quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Ayahuasca: cultura amazônica a serviço do bem-estar social



Sol, Lua, Estrela. A simbologia desenhada na camiseta daqueles jovens vendendo doces de castanha cristalizada em um dos muitos semáforos de Rio Branco, não deixavam dúvidas de sua afinidade com a União do Vegetal. Conversei com um deles e descobri serem jovens, ex-dependentes químicos que passaram pelo trabalho realizado pela Casa de Recuperação Caminho de Luz. Tive a oportunidade de conhecer o Centro Espírita Beneficente Templo da Ordem Universal de Salomão. Trata-se na verdade de uma unidade sem vínculos institucionais com a UDV, mas que segue a mesma doutrina do Mestre Gabriel.

O centro espírita mantém não um, mas três unidades de recuperação, uma das quais, próxima ao templo a que tive a oportunidade de conhecer, em Vila Acre, Rio Branco.

Conversei com algumas pessoas que passaram pelo processo e outra que ainda estão em regime de internato.

O trabalho de recuperação consiste basicamente na "laboterapia", ou seja, fazer o pessoal trabalhar bastante, em hortas, em uma marcenaria, além dos sempre necessários serviços de carpinteiro e pedreiro.

Em segundo lugar, mas não menos importante é a administração do chá hoasca. O trabalho é coordenado pelo Mestre José Muniz. Segundo Mestre Muniz, o chá é utilizado como instrumento de desintoxicação e na redução das crises de abstinência.

"Eu era farmacêutico e ficava pensando que não existia para curar a dependência química, aí o Mestre me mostrou o Vegetal. " O trabalho iniciado de maneira amadora em 1994 cresceu e tornou-se uma casa de recuperação com estatuto. Segundo M. Muniz mais de 1000 pessoas já passaram pela unidade, e o índice de recuperação é estimado em 50%, o que segundo ele já é considerado uma vitória.

Assista ao vídeo

O trabalho da Casa de Recuperação Caminho de Luz recebe o apoio do Governo do Estado do Acre com alimentos e no pagamento de dois monitores, no valor aproximado de 3 mil reais por mês. O centro faz parte do CADES- Central de articulação das Unidades de Saúde do Acre.

Trabalhos realizados pelo Departamento Médico-Científico do C.E.B.U.D.V. em parceria com a Universidade da Noruega demonstraram o baixo índice de toxidade da ayahuasca, comparável ao suco de maracujá. Nos estudos científicos realizados também foi comprovado, que a ayahuasca não causa dependência química ou psicológica.

No Peru, a ayahuasca também é utilizada com relativo sucesso na recuperação de dependentes químicos. Em diversos centros tem se destacado o Takiwasi, na cidade de Tarapoto.

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