião do Rio de janeiro, esse é o nome completo da mais famosa cidade brasileira. Talvez por isso também tenha sido escolhido para ser o padroeiro de M.Thaumaturgo, uma vez que uma história semelhante aconteceu naquelas bandas do rio Machadinha, e a sepultura dos mártires ainda é visitada até hoje. Bem, já os índios não erguem ídolos para os seus martirizados, pois se o fizessem, talvez já não existissem mais árvores de pé.

Pela relação com as flechas, os negros proibidos de exercer livremente os seus cultos, em alguns lugares do Brasil elegeram São Sebastião para representar Oxossi, o Orixá caçador. Maneira injteligente de manter a fé mesmo debaixo de açoite. O mesmo processo fez de São Jorge, Ogum e Santa Bárbara, Iansã, entre tantos outros. E é por isso que ainda hoje no Brasil "Babalorixá" (sacerdote de Orixá) se traduz como "Pai-de Santo".

Mesmo tendo em essência, tão pouca relação com o culto original, não deixo de ter certa admiração por São Sebastião e pela data 20 de janeiro. E mesmo não sendo assim digamos, um exemplo de católico, não deixo de respeitar e admirar a beleza que existe em cada exemplo de vida deixado pelos santos, o que não me impede também de enxergar um pouco mais do que se quer de fato mostrar .

E por falar em beleza, voltemos à Praça de Mâncio Lima, onde estou diante da imagem de São Sebastião. Uma idéia, como um raio, preenche meus pensamentos: qual seria o sentimento de uma moça virgem na Idade Média diante daquela imagem? É certo que em uma época de tanta repressão sexual e artística, estar diante da imagem de São Sebastião era uma das raras oportunidades que elas tinham de admirar o nu masculino. E há que reconhecer que a posição em que ele foi retratado, há um quê de sensualidade. Quem o retratou deixou transparacer que mais do que as flechas, o soldado romano estava transpassado de Paixão. Paixão no Cristo, é verdade, mas ainda assim, Paixão. Na Idade Média deve ter feito damas e donzelas sentirem um calor de enrubescer a face.

A imagem, assim como que ela traduz, é um eco das flechas do Cupido, anjinho safado que fazia despertar paixões no mundo antigo (e talvez até hoje com uma ou duas garafas de vinho). Uma imagem poderosa que atravessa o tempo.

No mito original, Eros (O Amor) se fere em uma de suas flechas e se apaixona por Psiqué (a Alma). O mesmo enlace divino, só que descrito de outra maneira, milhares de anos antes.


Na Imagem: Eros pergunta para Psiqué: "- Foi Bom pra você"

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K entre nós

A imagem escolhida pela Agência de Notícias do Acre para ilustrar a matéria de Novenário de São Sebastião, é um tanto quanto suspeita, não? Ou talvez até óbvia demais!Nada me convence que os fotógrafos experientes da agência (o autor da foto é Sérgio Vale. Um dos melhores do Acre) não tenham tido a intencionalidade ao escolher a foto.
Ou talvez a intencionalidade tenha partido da própria organziação da festa, pois o guarda-chuva colorido é segurado por um fiel diretamente sobre a cabeça do padre celebrante.
Bem depois dessa vai ser difícil Xapuri deixar de hostentar o mesmo título que Campinas e Pelotas. Sem nenhum preconceito, apenas uma leitura aguçada de fatos e imagens. Na verdade acho injusta essa apropriação do arco-iris para este sentido. Ele já era antes o símbolo de aliança. Entre os andinos simbolia a união entre os diferentes povos e até hoje é a bandeira de Cuzco, mas isso é tema para outra postagem.

E já que a idéia do blog é tratar de assuntos com profundidade, sem ser chato, e que o Nolasco postou o ótimo texto "Artificial Baunilha". Lembrei de uma história que ouvi em Pernambuco, quando passava férias com uma namorada na praia de Maracaípe, há uns 12 anos atrás.

