sábado, 31 de dezembro de 2011

Embiaras - Especial de Fim de ano


- Fim de ano no Brasil é sempre regido pelas águas, não é a toda que milhões de brasileiros elevam suas preces à Iemanjá, senhora das águas, para fazerem seus pedidos para o ano vindouro
- Cruzeiro do Sul não é diferente: mesmo há uns 4 mil km de distância do Oceano Atlântico, somos uma pátria regida pelas águas das chuvas e dos rios, e é um dos motivos que torna este lugar tão aprazível... especialmente na cheia dos rios ...
- Por um lado temos a beleza e a exuberância amazônica das águas, por outros lado, vizinho de toda esta exuberância é a falta de saneamento, trazendo o lixo e o esgoto que maculam esta paisagem

- E por falar em enchentes, a "administração unanimidade" ficou debaixo d'água nesta semana. E a nenhuma linha na imprensa da capital.
- Unanimidade mesmo foi por conta da população que responsabilizou o secretário de obras Osmar Bandeira pela colocação de bueiras, que segundo os moradores entrevistados (6 entre 6) são insuficientes para dar vazão á água.
- A defesa do prefeito foi no sentido de dizer que com o Juruá cheio não houve vazão suficiente para a água dos corregos e canais..
- Tá corretíssimo o argumento... só tenho uma má notícia para o prefeito: é que a cidade que ele foi eleito, por acaso fica na amazônia, onde chove muito e o rio alaga... todo ano
- Fica a sugestão: aproveitando ser casado com uma peruana, poderia se candidatar a prefeito de Nazca, onde chove uma vez a cada 20 anos...

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Tragédia ou Festa das águas?


A alagação sazonal do rio Juruá, evento natural que ocorre no período de inverno nos oferece alguns dos cenários mais incríveis de Cruzeiro do Sul: as casas em palafitas dos bairros da Lagoa e Miritizal tomadas pelas águas. Pronto: a natureza amazônica não respeita os limites urbanos e mostra quem é que manda.

Na capital, cada vez mais distante da realidade amazônica que a gerou, a notícia é dada com um misto de sensacionalismo envolto em areas de grande tragédia... só para anunciar o salvador prefeito que irá tirar as famílias do "sofrimento".

Um duplo crime: o primeiro por não enxergar a realidade além do seu olhar preconceituoso. O mesmo crime cometido pela imprensa nacional em relação ao Acre. O outro crime é óbvio: não sabem distinguir propaganda política de linha editoral.

O problema é que nos acostumamos a ver alagação como sinônimo de tragédia. Mas se olharmos de perto veremos que as pessoas estarão em sua maioria felizes com a alagação.
As crianças brincam pulando dentro da água escura que o rio Moa trouxe. Senhoras e idosos vão "mariscar" e as canoas deixam agora os passageiros literalmente "na porta de casa". Uma alegria não ter que enfretar a lama.

Sempre se cogita a retirada das casas e das familias ribeirinhas e isso é assunto de defesa civil e saúde pública. Mas aí cabhe a pergunta: e se nós, e não eles estivessemos errados?

E se o "certo" para ocupar uma natureza tão peculiar como a nossa fossem habitações em palafitas, adaptáveis às cheias e vazantes do rio? E se as casas e prédios de alvenaria que irrompem no meio da paisagem proclamando a vitória da civilização sobre a natureza, fossem o verdadeiro problema, e não a solução?

E se o problema não fosse a lama, ou a cheia dos rios, mas o modelo de civilização adotado, incompatível com a nossa realidade natural?

Perguntas, apenas perguntas.

O jornalista Nelson Liano Jr. que não é nenhum neófito no Juruá e curte navegar nas águas do Môa e do Juruá fez este vídeo, mostrando que a realidade não é tão "trágica" assim como querem pintar (digna de cuidados, sim, mas muito longe de ser uma tragédia).

Foto: Genioval Moura

Resistência Cultural Afro-Brasileira


Se por um lado aumentam os esforços para transformar Rio Branco na vastidão estéril da sua "Jerusalém Gospel", crescem também mas iniciativas de resistência cultural afro-brasileira.
A obrigatoriedade do ensino da cultura afro-brasileira nas escolas foi o mote para que Camila Cabeça (cantora) e Marialua Azevedo (percursionista) criassem a Nação Clínio Brandão de Maracatu e música afro-brasileira.
O resultado foi a bonita apresentação das crianças e adolescentes do projeto que trouxeram os cantos e encantos dos orixás em pleno mercado velho. Um contraponto bem brasileiro ao disco furado "jingle bells".

A primeira parte da materia mostra a Feira da Solidariedade de artesanato.

Assista ao vídeo

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

As Bandeiras e seu Portadores


Um movimento social, político e filosófico depende de pessoas que encarnem estes princípios e tornem-se seus defensores. São os legítimos "porta-estandartes" que carregam com brio, os ideais de um povo, de um momento histórico.

Ocorre que muitas vezes, estes legítimos "porta-estandartes" muitas vezes não resistem à tentação de tomarem para si a importância que tem na verdade a bandeira que carregam.

Surge aí o personalismo, uma característica decadente de qualquer regime. Seria exagero dizer que o propalado "fracasso" de algumas experiências socialistas deveu-se a isso?

Stalin passou a ser a personificação do comunismo e por tal, não poderia ser questinado como pessoa, sob nenhuma hipótese. Pois dentro desta lógica, contestar a Stalin é o mesmo que contestar ao socialismo. Mao Tsé Tung cometeu o mesmo erro, entre outros tantos. Che Guevara, livrou-se do pesadelo tornado-se um guerrilheiro errante, pagando com sua própria vida. Mesmo não tendo sido personificado em vida, foi mitificado após sua morte. Bem, os mitos tem o seu poder e a psiqué humana precisa deles, como faróis, mas isto já é Jung, não é Marx.
Meu nobre Mariátegui a quem tenho citado à exaustão admitiu a necessidade do mito e caiu no ostracismo como um cominista "herético"(nada ortodoxa a sua interpretação da Ayllu andina como modelo de economia revolucionária)

Fidel entrou para o mesmo clube de Stalin e Mao e a identificação de sua "persona" com o regime é tão grande que este ameaça sucumbir ante a iminência de sua morte física.

Outra "possibilidade" é a do regime norte-coreano, que com a morte de seu lider máximo, aderiu ao "hereditarismo" como forma de perpetuação... Ora, se é para ser assim, por que não a monarquia? Pelo menos teriamos mais pompa e assunto para revistas de fofocas!

Nosso querido Acre, palco de tão memoráveis batalhas: Luis Galvez, Plácido de Castro, Chico Mendes. Somos uma terra farta de exemplo de heróis. Mitos, é verdade. Dizer que Chico Mendes era um homem comum, que bebia e pulava a cerca de vez em quando, não lhe tira a importância histórica.
Felizmente sempre tivemos homens e mulheres de coragem para defender princípios e valores caros ao nosso povo. Pessoas que merecem nosso respeitro, nossa admiração, nossa consideração e reconhecimento. Mas por favor, não queiram ser maiores que a bandeira que carregam.
Não queiram deixar à sombra homens e mulheres de coragem que também têm o mesmo valor.

A bandeira é de todos nós.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Você sabe por que come peru?


A história é mais ou menos assim:
Os colonos ingleses cristãos estavam passando fome e iam todos morrer no inverno frio de Massachutses. Aí eles pediram a Deus por um milagre.

Aí a Pocahontas, que era uma indiazinha muito bonitinha que era a fim de um dos colonos ficou com pena deles e mandou seus primos e irmãos caçarem e levarem comida para eles e entre os animais estavam também o peru (turkey) que mais tarde os europeus confundiram achando que ele vinha do país Peru e por isso o chamaram de "peru".
Surgiu então o Dia de Ação de Graças pois os piedosos cristãos deram graças a deus, e mandaram matar todos aqueles índios, por que eles eram pagãos e não acreditavam no mesmo deus deles.

