terça-feira, 1 de novembro de 2011

Indigenas dos dois lados da Fronteira discutem impactos e ameaças


Lideranças indígenas do Brasil e do Peru debatem nesta semana os impactos e ameaças às comunidades tradicionais na área de fronteira. Entre as ameaças mais citadas pelas lideranças estão a exploração madeireira, o tráfico internacional de drogas, a exploração petrolífera e a ferrovia Juruá-Pucalpa.


A questão da madeira permeia a maior parte do encontro, pois é a ameaça mais concreta especialmente no alto juruá. Naquela região os indios ashaninka tem atuado com verdadeiros guardiões da fronteira brasileira, impedindo a entrada de madeireiros e traficantes.



Benki Ashaninka disse que "estes modelos de desenvolvimento reproduzem um modo de vida tópico das cidades trazendo destruição da natureza e impacto no modo de vida das populações tradicionais."



Do lado peruano a situação é mais complexa e lideranças contrários à exploração madereira estão sendo expulsos de suas terras. Edwin Jota Valera está vivendo de maneira provisória dentro da Apiwtxa, praticamente como um exilado. Em 2006 ele denunciou a exploração ilegal de madeireira em suas terras que inclusive estavam conseguindo sair com selo de certificação da WWF.



Situações semelhantes começam a viver os índios do Vale do Javari. Com o aumento da exploração madeireira na região de fronteira, aumenta também a caça o que tem impactado o modo de vida tradicional destas populações.



Narcotráfico


No vale do Envira, em julho deste ano, o posto de índios isolados comandado pelo sertanista da Funai José Carlos Meireles sofreu um ataque de traficantes internacionais com armas pesadas. Segundo Meireles, o Exército só se fez presente dois meses após o primeiro comunicado de invasão. “Se a invasão de um grupo fortemente armado a um posto do governo federal não é problema de segurança nacional, eu não sei mais o que é”, disse Meireles. Para ele, os narcotraficantes podem estar querendo buscar novas áreas para o plantio destinado à produção de cocaína. “Para isso, eles teriam que expulsar ou matar os índios isolados”, diz o sertanista.


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Ainda que o movimento não demonstre ter uma posição unificada a fala das lideranças demonstra que não há a expectativa de deter o avanço do desenvolvimento na região de fronteira, mas que haja sobretudo, diálogo para que possam ser preservados os modos de vida tradicional desta populações, da qual depende, a transmissão de sua cultura.

O encontro acontece até sexta-feira no sítio da Comissão Pró-Indio, Rodovia Trasnacreana, Rio Branco.

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