São muitas as explicações e teorias para explicar o homossexualismo, umas mais preconceituosas e outras menos, umas "científicas", outras "religiosas", outras "sociais", "culturais", "políticas" que entram e saem de moda ao sabor do momento. Esta é apenas mais uma e não significa que seja a certa ou aquela que eu acredite (particularemente prefiro não formular teorias), mas é certamente a mais poética que já ouvi.

O sujeito na praia, falava sobnre outro tema, bastante popular, o das "almas gêmeas". Disse que quando Deus nos criou, nos fez com a alma inteira, masculino e feminino juntos. Mas depois fomos separados para não sermos arrogantes. E então assim surgiram as chamadas" almas gêmeas" e desde então passamos a procurar a metade perdida.
- E no caso dos gays? Perguntamos
Ele respondeu:
"- A alma, cansada de procurar sua metade sem encontrar, sente tanta saudade de seu oposto complementar que intenta ser ele e passa a buscar a sua auto-imagem perdida naqueles do mesmo sexo."

Não é uma afirmação, apenas uma interrogação.

sábado, 22 de janeiro de 2011

O dia em que o Minuano encontrou o Noroeste

Taí as duas:

Jaqueline Telles e Luka antes do início do Show.

Aqui vai um exercício de malabarismo acrobático literário para botar de novo este blog "nos eixos"

Por um traço de minha personalidade, primo por uma discrição às vezes quase timidez. Até por que existem horizontes internos que não podem ser compartilhados com qualquer um. Não se tratam exatamente de segredos, mas uma mensagem somente tem algum sentido se o receptor puder compreender o seu significado.

Assim sendo, não chega a ser exatamente um segredo que eu seja uma pessoa que se dedica a estudar elementos da cultura e da espiritualidade indígena. Até por que se quisesse fazer segredo disso, não iria botar minha cara pintada de genipapo neste blog. Mas o blog, ainda que público, não perde de todo o seu caráter de intimidade. Na enxurrada de informações diárias, um blog como esse, é só a sombra de um buriti virtual.

Já como jornalista e pessoa pública, sou obrigado a ter que construir diariamente a imagem de uma pessoa séria, neutra, imparcial e um tanto quanto insossa. Ainda que para não me esquecer de mim enquanto durmo, tenha que descontruir esta imagem perante a mim mesmo.

Mas nesse dia, dois ventos se encontraram: O Minuano e o Noroeste. Duas personificações raras de Iansã, a senhora dos ventos. Duas histórias de seu mito foram reencenadas neste dia.A primeira conta que Ossaim, o senhor das folhas e de todo conhecimento medicinal e feiticeiro da floresta, guardava para sí todos os segredos. Um dia Iansã "rodou a baiana" e o vento levou todas as folhas, destinando cada uma a seu respectivo Orixá.

A segunda conta que Obaluê, também ele um feiticeiro, vivia coberto de palhas para esconder suas chagas. Todos os outros Orixás (exceto Oxossi, que lhe dera as palhas) temiam por acreditar que sua aparência deveria ser horrível. Mas em um dia de festa, Iansã fez o vento soprar forte e levantou as palhas que cobriam Obaluaê revelando a todos os Orixás que por baixo delas havia na verdade um belo rapaz.

Um único vento não seria capaz de fazer isso sozinho. Foi preciso que o Minuano que sopra desde o pampa transplatino, se encontrasse com o Noroeste, que desce das montanhas andinas até encrespar as ondas do mar em que meu avô pescou.

Poderia até ter ficado chateado com minha amiga, se não visse por trás de suas ações, o reflexo da sabedoria de ventos ancestrais.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Famosidades

Quiz show: O que George Cloney e Leandro Altheman têm em comum? Resposta: Os dois já tiveram malária!

Tá amarelinho na foto, não!




" O ator George Clooney, 49, contraiu malária em sua recente viagem ao Sudão", escreveu.

O vencedor do Oscar esteve no país africano para apoiar um projeto de vigilância com satélites das Nações Unidas e do Google.