Fim da Historia e Feliz Natal para todos

sábado, 24 de dezembro de 2011

Feliz Natal Pagão

Que o Sol Invencível ilumine a todos na noite mais escura

(mesmo que no hemisfério sul isso seja no dia 21 de junho)

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Trabalho Voluntário na APA do São Francisco

Assista ao vídeo

Crime e Castigo


Bastante compreensível a revolta de parcela importante da sociedade cruzeirense em relação ao crime cometido, ao que tudo indica, por indígenas do povo katukina contra o motorista (ex-taxista) Sérgio Vasconcelos da Silva. A covarde agressão, possivelmente sob efeito de bebidas alcóolicas deve ser investigado e seus responsáveis punidos exemplarmente.
E o blog Terranauas, presta neste momento, toda solidariedade à vitima, seus familiares e amigos e também à categoria dos taxistas e motoristas, que comumente são vítimas de homicídios e agressões devido à vulnerabilidade da profissão.

Tão chocantes quanto o crime, são contudo as manifestações de ódio racial contra os indíegnas manifestadas sob o manto do anonimato na internet.

A estas pessoas quero lembrar dos três homicídios que já foram cometidos em situações e circunstâncias semelhantes, por cruzeirenses não-indígenas (ou "brancos, se preferir).

Emano, esposo da nobre professora Rosalina de Oliveira foi covardemente assassinado a facadas por um passageiro que se recusou a pagar o frete.

Nosso saudoso Bacana, que dá o nome à praça de taxi, foi assassinado por um "noiado" de um modo tão brutal que chocou a cidade.

O caso mais recente, foi o senhor Emílio, assassinado de maneira gratuíta pelo "Cuca".
é justamente aí que se nota, como o racismo é uma visão de um peso e duas medidas, pois nninguém mencionou a suposta "etnia" dos acusados.
Todos gente da nobre malta cruzerense: uma boa mistura de nordestinos e índios e fez este povo único e maravilhoso.

***

A questão da inimputabilidade indígena é um mito. Não existe mais. São investigados, julgados e condenados como qualquer cidadão brasileiro. Com a única diferença de serem acompanhados pela FUNAI.

Mas, ainda há pontos importantes a serem mencionados como por exemplo, o alcoolismo que tomou conta da terra indígena. As principais lideranças do povo entregaram-se ao vício do álcool e infelizmente, este é o exempo que estão legando ao povo.

Os katukinas estão vivendo na verdade uma situação dramática de vulnerabilidade social, econômica e principalmente cultural, sobretudo, por sua terra ser cortada pela BR 364. outros povos indígenas que não estejam em contato tão direto com a sociedae branca, estão conseguindo lidar melhor com etes e outros problemas que surgem a partir do contato.

Em outras palavras, a situação presente dos Katukinas é uma prova contudnete de que o EIA-RIMA e o plano de mitigação não estão surtindo o efeito desejado. E é por esta e outras razões que continuo e continuarei sendo contra Belo Monte, ou qualquer outro empreendimento que vá alterar o modo de vida original dos indígenas que saem de uma condição de um povo que tira dignamente o seus sustento da terra, através da caça, pesca e agricultura de subsistência, para se tornarem mendincantes de favores e mercês do governo federal.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O Casamento da Filha do Mapinguary

Grupo Vivarte de Teatro de Rua apresenta a peça "O Casamento da Filha do Mapinguary", na praça dos tocos em Rio Branco. A peça apresenta de maneira bem humorada, uma crítica à destruição da natureza. dando voz a bichos e encantos, os atores interpretam os pretendentes à mão da princesa: tucano, tamanduá, bicho-folha e preguiça.

http://blogdovivarte.blogspot.com

OBS: Se me permitem uma pequena crítica abelhuda: entre os atores estão: dois paulistas, uma cearense uma pernambucana, uma brasiliense, uma rondoniense, e uma gaúcha. Todos acreanos de coração (inclusive eu), são estes os "forasteiros" que estão fazendo valer nas ruas de Rio Branco, o que ainda sobrou da cultura da acreana.

E os acreanos estão aonde? No "xopin centis" fazendo compras, ora!

domingo, 18 de dezembro de 2011

Vantagens de ser um "pagão"*


- Não precisar amar a um deus abstrato, pois enxerga-se e ama-se o divino em tudo: no céu, na terra, nas estrelas, no sorriso das crianças e no abraço da mulher amada.
-Não temer o pecado ou o julgamento, pois se reconhece que o erro faz parte do aprendizado e que a balança de tudo é o amor
- Não temer o inferno pois se reconhece que o inferno reside somente na conciência culpada e em desarmonia com o universo
- Não ter necessiadde de idealizar um paraíso pós-morte, pois sabe-se que na Divina Mãe Terra há tudo do bom e do melhor.
- Não ter que pagar o dízimo, pois sabe-se que todo e qualquer gesto de amor ao próximo, seja ele homem ou mulher, velho ou criança, animal ou planta vale muito mais do que qualquer moeda.

***
Mas tem também algumas desvantagens:

- Não ter o diabo para poder assumir a responsabilidade pelos nossos erros
- Não poder recorrer a um ser de luz para nos safar da lei do karma
- Não ter certezas fixas em que acreditar e ser obrigado a construir suas próprias referências
- Não ser reconhecido pela sociedade "cristã" e ter seus pontos de vista ridicularizado pelos opressores
- Ser muitas vezes, visto como louco e anti-social por não compactuar com a loucura coletiva que a sociedade capitalista-cristã** nos meteu

***

* Pagão: significa originalmente "rude" ou "camponês", pessoa da zona rural. Um termo prejorativo criado pelos cristãos no final do Império Romano para desingar especialmente as pessoas que cultuavam as fontes e bosques na natureza, fora das cidades. e não é justamente o que se busca hoje, um maior contato e respeito com a natureza?

** A relação entre o capitalismo e o cristianismo protestante já foi largamente explorada pelos estudiosos. O protestantismo calvinista (essencialmente burguês) associou a ideia de riqueza à felicidade e à salvação, permitindo o enriquecimento antes visto com maus olhos pela Igreja Católica (essencialmente aristocratica).

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

"Se queres viver, sejas torto e oco"


Esta foi a lição do cumaru ferro centanário que sobreviveu ao suposto "plano de manejo" executado no Km 36 da rodovia transacreana. O que deveria ter sido uma "coleta racional de árvores maduras para o corte" tornou-se na verdade em corte indiscriminado.

Por ser torto e oco, o cumaru-ferro foi poupado pelas motosserras, tornado-se refêrencia para os moradores da região.

Os resultados do desequilíbrio causado pela ação predatória podem ser percebidos mesmo em um despretensioso passio pelo restou da 'floresta". Sem o fruto das árvores nativas, a fauna silvestre praticamente desapareceu. Mas o efeito mais evidente e que merece atenção por aprte de todos foi a proliferação descontrolada dos tabocais. Sem a sombra das grandes árvores, as tabocas tomaram conta do espaço e dificultam o crescimento das espécies madeireiras.

Durante o verão os tabocais tornam-se especialmente vulneráveis ao fogo e após as queimadas é a especie vegetal que mais se beneficia da situação. O caso particular do manejo inadequado realizado na rodovia transacreana é um demonstrativo que ainda há muito o que se conhecer sobre a floresta antes de se propalar o manejo florestal como a salvação do Acre.

José Iléssio, o "Lelé" vivia da agricultura de subsistência e do extrativismo da castanha. Lelé, comta que chegava a garantir de 4 a 5 mil reais por mês durante o período de safra da castanha. Com o manejo, a floresta tornou-se mais vulnerável às queimadas e muitas castanheiras se perderam, reduzindo drasticamente sua fonte de renda. Agora sem caça, Lelé obriga-se agora a comprar carne de boi dos pecuaristas locais como única fonte de proteína animal.

"Se o governo quer fazer manejo, deveria ouvir as pessoas que vivem na mata, e não só os universitarios, porque eles não sabem como fazer. A gente sabe qual árvore que pode e qual que não pode tirar."

