segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Professores Kaiowá e Guarani se posicionam sobre matéria da Revista VEJA

NOTA DA COMISSÃO DE PROFESSORES KAIOWÁ GUARANI SOBRE REPORTAGEM DA REVISTA VEJA

Ao contrário do que escreveram os jornalistas da Revista VEJA, Leonardo Coutinho* e Kalleo Coura, quem luta pelos territórios tradicionais é sim o povo Kaiowá e Guarani. Somos nós que estamos retomando nossos territórios antigos.

A matéria publicada foi racista, preconceituosa, discriminatória, estimulou o ódio contra os povos indígenas. Tenta desmotivar o nosso povo, ignora que nós temos língua própria, sentimento próprio, natureza própria. Não fala que a gente sabe o que a gente quer. Acaba colocando as pessoas contra nós, não a favor.

A revista VEJA não está a serviço dos indígenas, nem dos mais pobres. Está a serviço de quem manda. Age com coronelismo. Parece estar a serviço de quem paga.

Os jornalistas precisam estudar mais um pouco. Conhecer o que é índio, o que é cultura, o que é tradição, o que é história, o que é lingua, o que é Bem Viver. A terra, para nós, é o nosso maior bem viver, coisa que ainda a imprensa não entendeu muito bem. Não entendeu que é possível escrever coisa boa sem prejudicar.

O povo pobre não tem acesso à imprensa, quem tem são os latifundiarios e os emrpesarios. São eles que comandam. Nós somos brasileiros, somos filhos da terra. É preciso valorizar todas as culturas, o que a imprensa não faz. Mas precisava fazer.

O direito à terra é um direito conquistado pelo povo brasileiro que precisa ser cumprido. E é possível fazer essa luta com solidariedade, com amor, com carinho, que é a competência do ser humano. Não é com maldade, como fez essa reportagem.

A matéria quer colocar um povo contra outro povo. Quer colocar os não-índios contra os indíos. Essa matéria não educa e desmotiva. Ao invés de dar vida, ela traz a morte. Porque a escrita, quando você escreve errado, também mata um povo.

* Para quem não conhece, Leonardo Coutinho é o célebre jornalista que publicou um depoimento falso do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro para embasar suas teses anti-indígenas.  

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