"Queremos avisar possíveis responsáveis por genocídio e outros crimes de guerra que estamos observando, que o mundo está observando", disse Clooney em comunicado.

Após a notícia circular na internet, um representante do ator disse nesta quinta-feira à revista "People" que Clooney já está curado. "

Força Cloney! Chá de Carapanaúba e repouso. Da próxima vez faz que nem o Al Paccino e a Alessandra Negrini e leva um mosquiteiro!

Paparazzo: Al Paccino e Alessandra Negrini são vistos na BR 364

Ficção ou realidade ?
O ator de cinema norte-americano de origem italiana, Al Paccino foi visto na última semana no ramal 4 do Projeto de Assentamento Santa Luzia, na BR 364, acompanhado por ninguém menos que a bela atriz brasileira Alessandra Negrini. Ninguém sabe ao certo o motivo de os dois terem vindo se refugiar em tão distante rincão da floresta amazônica, mas é certo que seja uma maneira de escapar dos fotógrafos paparazzi.
A Dona-de-casa e agricultora Maria Adelaide Amaral diz ter reconhecido somente a atriz: “ é, até que é bem engraçadinha”. Já a passagem de Al Paccino trouxe severas preocupações à comunidade evangélica de Santa Luzia: “Quando soubemos que era o Advogado do Diabo fomos logo organizando um culto para exorcizá-lo, pois se ele for mesmo o advogado do diago, poderá cobrar indenização das igrejas por danos morais”. Quem não se conteve foi o ex-deputado estadual, ex-comandante da PM e hóspede honorário da papudinha, Hildebrando Pascoal:
“-Eu quer um autógrafo desse cara! Eu perdi a conta de quantas vezes assisti Scarface. De onde vocês acham que eu tirei a idéia da motosserra?
Segundo testemunhas oculares, os dois se embrenharam na selva noturna do Juruá. Há quem acredite que Alessandra Negrini consiga falar a linguagem das onças, o que teria aprendido com indígenas durante a filmagem de “A Muralha”.
Após sua breve passagem pelo Juruá, Alessandra embarcou incógnita no Aeroporto de Cruzeiro do Sul. Al Paccino ainda concedeu entrevista á imprensa local. Perguntado sobre o que tinha a dizer sobre o bizarro episódio, respondeu apenas com forte sotaque italiano: “- se não tivesse que manter minha fama de mau, diria apenas que já estou com saudade!”

Cinco blogs que fizeram História Por Stella Maris - especial para o Club


Extraído do blog " O Club dos Terríveis"

Garimpando pela internet, topei com esta postagem. E quase morro de rir!Não resisti e resolvi compartilhar com meus poucos (mas valiosos) leitores.

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Se você ficou de mouse caído com a desenvoltura com que Zé Dirceu, Roberto Jefferson e Mahmoud Ahmenidjad (sim, aquele presidente iraniano que dorme com um hitler de pelúcia) pontificam no mundinho dos blogs, é porque ainda não viu o que seus antecessores andaram aprontando em priscas eras virtuais. Confira alguns exemplos garimpados do aterro sanitário da História:

Blog do Capone
Direto de Chicago, o famoso abastecedor de biritas, amante das artes e sonegador desastrado tecia considerações e piadinhas diárias sobre propinas, ópera bufa, bedidas, execuções e muambas em geral. Criou um método gerencial e contábil até hoje copiado por empresas como a Daslu. Seus posts “Por que amo a Lei Seca”, “Como batizar um bourbon”, “10 dicas super úteis para um massacre” e “Caruso é o que há” deram o que falar. Capone dava aos leitores mais destemidos o direito de deixar críticas e xingamentos na caixa de comentários – mas se reservava o direito de jogar seus cadáveres no fundo do lago, depois. Por ter sonegado a conta do provedor de acesso, caiu em desgraça na comunidade virtual, tendo que postar no fim da carreira direto do cyber café de Alcatraz.