Lelé não chega a condenar totalmente atividade madereira, mas alerta para a necessidade de um cuidado maior, para que a atividade possa além do marketing, ser chamada ser chamada de realmente sustentável.

Fiquei me lembrando da reação extremada que ocorreu por conta das denúncias de moradores da transacreana de agressões cometidas por madeireiros. Parece que citar problemas e complicações referentes aos planos de manejo tornou-se uma espécie de "blasfêmia" no Acre. Mas fechar os olhos e jogar a sujeira para debaixo do tapete não vai resolver os problemas, somente adiá-los para os proximos gestores do estado e para as próximas gerações de acreanos.

Espero que o alerta de seu "Lelé" e a lição do cumaru-ferro possam encontrar eco nos setores que tradicionalmente apoiaram a FPA, para que não tenham que, como diria Cazuza, "encontrar abrigo no peito de seus traidores."

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Grafiteiro Gospel


Bonita a arte do artista plástico Mathias de Souza. Ele expôs seu quadros em frente ao predio da ALEAC em Rio Branco. Sua inspiração bíblica ganha uma leitura própria a partir da realidae urbana que vive nas periferias de Rio Branco. O que gostei do artista é que ele dá asas á sua imaginação e faz uma interpretação própria das passagens.

Assista ao vídeo:

Artista se inspira na Bíblia para fazer suas artes.

Flagrante

Dois assaltantes são levados pela polícia. Os dois foram surpreendidos pelo segurança da SGA durante uma tentativa de fuga pelo muro da secretaria. Os dois, juntamente com um terceiro haviam assaltado a residência do empresario Ribeiro, proprietário da Ribeirágua. Em seu poder foi encontrado um revolver calibre 38 e uma mochila contendo jóias, relógios, celulares e munição. O assalto aconteceu na terça-feira pela tarde, em Rio Branco. A multidão parou para assistir à ação policial.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Privataria Tucana, o livro


Os processos de privatização ocorridos no governo FHC, sobretudo os das teles, sempre foram contestados. Favorecimentos de concorrentes por parte dos tucanos, utilizando fundos de pensões aparelhados, foram revelados com os grampos “fogo amigo” do BNDES, mas, até hoje, quase quinze anos depois, não se sabia ao certo qual a forma de retribuição dos corruptores aos corrompidos. Com um Procurador-Geral da República disposto a engavetar todas as denúncias contra o governo e a imprensa no bolso, a impunidade estava garantida.

O livro do Amaury Ribeiro Junior, "Privataria Tucana", vem revelar o modus operandi do que já pode ser considerado o maior escândalo de corrupção da história do país, que envolve o governo federal, grandes corporações financeiras e a imprensa com a prática de crimes de corrupção ativa e passiva, favorecimento ilegal, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito e invasão de privacidade, associado a desvio de dezenas de bilhões dos cofres públicos.

Para embasar as acusações do autor, o livro conta com um acervo de centenas de documentos extraídos legalmente de processos em andamento na justiça. Os documentos atingem diretamente um seleto grupo ligado ao tucano José Serra, o seu coordenador de campanhas e ex-diretor de contas internacionais do BB, Ricardo Sérgio, o empresário casado com sua prima, Gregório Marins Preciado, sua filha Verônica Serra e o genro Alexandre Burgeois.

Amaury mostra como Daniel Dantas enriqueceu a filha de Serra através da empresa Decidir.com, INC., ao injetar capital do Opportunity e Citybank por meio de dois argentinos, sócios das Verônicas (Serra e Dantas) no empreendimento de sucesso meteórico, e como foi montada a operação na imprensa para justificar o fantástico enriquecimento quase instantâneo.

A certeza da impunidade fez com que os tucanos ligados ao Serra tivessem pouca preocupação em disfarçar operações utilizando off-shores para internalizar o dinheiro das propinas, que faziam literalmente uma turnê pelo mundo antes de entrar limpinho nas suas contas. As empresas sediadas no paraíso fiscal Ilhas Virgens Britânicas possuem nomes idênticos ou muito parecidos às suas empresas “subsidiadas” no Brasil, e no caso de Alexandre Burgeois, Genro de Serra, chega ao cúmulo de assinar pelas duas empresas.

O livro ainda mostra como Serra usa serviços de arapongas, pagos com dinheiro público, para criar dossiês contra adversários políticos desde o seu período à frente do Ministério da Saúde, e como sua filha e a irmã do Daniel Dantas quebraram o sigilo de 40 milhões de brasileiros pela obtenção de informações privilegiadas dentro do governo.

Na entrevista que deu a blogueiros progressistas por twitcam na sexta-feira, Amaury revelou que além de ter dívidas com o BNDES reduzidas durante o período das privatizações, a grande mídia, que na época atuou como cabo eleitoral do neoliberalismo e encobriu as denúncias de corrupção, foi beneficiada com as negociatas entre governo e corruptores, garantindo cotas publicitárias aos veículos que se prestavam ao papel de produzir propagandas institucionais travestidas de matérias jornalísticas e editoriais.

Sobrou também para facções do PT que, na disputa insana pelo poder, são capazes de destruir colegas de partido e abastecer algozes na imprensa com dossiês que não atingem apenas o desafeto político, mas toda a agremiação, inclusive colocando em risco eleições presidenciais. São os aloprados que o Lula bem identificou. Ruy Falcão e Palocci foram citados nominalmente.

Amaury ainda faz mais uma revelação estarrecedora: como explicar que depois de nove anos fora do governo, Serra ainda mantém controle da cúpula da Polícia Federal? Com a palavra Marcio Thomaz Bastos, Tarso Genro e José Eduardo Cardozo, principalmente o último que ainda ocupa o cargo. Ou o ministro processa o Amaury, ou demite toda a cúpula da Polícia Federal e se informa melhor sobre ligações políticas dos detentores de cargos de confiança no ministério que comanda, ou pede demissão ele próprio porque é incompetência demais.

Ainda estão de fora outros personagens conhecidos da privataria tucana, como André Lara Resende, Sérgio Motta, Luis Carlos Mendonça de Barros, Jair Bilachi e o Próprio FHC, mas o Amaury informa que estão sendo elaborados mais livros de outros autores sobre o tema e a munição é gigantesca e que ele próprio vai aprofundar investigações em cima de FHC e jornalistas que, segundo ele, não resistem a uma investigação leve, como Reinaldo Azevedo e Cesar Tralli.

Como uma bola de neve, o livro do Amaury já está incentivando outros denunciantes, e o ex-delegado da Polícia Federal e deputado Protógenes Queiroz vem narrando no twitter, desde o lançamento do livro, algumas informações do que apurou em investigações durante o tempo de PF, como por exemplo, a forma como o grupo de FHC comandava operações de fraude com títulos da dívida pública, com o BACEN favorecendo laranjas de amigo de FHC, Alberto Aschar, que fugiu do Brasil com cinco milhões esquentados pelo Banco Safra em 1988, ou quando encontrou vários bicudos em fundos que enviavam dinheiro para fora do país.

A imprensa tenta desesperadamente abafar a repercussão do maior escândalo de corrupção da história do Brasil, mas o esforço inglório é inútil porque já criou vida própria e a tendência é que percam mais credibilidade e morram abraçados ao Serra com blindagem e tudo. Enquanto isso, procure o livro "Privataria Tucana" na FNAC e Livraria Saraiva, é um excelente presente para dar de natal a si próprio e em confraternizações de "amigos ocultos".

*LEN é editor geral do Ponto & Contraponto e editor do Terra Brasilis.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Bolivia discute Lei que confere à Terra direitos similares aos seres humanos

Cosmovisão Andina transformando-se em proposta política

A Bolívia está em vias da aprovar a primeira legislação mundial dando à natureza direitos iguais aos dos humanos. A Lei da Mãe Terra, que conta com apoio de políticos e grupos sociais, é uma enorme redefinição de direitos. Ela qualifica os ricos depósitos minerais do país como "bençãos", e se espera que promova uma mudança importante na conservação e em medidas sociais para a redução da poluição e controle da indústria, em um país que tem sido há anos destruído por conta de seus recursos.
A Lei da Mãe Terra vai estabelecer 11 direitos para a natureza, incluindo o direito à vida, o direito da continuação de ciclos e processos vitais livres de alteração humana, o direito a água e ar limpos, o direito ao equilíbrio, e o direito de não ter estruturas celulares modificadas ou alteradas geneticamente.

