quarta-feira, 27 de junho de 2012

Um novo defensor do meio ambiente: o povo

Até recentemente, as reportagens de cunho ambiental tinham como protagonistas os analistas ambientais em suas ações geralmente truculentas e impopulares, ou ambientalistas bem-intencionados, mas distantes da realidade.


A política ambiental  foi criada de dentro de gabinetes com ar condicionado, por "comedores de soja" que simplesmente não entendem a necessidade que as pessoas que vivem na floresta têm de caçar e pescar. O resultado foi a tremenda impopularidade do IBAMA junto à população, com reflexos políticos nefastos para os políticos da situação.

Desde o final do ano passado, quando o escritório do IBAMA foi fechado sob a alegação de "pouco trabalho", têm se avolumado toda sorte de denúncia sobre práticas predatórias de caça e pesca.

A diferença é que desta vez  as denúncias e reclamações não partem do "Greenpeace", da SOS Amazônia ou de nenhum outro "comedor de soja", mas das comunidades diretamente afetadas pela caça e pesca predatória. A finalidade comercial destas atividades, feitas sem o devido cuidado e planejamento já começam a resultar em déficit de proteína animal na nutrição de crianças em fase de crescimento.


Com isso, há cerca de 15 dias, temos recebido quase que diarimente denuncias de moradores, em especial do rio Alagoinha, de que a caça está sendo praticada com grande intensidade na área.
Leia reportagem:  

Ribeirinhos ameaçam interditar BR-364 por falta de fiscalizaçao ambiental em comunidades

Hoje pela manhã fui especialmente sensibilizado pela situação de uma criança, um menino de 7 anos, com visíveis problemas de nutrição. Enquanto isso, nos bairros de Cruzeiro do Sul, a carne de caça voltou a ser vendida quase que livremente, por ambulantes que percorrem os bairros com isopores anunciando as igarias da selva.

Enquanto so caçadores comerciais fazem a festa caçadores e pescadores que dependem destas atividades para sua subsistência clamam por uma ação dos órgãos ambientais. 


O MP já tem acumulado evidências de que o IMAC, a pesar dos esforços continuados de seus técnicos e fiscais, não está conseguindo dar conta do problema.

Parece inevitável que o IBAMA  volte a atuar em Cruzeiro do Sul. Mas não precisamos de novas ações truculentas e desproporcionais em que a carne da panela é jogada ao rio. Precisamos trilhar um caminho mais dificil: não apenas implantar uma política ambiental que agrade à mídia nacional e internacional, mas CONSTRUIR uma política ambiental junto à população.

Precisamos abandonar as diferentes hipocrisias que cercam o tema: a hipocrisia dos "comedores de soja" (quantos hectares de floresta precisam ser destruídos para alimentar um vegetariano?) e também a hipocrisia da sociedade "bovinofílica" que destrói a floresta para criar gado e depois adentra no que restou para caçar os animais também (o meu é meu, e o teu, é nosso!).

Uma alternativa sugestiva seria o manejo e criação de animais silvestres, também para fins comerciais (por que não?).  

Segue aqui um link com informações bem abreviadas sobre o tema Criação de Animais Silvestres (capivara, paca e jacaré) Há extenso material na internet e pesquisas da Embrapa.(sobre a criação de catitus).

Segue também link do IBAMA com portaria que regulamenta a criação de animais silvestres para finalidade comercial.  

OBS: A foto publicada foi retirada do site Povos Indígenas do Brasil.   

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