Blog do Bonaparte
Quando não estava ocupado fazendo os prussianos pedir penico em Austerlitz ou tentando afogar seu diminuto ganso na imperatriz Josefina, Napoleão aproveitava para atualizar seu blog – um dos mais temidos do Velho Mundo. Metade dos exércitos continentais entrava em alerta máximo quando o pequenino blogueiro corso anunciava ter acordado “com o ovo virado”. Seu post “Que será que tem em Lisboa?”, embora fosse provavelmente uma citação ao filme Casablanca, foi o bastante para provocar a fuga desabalada de D. João VI, o Obrador, para o Brasil. Bonaparte acabou viciando-se em navegar durante o expediente, o que lhe custou a derrota para o desplugado Duque de Wellington, em Waterloo. Consta que no fragor da batalha Leãozinho estava num chat pra lá de animado com o velho Marquês de Sade (daí a expressão “blogar na posição em que Napoleão perdeu a guerra”). Morreu amargurado em Sta. Helena, cloaca africana sem acesso à Internet.

Blog do Pôncio
O blog do barnabé romano P. Pilatus ganhou súbita notoriedade após ter recebido a ilustre presença do Maior Psicólogo do Mundo. Pôncio até então era conhecido apenas nos círculos íntimos romanos por ser chegado num TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), lavando as mãos e as partes várias vezes ao dia (e postando a respeito!). Sua célebre enquete “Quem vocês mandariam para a cruz?”, bateu todos os recordes de acessos na Judéia, verdadeiro milagre para a época. Marcou a História dos blogs em Antes e Depois.

Blog do Rasputin
Mistura exótica de Paulo Coelho, Waler Mercado, Porfirio Rubirosa e John Holmes da dinastia Romanoff, o sinistro Rasputin mantinha um blog de auto-ajuda, consolo e agendamento de favores voltado para beldades, princesas, grã-duquesas, tzarinas e o diabo a quatro (“o que vier, eu traço”). Macaco Lenine foi certeiro em seu site de humor bolchevique: “Todo nobre russo é um corno em potecial diante de Rasputin. Rárárárá!”. Antes de ser colocado fora do ar por spammers com dor na testa, o brujo foi um dos primeiros a revelar que o Czar e o Tsar eram a mesma pessoa (dando início ao escândalo que culminou na Revolução Russa). Seu famoso joystick está conservado no Museu do Sexo de São Petesburgo.

Fotoblog da Lu
A espevitada socialyte Lucrecia Borgia, autora do bordão “Ai! Que mandrágora!” foi figurinha carimbada nas maiores noitadas de arromba da Renascença – sempre munida de uma camera oscura de 5 megapixels bolada por Leonardo Da Vinci. Clicou de um tudo: envenenamentos, defloramentos, empalamentos, venda de indulgências papais e, lógico, surubas vaticanas de fazer tremer as catedrais. Seu post que mais rendeu bafafá foi o “Virgo intacta sum, e daí?!!”, com o qual desfez seu casamento com Sforza, o Broxa (apesar de flagrada pela seita dos paparazzi com um barrigão de seis meses). “Nunca houve uma mulher como Lucrecia”, gemia seu pai, o Papa Alexandre VI, o Fornicador. “Concordo”, arrematava seu irmão, Cesare Borgia, o Animal. “Altezas, ainda caberia nessa cama um humilde servo?” perguntava Maquiavel, o Marqueteiro, leitor compulsivo do blog.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Arquétipos do Feminino2: Politeísmo

E aproveitando o assunto dos arquétipos do feminino, antes que ele “esfrie” (para mim não esfria nunca); como tratei sobre a presença arquetípica feminina nas religiões abrâmicas (mais uma vez: judaismo, cristianismo e islamismo), achei por justo tratar do tema também presente em outras religiões.

A primeira referência é o que pode ser chamado de ”politeísmo”, na verdade não uma religião, mas uma categoria, oposta ao monoteísmo abrâmico. Geralmente judeus, cristãos e islâmicos se referem injustamente ao tema tratando-o por “paganismo”. Pagão é somente um termo prejorativo, originário da latim que se refere aos cultos (denominados “superstições”) das pessoas “rudes” do campo (pagão= rude, inculto).