Ela também vai assegurar o direito de o país "não ser afetado por megaestruturas e projetos de desenvolvimento que afetem o equilíbrio de ecossistemas e as comunidades locais".

Esta mudança significa a ressurgência da visão de um mundo indígena, andino, que coloca a deusa da Terra e do ambiente, Pachamama, no centro de toda a vida. Esta visão considera iguais os direitos humanos
e de todas as outras entidades. A Bolivia sofre há tempos sérios problema ambientais com a mineração de alumínio, prata, ouro e outras matérias primas.

Em uma entrevista, o ministro das Relações Exteriores da Bolívia e especialista em cosmovisão andina, David Choquehuanca, explica os principais detalhes desta proposta que situa a vida e a natureza como eixos centrais.

"Queremos voltar a Viver Bem, o que significa que agora começamos a valorizar a nossa história, a nossa música, a nossa vestimenta, a nossa cultura, o nosso idioma, os nossos recursos naturais, e, depois de valorizar, decidimos recuperar tudo o que é nosso, voltar a ser o que éramos”.

O artigo 8 da CPE estabelece que: “O Estado assume e promove como princípios ético-morais da sociedade plural: ama qhilla, ama llulla, ama suwa (não sejas preguiçoso, não sejas mentiroso nem ladrão), suma qamaña (viver bem), ñandereko (vida harmoniosa), teko kavi (vida boa), ivi maraei (terra sem males) y qhapaj ñan (caminho ou vida nobre).

O Chanceler marcou distância com o socialismo e mais ainda com o capitalismo. O primeiro busca satisfazer as necessidades humanas e para o capitalismo o mais importante é o dinheiro e a mais-valia.

De acordo com David Choquehuanca, o Viver Bem é um processo que está apenas começando e que pouco a pouco irá se massificando.

“Para os que pertencem à cultura da vida, o mais importante não é o dinheiro nem o ouro, nem o ser humano, porque ele está em último lugar. O mais importante são os rios, o ar, as montanhas, as estrelas, as formigas, as borboletas (...) O ser humano está em último lugar, para nós o mais importante é a vida”.


Estas são as características que pouco a pouco serão implementadas no novo Estado Plurinacional da Bolívia:

Priorizar a vida
Viver Bem é buscar a vivência em comunidade, onde todos os integrantes se preocupam com todos.
O mais importante não é o ser humano (como afirma o socialismo) nem o dinheiro (como postula o capitalismo), mas a vida. Pretende-se buscar uma vida mais simples. Que seja o caminho da harmonia com a natureza e a vida, com o objetivo de salvar o planeta e dar a prioridade à humanidade.

Respeitar a mulher
Viver Bem é respeitar a mulher, porque ela representa a Pachamama, que é a Mãe Terra que tem a capacidade de dar vida e de cuidar de todos os seus frutos.
Por estas razões, dentro das comunidades, a mulher é valorizada e está presente em todas as atividades orientadas à vida, à criação, à educação e à revitalização da cultura. Os moradores das comunidades indígenas valorizam a mulher como base da organização social, porque transmitem aos seus filhos os saberes de sua cultura.

Viver Bem e NÃO melhor
Viver Bem é diferente de viver melhor, o que se relaciona com o capitalismo.
Para a nova doutrina do Estado Plurinacional, viver melhor se traduz em egoísmo, desinteresse pelos outros, individualismo e pensar somente no lucro. Considera que a doutrina capitalista impulsiona a exploração das pessoas para a concentração de riquezas em poucas mãos, ao passo que o Viver Bem aponta para uma vida simples, que mantém uma produção equilibrada.

Respeitar as diferenças
Viver Bem é respeitar o outro, saber escutar todo aquele que deseja falar, sem discriminação ou qualquer tipo de submissão.
Não se postula a tolerância, mas o respeito, já que, mesmo que cada cultura ou região tenha uma forma diferente de pensar, para viver bem e em harmonia é necessário respeitar essas diferenças. Esta doutrina inclui todos os seres que habitam o planeta, como os animais e as plantas.

Escutar os anciãos
Viver Bem é ler as rugas dos avós para poder retomar o caminho.
O Chanceler destaca que uma das principais fontes de aprendizagem são os anciãos das comunidades, que guardam histórias e costumes que com o passar dos anos vão se perdendo. “Nossos avós são bibliotecas ambulantes, assim que devemos aprender com eles”, menciona. Portanto, os anciãos são respeitados e consultados nas comunidades indígenas do país.

Viver em complementaridade
Viver Bem é priorizar a complementaridade, que postula que todos os seres que vivem no planeta se complementam uns com os outros.
Nas comunidades, a criança se complementa com o avô, o homem com a mulher, etc. Um exemplo colocado pelo Chancelerespecifica que o homem não deve matar as plantas, porque elas complementam a sua existência e ajudam para que sobreviva.

Aproveitar a água
Viver Bem é distribuir racionalmente a água e aproveitá-la de maneira correta.
O Ministro das Relações Exteriores comenta que a água é o leite dos seres que habitam o planeta. “Temos muitas coisas, recursos
naturais, água e, por exemplo, a França não tem a quantidade de água nem a quantidade de terra que há em nosso país, mas vemos que não há nenhum Movimento Sem Terra, assim que devemos valorizar o que temos e preservá-lo o melhor possível, isso é Viver Bem”.

Equilíbrio com a natureza
Viver Bem é levar uma vida equilibrada com todos os seres dentro de uma comunidade.
Assim como a democracia, a justiça também é considerada excludente, de acordo com o chanceler David Choquehuanca, porque só leva em conta as pessoas dentro de uma comunidade e não o que é mais importante: a vida e a harmonia do ser humano com a natureza. É por isso que Viver Bem aspira a ter uma sociedade com equidade e sem exclusão.

Priorizar direitos cósmicos
Viver Bem é dar prioridade aos direitos cósmicos antes que aos Direitos Humanos.
Quando o Governo fala de mudança climática, também se refere aos direitos cósmicos, garante o Ministro das Relações Exteriores. “Por isso, o Presidente (Evo Morales) diz que vai ser mais importante falar sobre os direitos da Mãe Terra do que falar sobre os direitos humanos”.

Saber comer
Viver Bem é saber alimentar-se, saber combinar os alimentos adequados a partir das estações do ano (alimentos de acordo com a época).
O ministro das Relações Exteriores, David Choquehuanca, explica que esta consigna deve se reger com base na prática dos ancestrais que se alimentam com um determinado produto durante toda a estação. Comenta que alimentar-se bem garante boa saúde.

Saber beber
Viver Bem é saber beber álcool com moderação.
Nas comunidades indígenas cada festa tem um significado e o álcool está presente na celebração, mas é consumido sem exageros ou ofender alguém. “Temos que saber beber; em nossas comunidades tínhamos verdadeiras festas que estavam relacionadas com as estações do ano. Não é ir a uma cantina e se envenenar com cerveja e matar os neurônios”.

Saber dançar
Viver Bem é saber dançar, não simplesmente saber bailar.
A dança se relaciona com alguns fatos concretos, como a colheita ou o plantio. As comunidades continuam honrando com dança e música a Pachamama, principalmente em épocas agrícolas; entretanto, nas cidades as danças originárias são consideradas expressões folclóricas. Na nova doutrina se renovará o verdadeiro significado do dançar.

