quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Gêngis Kan: O Império Xamânico da MERITOCRACIA



Muitos autores, estudiosos de História da Guerra já se debruçaram sobre a história do povo mongol para tentar explicar como hordas de cavaleiros-arqueiros iletrados conquistaram praticamente toda a Ásia, derrubando impérios e submetendo civilizações mais avançadas. O primeiro a cair sob o peso da cavalaria mongol foi a milenar China. Nem mesmo a Grande Muralha conseguiu deter o avanço do exército de cavaleiros de Tamurdin. Segundo alguns autores, Gêngis Kan teria conseguido transpor a muralha com a ajuda de três burros.

Os três burros carregavam ouro e subornaram a guarda chinesa, cujos vínculos de lealdade com os pedantes mandarins já haviam deteriorado o suficiente para aceitar a generosa oferta dos mongóis.

Para alguns autores, o maior feito de Gêngis Kan, contudo, foi a unificação das tribos mongóis e o estabelecimento de uma meritocracia entre os guerreiros de seu exército.

As tribos mongóis viviam em constante estado de beligerância, o que impedia a criação de um estado unificado. Outro problema era na hora da divisão do butim que acabava nas mãos de uma elite de nobres que nem sempre eram os mais dedicados na hora da batalha. Gêngis Kan acabou com isso, passando a dividir os despojos das batalhas entre aqueles que mais haviam se empenhado durante a batalha.

A nomeação aos cargos de comando e posteriormente, de governo, deixou de obedecer a critérios de parentesco, e passaram a levar em consideração, unicamente o talento e o empenho de cada um. O novo sistema de promoção no exército, trouxe nova motivação, fazendo com que cada soldado em campanha, desse o melhor de si.

Uma lição que o iletrado Gêngis Kan ensinou aos ultracivilizados chineses. Lição, aliás que já havia sido ensinada por Confúcio, 800 anos antes, mas que havia sido olvidada pelo império dos mandarins durante a dinastia Song.

Império Xamânico

Um dos pontos interessantes do Império Mongol (é preciso que se diga, de curta duração) é de que foi o único império da história, por assim dizer, xamânico.

Em sua expansão, os mongóis tomaram contato com grandes religiões: o islamismo, o budismo e o cristianismo (por meio dos pastores nestorianos) e ainda que tenham havido conversões, a cúpula do poder permaneceu fiel ao tengriismo uma modalidade xamânica que tem no “Senhor do Céu” (Tengri) a sua divindade suprema.

Apesar desta fidelidade ao xamanismo, os súditos dos reinos submetidos por Gêngis Kan, gozaram de relativa liberdade religiosa, o que de fato serviu tanto aos propósitos do cristianismo, que penetrou em regiões antes proibidas do mundo islâmico, quanto do próprio islamismo que avançou em direção à leste.

Mesmo este império de iletrados trouxe suas vantagens: a unificação da administração imperial sobre grandes extensões de terra na Ásia possibilitou um comércio mais seguro entre as regiões da Rota da Seda e a livre circulação de pessoas e mercadorias. Desta situação se beneficiou Marco Polo, que chegou à China durante o reinado de Kublai Kan.

Curiosidades:

1- Duas palavras de origem mongol que usamos até hoje: Horda (de Yurt, que significa tenda familiar) e Iogurte, bebida láctea muito apreciada pelos mongóis.

2- Gêngis Kan é citado em primeiro lugar entre os 10 homens mais ricos da história, acima de John D. Rockefeller, 2º colocado. Bill Gates aparece somente em 21º lugar. Confira a lista

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