As religiões politeístas dominaram o mundo antigo, aliás muito mais culto que o mundo cristão medieval. E pode-se questionar se de fato eram politeístas em essência, pois ainda que admitissem a existência de vários deuses, a obra da Criação sempre acaba ficando a encargo de um ser primordial. O mesmo pode ser dito do hinduísmo que profere a mesma crença em uma trindade, aceita a pluralidade da divindade, mas admite a existência de um absoluto primordial.

Pode-se questionar também, até que ponto, o cristianismo é assim, tão monoteísta.Em parte pela crença na trindade, mas também pela famosa frase proferida por Jesus (ou a ele atribuída) em seu calvário; “Eli, Eli, Lama Sabatsani”- frase que depois foi interpretada "Senhor, Senhor, por que me abandonaste". No entanto a palavra Eli é plural de El, (Deus em aramaico, portanto Eli=Deuses) e os estudiosos da bíblia se apressam em dizer que se trata de um “plural majestático”, algo como dizer que Deus de tão grande não cabe em si sendo apenas um. Majestático ou não, o plural foi usado e pode significar também que ainda que admitindo a presença e existência de um ser primordial e absoluto sobre todas as coisas, admite-se também a pluralidade de suas manifestações, leitura que torna a religião cristã em essência não assim tão diferente do hinduísmo ou dos cultos afro-brasileiros aos Orixás.

Mas todo este preâmbulo foi somente para dizer que as religiões abrâmicas oferecem apenas dois arquétipos femininos, a qual as mulheres a muito custo tem de se enquadrar: ou é santa , ou é puta. No português claro é disso que se trata. É claro que uma leitura mais imaginativa dos Cânticos de Salomão podem ver alí também algo muito semelhante aos princípios do tantra hindu.Mas duvido qual seja o padre ou pastor que arrisque tal leitura.

Mas neste ponto acredito que o politeísmo seja mais rico no sentido de oferecer não um ou dois arquétipos, mas uma dezena de modelos de personalidade, todos com alguns pontos favoráveis e outros desfavoráveis (e não são assim as mulheres? Aliás, todas as pessoas?).

Daí posso descrever com mais propriedade o que conheço um pouco melhor, por ser brasileiro: os cultos afro, que em alguns pontos apresenta certas semelhanças com o mundo Greco-romano. Na próxima postagem , trago uma breve descrição dos arquétipos femininos mais conhecidos dentro do culto aos Orixás: Iemanjá, Oxum, Iansã, Nanã e Euá.

Cobertura Jornalística no "Juruá Capital"


Deixemos de lado por hora as empregadas de minissaia e falemos de algo (um pouco mais) sério. Sabendo que agora falta menos de uma nao para que Cruzeiro do Sul conte com a sua primeira turma de jornalistas nativos formados, me anima o fato de que em breve teremos também uma massa crítica capaz não apenas de reproduzir fatos mas de interpretar e reinterpretar a realidade. É para estes que deixo este meu breve testemunho, no desejo de contribuir com as discussões acerca do exercício da profissão.

Faço cobertura de imprensa no Juruá desde 2001. Lembro-me muito bem das agendas super apertadas, corridas e estressantes do tempo de Jorge Viana ainda em seu primeiro mandato.

A praxe no jornalismo do Juruá era que durante uma visita de um governador, os holofotes iam quase que exclusivamente para ele e as demais pautas eram temporariamente esquecidas. O resultado é que o governador e sua comitiva acabavam por tomar uma impressão distorcida do cotidiano da região. Se em parte pode se atribuir o erro a assessores que se esforçam em passar a melhor impressão possível; o erro também foi nosso, de parte da imprensa.