Saber trabalhar
Viver Bem é considerar o trabalho como festa.
“O trabalho para nós é felicidade”, disse o chanceler David Choquehuanca, que recalca que ao contrário do capitalismo onde se paga para trabalhar, no novo modelo do Estado Plurinacional, se retoma o pensamento ancestral de considerar o trabalho como festa. É uma arma de crescimento, é por isso que nas culturas indígenas se trabalha desde pequeno.

Retomar o Abya Yala
Viver bem é promover a união de todos os povos em uma grande família.
Para o Chanceler, isto implica em que todas as regiões do país se reconstituam no que ancestralmente se considerou como uma grande comunidade. “Isto tem que se estender a todos os países. É por isso que vemos bons sinais de presidentes que estão na tarefa de unir todos os povos e voltar a ser o Abya Yala que fomos”.


Reincorporar a agricultura
Viver Bem é reincorporar a agricultura às comunidades.
Parte desta doutrina do novo Estado Plurinacional é recuperar as formas de vivência em comunidade, como o trabalho na terra, cultivando produtos para cobrir as necessidades básicas para a subsistência. Neste ponto se fará a devolução de terras às comunidades, de maneira que se produzam as economias locais.

Saber se comunicar
Viver Bem é saber se comunicar.
No novo Estado Pluninacional se pretende retomar a comunicação que existia nas comunidades ancestrais.
O diálogo é o resultado desta boa comunicação mencionada pelo Chanceler. “Temos que nos comunicar como antes os nossos pais o faziam, e resolviam os problemas sem que se apresentassem conflitos, não temos que perder isso”.

O Viver Bem não é “viver melhor”, como propõe o capitalismo
Entre os preceitos estabelecidos pelo novo modelo do Estado Plurinacional, figuram o controle social, a reciprocidade e o respeito à mulher e ao idoso.

Controle social
Viver Bem é realizar um controle obrigatório entre os habitantes de uma comunidade.
“Este controle é diferente do proposto pela Participação Popular, que foi rechaçado (por algumas comunidades) porque reduz a verdadeira participação das pessoas”, disse o chanceler Choquehuanca. Nos tempos ancestrais, “todos se encarregavam de controlar as funções que suas principais autoridades realizavam”.

Trabalhar em reciprocidade
Viver Bem é retomar a reciprocidade do trabalho nas comunidades.
Nos povos indígenas esta prática se denomina ayni, que não é mais do que devolver em trabalho a ajuda prestada por uma família em uma atividade agrícola, como o plantio ou a colheita. “É mais um dos princípios ou códigos que garantirão o equilíbrio nas grandes secas”, explica o Ministro das Relações Exteriores.

Não roubar e não mentir
Viver Bem é basear-se no ama suwa e ama qhilla (não roubar e não mentir, em quéchua).
É um dos preceitos que também estão incluídos na nova Constituição Política do Estado e que o Presidente prometeu respeitar. Do mesmo modo, para o Chanceler é fundamental que dentro das comunidades se respeitem estes princípios para conseguir o bem-estar e confiança em seus habitantes. “Todos são códigos que devem ser seguidos para que consigamos viver bem no futuro”.

Proteger as sementes
Viver Bem é proteger e guardar as sementes para que no futuro se evite o uso de produtos transgênicos.
O livro Viver Bem, como resposta à crise global, da Chancelaria da Bolívia, especifica que uma das características deste novo modelo é preservar a riqueza agrícola ancestral com a criação de bancos de sementes que evitem a utilização de transgênicos para incrementar a produtividade, porque se diz que esta mistura com químicos prejudica e acaba com as sementes milenares.

Recuperar recursos
Viver Bem é recuperar a riqueza natural do país e permitir que todos se beneficiem desta de maneira equilibrada e equitativa.
A finalidade da doutrina do Viver Bem também é a de nacionalizar e recuperar as empresas estratégicas do país no marco do equilíbrio e da convivência entre o ser humano e a natureza em contraposição à exploração irracional dos recursos naturais. “Deve-se, sobretudo, priorizar a natureza”, acrescentou o Chanceler.

Exercer a soberania
Viver Bem é construir, a partir das comunidades, o exercício da soberania no país.
Isto significa, segundo o livro Viver Bem, como resposta à crise global, que se chegará a uma soberania por meio do consenso comunal que defina e construa a unidade e a responsabilidade a favor do bem comum, sem que nada falte. Nesse marco, se reconstruirão as comunidades e nações para construir uma sociedade soberana que será administrada em harmonia com o indivíduo, a natureza e o cosmos.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Estudantes paraenses entraram na briga contra Belo Monte


Depois do vídeo "Gota d'água" com os atores globais e do video-resposta "Tempesatade em Copo d´água" dos estudantes da Unicamp.


agora é vez de secundaristas e universitários paraenses entrarem na briga.

Tosco? Dirão alguns.
Sem dados? Dirão outros

Mas para mim este é o melhor de todos pois é autêntico e feito por moradores do estado que será mais afetado pela usina. E no meio de tanta argumentação, pra mim já chega. A VIDA é o maior argumento.

Imprensa silencia sobre livro que denuncia privataria tucana

Escrito por PE. Len, do blog Terra Brasilis


Ainda não tenho informações suficientes sobre o livro recém-lançado do Amaury Junior, “Privataria Tucana”, para fazer uma análise decente sobre o seu conteúdo. O que pincei até agora nos sites da Carta Capital e Viomundo é que de forma geral envolve José Serra e asseclas com off-shores das Ilhas Virgens, mostra como Serra usa esquema com arapongas (pagos com dinheiro público) contra adversários e correligionários que se atravessam o seu caminho, além de proezas empresariais de sua filha, Verônica Serra.

O livro, que estranhamente não está sendo encontrado na maioria das principais livrarias do país, ainda corre o risco de ser censurado por alguma ação judicial para recolhimento da obra, que já deve ter sido movida pelo personagem principal da trama do jornalista. Se isso vier acontecer cai a máscara, mas eu não duvido de mais nada partindo dessas pessoas.

O que já está escancarado, e não me causa mais surpresa alguma, é o fato dos veículos que compõem a máfia das comunicações tupiniquim, cito Globo, Folha, Estadão, Veja e satélites, assim como os seus prepostos, estarem completamente calados a respeito, a despeito de toda a provocação sofrida nas redes sociais.

Tal qual a Máfia Siciliana, a Máfia do Millenium também tem a sua Omertá, seguido por seus soldistas com fidelidade canina (é uma metáfora, adoro cachorro e eles não merecem a comparação). A blindagem feita por esses veículos quanto a denúncias que atingem tucanos de alta plumagem poderia ser comparada a uma seita fundamentalista, se não soubéssemos que a motivação é bem mais suja e indecorosa do que radicalismo religioso.

Como uma peça do destino (outra metáfora, sou agnóstico) aqueles que bradavam serem ungidos combatentes pela moralidade foram flagrados com as mãos cheias de merda tentando esconder a porcaria toda. Se não fosse escatológico, diria que é lindo ver os hipócritas mostrando suas enceradas caras de pau sem as máscaras de sempre. Esses dias um blogueiro do Globo.com passou a atacar Dilma com impropérios e adjetivos incompatíveis com o exercício da profissão, hoje o desonesto tá lá quietinho, tão murchinho quanto o seu caráter. Diria que é conivente, mas é mais do que isso: é cúmplice.

Quando não der mais para segurar, até porque o burburinho vai continuar independente da vontade deles, o jeito vai ser apelar para a falácia Ad Hominem e atacar o jornalista, citando que foi indiciado pela PF no ano passado, como se tivessem condições de usar esse argumento depois de utilizarem como fontes “confiáveis” os “fichas-limpas” Ex-PM João Dias e Rubnei Quícoli, o consultor da Folha.
Impagáveis vão ser ver as explicações para o distinto público do motivo pelo qual as denúncias de dois ex-presidiários com ficha corrida na justiça valem mais que a de um jornalista, colega de trabalho, e que já dividiu a redação com muitos deles. Impagáveis e esquizofrênicas.