Em uma região onde nem sempre temos assuntos interessantes, é óbvio que a visita de um governador torna-se a pauta principal. Mas não deveríamos ter deixado que esta pauta sufocasse a respiração do dia-a-dia da cidade, as vozes hora roucas, hora sussurrantes, ou mesmo às vezes incoerentes da população não devem deixar de ser ouvidas. Principalmente quando há um governador e uma comitiva para ouvi-la.

No entanto, como a agenda já dura três dias e deve continuar até o final de semana, começamos a nos dar conta de que a cidade não pára e continuam acontecendo os pequenos e grandes incidentes que movem a pauta local. Por outro lado, o governador, sempre é pauta, e assim começamos a nos dar conta também de que fazer jornalismo “na capital” é algo impossível sem uma boa assessoria de imprensa.

Há ainda outro ponto, que foge da questão da cobertura de imprensa em si. É que a agenda mais espaçada de Tião Viana tem permitido uma permeabilidade do governo e sua equipe na intimidade do povo e da região. Fora do ritmo apressado e das agendas tipo “espetáculo”, parece que as pessoas dos dois vales do estado estão se conhecendo de verdade, e creio eu, aproveitando o jeito cordial e caseiro até, com que as pessoas se tratam no dia-a-dia no Juruá. É que aqui somos afinal todos vizinhos, os muros não são tão altos assim para que sejamos desconhecidos um dos outros. Debaixo deste sol não sobra espaço para estrelismos individuais. Melhor assim, todos comendo no mesmo prato e bebendo da mesma água, na paz e no aconchego da sombra da floresta do Juruá.

Lembrando também aos meus poucos mas valiososos leitores que estou também publicando textos no blog cybernauas, "anexo' por assim dizer, do site oficial da Radio e TV Juruá, o juruaonline. Estes e outros textos podem ser encontrados lá www.juruaonline.com.br

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Refresco de Pimenta

Lendo o comentário da "Blogueira Fajuta" na postagem anterior sobre conciliar a "o lado dona de casa" com o "lado sexy", minha mente atribulada, não conseguiu processar outra coisa que não uma empregada de minissaia. Como diria uma amiga minha: "esses homens! Sempre tão arquetipicamente previsíveis".
E pesquisando na internet, achei esta outra charge, bem sacana, passível de excomunhão!

domingo, 9 de janeiro de 2011

Arquétipos do Feminino

Quem sou eu para me meter nesse universo! Mas vamos lá, atendendo apedidos, vou entrar neste terreno espinhoso e quem sabe trazer alguma luz a mais para essse assunto sempre tão debatido. Dizem que o pai da psicanálise, Sigmund Freud, depois de tanto estudar a "alma" feminina, chegou a conclusão que não as compreendia e sua a última frase no leito de morte (reza a lenda) teria sido: "mas o que querem as mulhers afinal!". Costumava responder dizendo que as mulheres não foram feitas para sereem compreendidas, mas simplesmente amadas. Hoje eu estendo a frase afinal, a toda a vida, depois de perder tanto tempo tentando explicá-la, decidi que viver vale mais a pena que compreender.
Mas sempre existe uma necessidade de entendimento, de interpretação da realidade, que sempre é por demais brutal para ser assim absorvida de um trago só.
Assim sendo sempre recorro às figuras dos arquétipos, pois neles podemos encontrar algo como um molde que se repete, se recombina e se recria, mas que semrpe pode ser identificado por trás das ações e consequências.
"Homem: animal racional" - balela. O homem é um animal simbólico, e é atravez do símbolos que

ele melhor interpreta a realidade. E assim, como nos megarelatos seja a Bíblia, ou os Vedas, ou as historias indígenas que aprendi a chamar de Shani Pahu (história dos sábios) os arquétipos estão presentes, bem como nas cartas de Tarô, Runas, Astrologia, ou qualquer outro "método" de previsão da vida.

Ninguém é de fato capaz de saber o que se pasará amanhã, mas o modo que a cigana lê as cartas em uma mesa, mostra a disposição de como estão alinhados determinados arquétipo na vida de cada pessoa. Mas conhecendo os arquétipos, é possível se ter uma maior liberdade de construir o seu próprio futuro.