Apesar da tendência de queda de várias máscaras, eu não tenho grandes esperanças que o livro cause muitos estragos ao Serra, até porque não tenho dúvidas que a blindagem vai continuar até o fim , mesmo que percam ainda mais credibilidade, pelo poder vale tudo. Resta à blogosfera fazer o seu trabalho de formiguinha e informar ao maior número de pessoas possíveis o que realmente acontece fora do show de truman com pacto de máfia.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Ambientalismo: Esquerda ou Direita?


O debate acerca da construção da Usina de Belo Monte expôs a nu, contradições politicas e ideológicas que estavam somente aguardando uma oportunidade como esta para virem à tona. As contradições são tamanhas que mesmo os setores mais reacionários da imprensa brasileira, acabaram tomando posições diametralmente opostas sobre a usina.

De uma lado a Rede Globo, ainda que não abertamente, faz a defesa “ecológica” através do programa Globo Repórter, mostrando ao país as belezas e riquezas que serão destruídas com a construção da usina. Nos blogs e sites de repercussão “à esquerda” prontamente foi feita a crítica ao posicionamento da Globo e de seus atores´.

Do outro, a Revista Veja, opositora ferrenha do governo do PT, desta vez assume uma posição favorável à usina, e deixa perplexos os mesmos setores que antes acusaram o “PIG” de ser contra a usina simplesmente por ser contra o governo da presidenta Dilma.

Muita gente de pensamento crítico, ainda não tomou partido por que a guerra de informação e contra-informação é tão grande, que talvez o mais sensato seja mesmo, ficar na posição de observador.

Em primeiro lugar, é preciso deixar a leviandade de qualquer um dos lados. A usina significa energia e nossa sociedade depende disso. Na região norte, a geração de energia ainda é quase totalmente dependente da queima de óleo diesel, caro e poluente.

Por outro, tomar uma posição de defesa da natureza e dos indígenas, não significa ser “eco-chato”. Estamos falando de uma biodiversidade ainda pouco conhecida. Estamos correndo o risco de submergir uma riqueza ainda mais preciosa do que a energia que será gerada a partir dela. Estamos falando também de povo indígenas e ribeirinhos que serão afetados direta ou indiretamente pela usina. Ainda que existam políticas de compensação, mormente tais políticas acabam por transformar a dignidade destes povos em miséria. Basta conhecer a situação dos katukinas às margens da BR, hoje quase que totalmente dependentes de programas federais para sua sobrevivência.

É preciso fôlego para atravessar a rebentação das ondas das informações mais superficiais e carregadas de contextos emocionais que circulam na internet.

Para ir ao âmago do problema é preciso reconhecer que a obra da usina de Belo Monte, faz parte na verdade de um projeto maior, que inclui a instalação de 10 novas usinas em toda região norte, e que tal projeto está ligado ao IIRSA (Integração Regional da Infra-Estrutura Sul-Americana), projeto pensando nos idos de 1992 dentro do contexto do surgimento do neo-liberalismo. A energia gerada a partir de Belo Monte é pensada não tanto para iluminar as cidades amazônicas, mas para a produção de alumínio, facilitando a instalação de empresas transnacionais na região.

Dá até vontade de cantar uma versão daquela música de Belchior “apesar de termos feito tudo, tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e continuamos sendo exportadores de matéria-prima e comodities”.

A partir daí entramos em um labirinto onde nada mais é o que parece ser.

1º As empresas que poderão se instalar a partir de Belo Monte, estarão minimizando seus custos a partir da redução de emissão de carbono.

Peraí, quer dizer então que vão destruir parte da floresta amazônica para atender ao Protocolo de Quioto?

É quase isso. A questão ambiental não está em pauta aqui. É somente uma questão capitalista: minimizar prejuízos e otimizar os lucros. "Eco-capitalismo" em ação

2º Boa parte das ONGs que hoje se posicionam contra a usina, apenas o fazem para tencionar governo e empresas e conseguirem mais recurso para suas atividades. Ou seja, também é uma questão mercantilista. Mais uma vez o “eco-capitalismo” em ação.

E aí, como é que a gente fica?

Bem, vocês, eu não sei, mas eu vou marchar junto com os índios. Eles não estão poluídos e sabem sonhar. Eu sonho com eles.

***

Vamos mais em frente?

Sim, por que não

A questão que não está sendo discutida mas que deveria, não é a “preservação” dos recursos naturais. “Preservar” é um absurdo lógico. Não é possível “preservar” em uma sociedade em que a demanda por recursos naturais é cada vez maior para atender o consumo. Em uma sociedade como a nossa só é possível, mudar a destruição de lugar, e exportar os seus efeitos e é justamente isto que está em curso e os povos da Amazônia estão pagando o preço desta política. Seja perdendo o direito à terra (como no caso dos povos que serão expulsos pela usina), ou seja pela impossibilidade de pequenos agricultores realizarem a queima anual para o plantio.

O Fórum Social Mundial esclareceu alguns pontos importantes sobre esta questão.

“Entendemos que a construção de uma cultura da sustentabilidade é imperiosa para a promoção deste conceito: é preciso aceitar a alteridade, inverter valores, mudar hábitos, transformar padrões, quebrar tabus e derrubar preconceitos para propor novos paradigmas, fundados em outra percepção de desenvolvimento e de sucesso, de necessidade e de felicidade. Outro mundo é possível se outros modos de ver, crer, pensar, sentir e fazer se tornarem utopia, desejo e realidade.”

Ou seja, não se trata de desacelerar a destruição, ou muda-la de lugar, e sim de alterar o foco e a direção do desenvolvimento, para um desenvolvimento mais humano, integral.

O que deveria estar sendo discutido, mas não o é, pela espessa cortina de fumaça é:

1º O real significado da terra e dos recursos naturais

2º A mudança da base energética

3º A impossibilidade do capitalismo seguir adiante, dado a finitude dos recursos naturais

Costumo dizer que o capitalismo é um filho da sociedade ocidental que tem pai, mas não tem mãe. Seu pai é o protestantismo calvinista que viu na riqueza, sinônimo de predestinação e salvação. Só esqueceram de lembrar que esta riqueza, ainda que fruto do trabalho, depende de recursos naturais para ser produzida.

É aonde se encontra o atual dilema que tenho chamado de “chauvinismo” da sociedade ocidental. Não deixa de ser uma forma de violência contra o feminino, a exploração que se faz do planeta e seus recursos, sem nada lhe dar em troca a não ser lixo, esgoto e toxinas.

Para não me estender de mais, deixo aqui a recomendação do “Amauta” José Carlos Mariátegui, fundador do Partido Socialista Peruano de que a América deveria ser “reinventada” levando-se em conta a relação de solidariedade intrínseca entre os povos originários e destes com a terra e os recursos naturais. Algo que absolutamente, o capitalismo desconhece.

O pensador peruano considerava que a tradição coletivista andina se apresentava como um exemplo. A questão do mito favoreceria o desenvolvimento comunista entre as massas camponesas. Para Mariátegui, a alma do índio é o mito, o seu princípio coletivista é a revolução socialista. Portanto, pare ele é a justa análise sobre o índio que levará ao caminho do socialismo.

Fazer política é passar do sonhos às coisas, do abstrato ao concreto. A política é o trabalho efetivo do pensamento social: a política é a vida. Admitir uma quebra de continuidade entre a teoria e a prática, abandonar os realizadores a seus próprios esforços, ainda que concedendo-lhes uma cordial neutralidade, é renunciar à causa humana. A política é a própria trama da história. A história, fazem-na os homens possuídos e iluminados por uma crença superior, por uma esperança sobre-humana; os demais constituem o coro anônimo do drama.

José Carlos Mariátegui


Leia também: Bolívia cria a primeira legislação a favor da Mãe Terra

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O oportunismo "gospel" de Antônia Lúcia

O "babado forte" aqui em RBR tem sido os conflitos entre a dep. estadual Antonia Lucia e a prefeitura.
A prefeitura entrou com um processo contra a Radio Boas Novas, depois que uma moradora das vizinhanças da radio questionou o descumprimento do plano diretor da cidade.
Foi o suficiente para que a dep. acusasse a prefeitura de perseguição política e religiosa. Nas ondas do rádio, pastores ligados ao grupo político da deputada acusaram a prefeitura de pedir a remoção da antena por que nela está escrito a palavra "Jesus".