Bem isto tudo foi só um preãmbulo, pois na verdade o assunto memso em pauta são os arquétipos do feminino. As religiões abrâmicas (leia-se judaismo, cristianismo e islamismo) desde cedo separaram a mulher em dois arquétipos: de um lado a mãe-esposa submissa ao marido e do outro as perigosas "odaliscas", feiticeiras, capazes de arrebatar o coração de um homem de fé, e pobrezinho, levá-lo ao pecado e consequentemente ao inferno, ainda que continuem desejando ardentemente isso.

Dizem que as versões judaicas da bíblia trazem a figura de Lilith, um mulher que se equiparava ao homem e que por isso foi suprimida da versão autorizada. Lilith era a um só tempo o sonho e o pesadelo de qualquer homem, por vezes identificada com o próprio demônio.

Eva era só meio "abestada" como dizem aqui no norte, e se deixou levar (tadinha), pela conversa da serpente.A história de Lilith tem relação ao período (mítico ou histórico) em que as mulheres de certa forma dominavam o mundo. Alguns historiadores relacionam com as primeiras civilizações megalíticas (antes da idade dos metais), e existem diversos mitos dando conta do fim do matriarcado e início do patriarcado (Hércules, Jurupari, etc). Mas, ao contrario do que algumas mulheres possam pensar, nem tudo foi flores nesta "Era" e pode se ter uma medida do poder destrutivo do feminino, pela maneira recalcada e brutal com que os homens trataram as mulheres na "Era" que se seguiu.

Na própria bíblia o mesmo mito se repete na história de Sansão e Dalila. Mas o fato relevante em sí, é que as religiões abrâmicas fizeram uma dicotomia entre a mulher-esposa e a mulher-sedutora, e tanto homens quanto mulheres cairam nessa ladainha. E essa é para mim a principal razão pela qual a maioria dos homens, insatisfeito com mesmisse de seus lares, acabam buscando novas aventuras. Mas o tempo passa, as mulheres vão se acordando e mandando às favas as recomendações da igreja e pasam a frequentar as sex shop para apimentar a relação. Quem ainda está "catando coquinho" são a maioria dos homens que parecem não ter esta mesma liberdade de romper esteriótipos e continuam na maioria das vezes, com a mesma receita de bolo. Isto por que não dá para ser feliz com tanta coisa mal resolvida na psiqué. Claro que isso aqui é só uma simplicação barata para caber dentro de um blog, o assunto é vasto e vai muito mais além.

Mas enfim, se as cartas estão na mesa, sempre dá para arrumar de novo baralho.



sábado, 8 de janeiro de 2011

Cacto Bola na Terra dos Náuas


Como poderia deixar registrar a passagem em Cruzeiro do Sul da minha amiga Sandra, autora do blog Cacto Bola? Aqui está, no Juruá revisitando sua terra natal. Sandra é cruzeirense mas vive há dez anos em Porto Velho. Sempre crítica e bem humorada seus textos sagazes e irônicos podem ser conferidos no blog: www.cactobola.blogspot.com Foi a oportunidade de uma boa conversa como há muito não tinha: uma prova de que as amizades virtuais não precisam estar restritas à WEB e também podem existir no mundo "real".
Oportunidade também para tirar as traças e teias de aranha deste blog que a tanto tempo não recebe minha visita. Se esse blog fosse um cachorro, já tinha morrido de fome.
As explicações que cabem aos meus nobres visitantes: agora estou coordenando além do jornalismo da Rádio e TV Juruá, também o site Juruá online, que inclusive agora tem um blog de opinião.
Por isso, às vezes depois de um dia de trabalho escrevendo, reescrevendo e opinando, não sobra muito espaço na mente para pensar em outra coisa.
Mas vamos em frente e atendendo a sugestão da minha maior leitora, a próxima postagem deverá ser algo sobre os arquétipos do feminino e explicar por que os homens traem tanto...
Ufa! Vamos ver se eu consigo ser "imparcial"(duvido!)...