" meu Deus, que absurdo é o fim dos tempos. Estava escrito que aqueles que pregarem sua palavra serão perseguidos e humilhados. Mas deus é maior, e a sua promessa é de que os justos herdarão o reino dos céus"

Leia matéria da Gazeta

Nada mais falacioso. A prefeitura apenas pede que se cumpra aquilo que estabelece o Plano Diretor, por que se não o fizer, estará prevaricando. Na verdade a rádio da dep. poderia ser enquadrada no arigo da lei de imprensa que prevê o crime de incitação ao ódio religioso.

Leia a baixo nota da prefeitura:

A VERDADE SOBRE A OBRA CLANDESTINA DA TORRE DA RÁDIO BOAS NOVAS

Em respeito à comunidade, a Prefeitura de Rio Branco esclarece e lamenta afirmações da deputada Antônia Lúcia, em entrevista à Rádio Boas Novas, na última sexta-feira, recorrendo a argumentos políticos e até religiosos para justificar processo que sofre por desrespeitar o Plano Diretor da Cidade e ameaçar a integridade de vizinhos da Rádio Boas Novas, ao construir de forma clandestina uma torre de antena desta rádio em local e condições impróprias.

A Rádio Boas Novas abusa do seu poder de comunicação, deturpando a versão que divulga sobre a ação da Prefeitura e de vizinhos da rádio prejudicados pela construção imprópria da torre. Eis a verdade:

- Em 10 de agosto de 2011, o Município ingressou com Ação Civil Pública requerendo da Radio Boas Novas, localizada na Rua Taumaturgo de Azevedo n° 49 – Centro, reconsiderar a localização da construção de sua nova torre, por limitações impostas pelo Plano Diretor da Cidade, entre as quais a distância mínima da torre em relação a outros imóveis.

- Antes da ação do Município, a senhora Rizoleta Cruz, de 80 anos de idade, antiga moradora e vizinha da Rádio, já havia ingressado com ação similar, amedrontada com a proximidade da torre com a sua casa, assim exposta a sérios riscos de acidentes.

- Em Audiência de Conciliação, no dia 02 de setembro de 2011, foi proposto que a Rádio Boas Novas retornasse a torre para o local de origem, ao lado da pizzaria Tutti Frutti. O acordo não foi aceito.

- A Ação proposta pelo Município encontra-se aguardando decisão judicial com data prevista para ser dada no dia 14 de dezembro.

- Com relação à ação proposta pela senhora Risoleta Cruz, o processo também está aguardando a sua conclusão.

- Mesmo com a pendência judicial, a Rádio Boas Novas levou em frente a construção clandestina da torre no local indevido.

- O Ministério Público está acompanhando estas ações.

- Consultada pelo Município a ANATEL emitiu parecer informando que a Rádio Boas Novas está inabilitada para operar, por não atender às condições técnicas.

O problema da torre da Rádio Boas Novas resume-se ao embargo de uma obra clandestina, contestada na Justiça, que desrespeita a legislação urbanística municipal e coloca em risco a segurança dos moradores do entorno da obra.

A Prefeitura garante todo o direito de defesa na esfera administrativa e respeita o andamento dos processos na Justiça. O que não é de bom senso é a politização desse caso, como faz a deputada Antônia Lúcia, e a deturpação dos fatos como divulgados pela Rádio Boas Novas.

Rio Branco, 06 de dezembro de 2011

Prefeitura Municipal de Rio Branco
Procuradoria Geral do Município de Rio Branco

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Porque sou contra Belo Monte


O debate sobre a construção da Usina de Belo Monte tem crescido na internet e as pessoas começam a tomar suas posições contra e a favor da sua construção. O debate acirrou-se ainda mais depois que atores globais gravarama o vídeo Gota d'água.

Estudantes do curso de engenharia civil da UNICAMP criaram um vídeo-resposta chamado Tempestade em Copo D'água. Muito criativo, o vídeo-resposta contra-argumenta a exposição do tema pelos atores globais.

Assisti atentamente ao vídeo dos estudantes e confesso que ele me pareceu muito mais informativo do que o dos atores globais. Os primeiros 75% do vídeo, estão por assim dizer, impecáveis.

O vídeo desmistifica uma série de inverdades cometidas pelos atores globais como por exemplo a área inundada (51.600 hectares e não 400 mil como o anunciado). Também menciona o correto posicionamento da usina (não acima do P. Indigena do Xingu, mas abaixo)

Outras inverdades oportunistas são anunciadas em blogs e redes sociais, como por exemplo, a expulsão de 40 mil indígenas. Segundo o CIMI, há na verdade UM povo que tem sido oportunísticamente denominado ARARA pela FUNAI, sob pretexto de deslocá-los para outra área. Os demais povos, inclusive os do Xingu, seriam afetados de maneira indireta, não pela inundação de suas terras, mas por sérios danos em suas fontes de subsitência, especialmente a pesca.

Inclusive, a foto divulgada em redes sociais de Raoni chorando pea liberação da usina, seria outra inverdade. Esta foto seria do ano passado e Raoni estaria chorando pela morte do sertanista Orlando Villas Boas.

Também não me rendo ao oportunismo eco-capitalista que tenta jogar o peso todo nas costas do PT e da presidente Dilma. Faço minha crítica de que o governo deva marchar "mais à esquerda" junto com os povos e grupos sociais que historicamente se apoiaram.

Ainda assim, sou contra

O problema conceitual do vídeo feito pelos estudantes começa quando se fala sobre "compensação" aos povos afetados pela barragem. Ora, falar em "compensação" demonstra o chauvinismo com que nossa sociedade trata quem não comunga dos mesmos valores.

O que significaria "compensar" os povos que a partir da construção da barragem terão dificuldade em conseguir alimento (peixe) dos rios? Uma "bolsa-sardinha" para eles comprarem enlatados no supermercado mais próximo?

Só pode fazer uma proposta destas quem não conhece a dignidade de alimentar seus filhos com o peixe que se pescou do rio.

Nossa sociedade é tão porca, tão miserável e hipócrita que primeiro retira dos povos indígenas a condição de viverem do jeito que viviam a milhares de anos antes do contato: da subsistência da natureza. Depois, quando não há mais peixe e as terras são poucas para o plantio, aí damos a eles sacolões ou obrigamos a que se tornem agricultores evangélicos e ordeiros, aumentando gradualmente a sua dependência de programas federais. Aí então os chamam de "preguiçosos".

O atual governo poderia demonstrar sua preocupação com os povos indígenas, por exemplo, solucionando os conflitos por terra que tem vitimado lideranças indígenas do povo Caiowá no MS.
Pressionados pela proverbial ganância do agro negócio, do gado e da soja, muito pouco sobrou a este povo a quem o Brasil tem uma dívida histórica, pois fazem parte do grande tronco Tupi-Guarani língua que emprestou as palavras com que hoje denominamos mais de 80% da geografia de nosso país e mais 90% da nossa fauna e flora. Povo que nos ensinou a cultivar a macaxeira, a dormir em redes e a conhecer e reconhecer centenas de espécies de plantas e árvores frutíferas, medicinais e venenosas.

Logo virão também aqueles que emprestam o discurso nacionalista para fazer a defesa da construção de Belo Monte, alegando que os contrários à sua contrução fazem a vontade do interesse estrangeiro na Amazônia.

Muito bem, também sou contra a ingerência estrangeira na Amazônia. Mas ainda assim, o que dizer dos povos indíegnas? Quem mais brasileiro do que eles para defender o chão onde vivem há séculos ou milênios?

Se são os índios "manipulados" por Ongs, deveríamos então nos envergonhar, pois nossa sociedade e nosso governo perderam a capacidade de diálogo com estes povos, que sem terem sua voz ouvida são por assim dizer "empurrados" para que as tais Ongs representem seus interesses.

Quem defende a tese nacionalista, deveria também lembrar que a maioria dos projetos de desenvolvimento previsto para a Amazônia (brasileira, peruana, boliviana e colombiana) também fazem parte de um programa internacional, o IIRSA (traduzindo: Integração Regional da Infra-Estrutura Sul-Americana). Seus críticos dizem que ela (a IIRSA) irá favorecer as empresas transnacionais e promover ainda mais o empobrecimento e a subserviência dos povos das Américas. Basta lembrar que o IIRSA foi idealizado dentro do contexto da ALCA (vc se lembra do que é a ALCA, não?)

Os argumentos em favor da construção da usina, são sim, consideráveis, principalmente se levado em conta que as termoelétricas movidas a óleo diesel da região norte são muito poluentes.
A necessidade de energia em nosa sociedade, dispensa argumentação.
No entanto, nenhum destes argumentos pode se sobrepor ao direito adquirido por estes povos e se quiseremos compartilhar este mundo com eles, temos que aprender a respeitar um outro ponto de vista, sua própria visão de mundo, e quem sabe, num futuro, não tão distante assim, possa ser esta a visão de mundo que irá nos guiar para sair do abismo em que com a nossa cegueira, estamos nos metendo.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O capitalismo entrincheirado


Pela primeira vez, em 10 anos de Juruá, tive vontade de estar em SP. Não foi pela pizza nem para escutar o sotaque das moças da Móoca, "belo".

Mas principalmente porque ocorre no mundo inteiro uma forte reação ao capitalismo mundial e no Brasil, o olho deste furacão, mais uma vez , é SP.

Felizmente, o facebook, tem permitido que acompanhe as discussões que estão ocorrendo na USP, epicentro do atual movimento.

Tenho participado de grupos de discuções em que estão presentes diversas tendencias políticas, desde os de extrema esquerda (como o LER-QI - facção Trotskista) , até os de extrema direita (como a Opus Dei- católicos ultra-ortodoxos).

Percebi, pelas postagens que existe na verdade, um grande grupo de estudantes universitários que se encontra sem representatividade, mas que defendem reformas de caráter social-democrata na educação. Sãos os órfãos do PSDB, partido que abandonou a plataforma social-democrata patra abraçar o neoliberalismo, desde o governo Itamar.

O recrudescimento da violência policial contra os manifestantes e o reaparelhamento das doutrinas de extrema direita (inclusive o nazi-fascismo) são reflexos daquilo que José Serra afirmou depois de perder as eleições: "criamos uma trincheira".

Afastado, o PSDB paulista é hoje um grupo político entrincheirado no poder que abriga o que existe de mais conservador e a reacionário, como a bem citada Opus Dei, da qual Geraldo Alckmim faz parte.

Sem argumentos para defender o ideário neo-liberal, só resta o uso da violência, tão bem simbolizado nesta atitude de Zé Serra.

Hoje é maio de 68

Os atuais movimentos anti-capitalismo ao redor do mundo se assemelham muito mais com maio de 68 do que outubro de 1917.

Os movimentos revolucionários iniciados em maio de 68 em Paris espalharam-se pelo mundo inteiro, incluíndo o Brasil, já sob regime ditatorial (prontamente sufocado pelo AI-5) e o centro do capitalismo mundial, os EUA.
O Partido Comunista Francês foi contra o movimento e articulou o retorno do conservador Charles De Gaulle ao poder, oferecendo um substancial aumento aos trabalhadores.
O lema da revolução era " A Imaginação no Poder" e não questionava somente o capitalismo, mas também os regimes autoritários de orientação stalinista no leste europeu. Questionava-se até, as bases do pensamento cartesiano. Uma verdadeira injeção de loucura e imaginação que ameaçava tanto o capitalismo quanto o socialismo soviético. Tanto que resultou também na Primavera de Praga, movimento liderado por intelectuais reformistas do Partido Comunista Tcheco, interessados em "desestalinizar" o país, removendo os vestígios de despotismo e autoritarismo, consideradas como aberrações no sistema socialista.

Do outro lado do mundo, o movimento da contra-cultura dos EUA fazia uma auto-crítica feroz do sistema capitalista e das suas conseqüências para a individualidade e a coletividade. Em última análise uma crítica ao pensamento protestante calvinista que é a base teológica que fundamenta o capitalismo. Os EUA sempre usaram o mito da "liberdade" para defender o sistema capitalista, mas a busca pela liberdade leva a implicações que ameaçam a ordem no mesmo sistema capitalista.

O resultado não poderia ter sido outro: no leste e no oeste a reação foi massacrar as manifestações. Em Praga, os tanques soviéticos acabaram com os sonho de um socialismo com liberdade e nos EUA, os anos de chumbo do governo Nixxon, lançou uma campanha que aliava o medo do comunismo com o conservadorismo protestante na retomada dos "bons costumes" da América. No Brasil e na AL o cacete foi mais violento com prisões, torturas e mortes de milhares de pessoas.
O movimento revolucionário foi esmagado. Vieram os anos 70 e houve um crescente processo de individualização. "a revolução interna", muitos diziam. Experimentalismo musical, trancendência espiritualista e etc. Os anos 80 foram a década do cinismo Yupie em que tudo vale a pena para se dar bem, trabalhar ganhar dinheiro e consumir. Nos anos 90, a derrocada da experiência socialista no leste europeu, serviu para alimentar o discurso da vitória do capitalismo e do "fim da história"(tese de Fukuyama).

O fato é que Marx estava certo. Pelo menos em um temas centrais de sua exposição em "O Capital" Marx afirma que o próprio capitalismo iria produzir a semente de sua superação. Ele não fala de revoluçao armada para promover revolução, isto é posterior, é Lenin.
Digo isso, por que a popularização do acesso à informação promovida pelas novas tecnologias (leia-se internet e redes sociais). É exatamente isso: a tese produz nela sua antítese e daí a síntese. Não é muito diferente do que os taoístas diziam 5 mil anos antes.
Ou seja o "dejá vu" que estamos assistindo não é fruto de utopias inocentes, mas apenas a retomada de um processo que foi sufocado em 68. Hoje será bem mais dificil fazê-lo, pois a universalização do acesso à informação é um processo sem volta.

Embiaras

Estado da Floresta

Marcos Afonso (diretor da Biblioteca da Floresta) e Dani da Corso (fotógrafa profissional) conversam após lançamento do livro Acre - Um Estado Florestal de autoria de Nelson Liano Jr. e Dani da Corso. O livro mostra as florestas estaduais e a sua riqueza. Para o filósofo Marcos Afonso, o diferencial do livro é retratar não apenas a beleza cênica, mas o ser humano que vive neste meio. "de todas as riquezas do Juruá, a riqueza humana é talvez a maior" diz sempre o jornalista Nelson Liano Jr.Uma lição ensinada por Chico Mendes, que ainda é vivida com toda sua intensidade no Vale do Juruá.

Luzes de Natal

Ascenderam-se as luzes ontem no Palácio Rio Branco e em todo centro da cidade.
Um evento bonito, mesmo para quem como eu, já não se sensibiliza tanto com a festividade. Mesmo vivendo há dez anos no estado, ainda me encanta o sentimento aconchegante de familiaridade que se vive aqui. Houve uma pequena cerimônia ecumênica em que estiveram representados os católicos, através do padre
Asfury, os evangélicos através do dep. Walter Prado e os xamanistas através de Zezinho Kaxinauá. Hauch!



"Grafiteiro Gospel"

Bonito o trabalho do artista plástico Matias Souza. Suas obras trazem uma inspiração evangélica, da qual ele tira um interpretação muito pessoal de passagens bíblicas e uma releitura dos textos através da realidade atual. Grafiteiro de rua, Matias passou também a pintar telas com a técnica da aerografia. " É uma viagem" diz o artista evangélico. "
A matéria vai ao ar pela TV Juruá na próxima semana.