segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

"Xamanismo esta virando uma galinha de ovos de ouro", alerta Huni Kuin


 Professor Tuwe Huni Kuin alerta: nem todos que se dizem pajés, de fato o são.

NEOSHAMANISMO INDIGENA

Gostaria de aproveitar esse meio de comunicação e compartilhar essa mensagem de uma maneira bem direta e objetivo, com todos vocês que acompanham as informação através dos meios de comunicao e das rede sociais espalhadas ao redor do mundo.

Em primeiro de tudo, gostaria de agradecer a Natureza que e a Nossa Mae Terra, por esta dando essa oportunidade de nos encontrarmos nessa jornada de vida pessoal, profissional, politica, institucional, cultural, espiritual e no mundo virtual.

Saudações aos amigos que me conhecem e para quem não me conhece, sou Tuwe Inu Bake, pertenço ao Povo Huni Kuin - Terra Indígena Kaxinawa do Rio Humaitá, localizado no Município de Tarauacá-Acre, Brasil. Sou filho da Liderança tradicional Vicente Sabóia. Sou Agente Agroflorestal, formado pela Comissão Pro-Indio do Acre - CPI/Acre. Sou também um cineasta indígena que atualmente estou trabalhando em um filme de longa metragem sobre os povos isolados. Sou uma jovem liderança do meu povo, me considero um embaixador, articulador e porta-voz do meu povo.

Desde 1999, estou dando continuidade no trabalho que meu pai inicio na época dos patrões seringalistas. Hoje meu velho Pai esta apenas nos orientando de como devemos proceder para guiar nosso povo e fazer articulação política dentro e fora da aldeia.

Nosso povo Huni Kuin conhecido também como Kaxinawa, e a população mais numeroso do estado do Acre, distribuídas em 12 T.Is por mais que e de um único povo mais quando muda de uma Terra para outra existem a suas diferenças muito grande na organização interna e externa em vários aspectos.

Dentro nosso contexto Histórico estamos vivendo em 05 momentos Diferentes ( Tempo da Maloca, correria, Cativeiro, direito e agora estamos vivendo no que e nosso) sobre tudo em um outro dilema totalmente diferente, muitas coisas foram boas mais muitas coisas foram ruim a parti do momento que passamos a ter contatos com o mundo Ocidental.

Atualmente, estou estudando Inglês na cidade de Nova York, na New York University - USA, fazendo Curso de Cinema e também fazendo articulação politica conseguindo parceria apoio para juntos podemos trabalhar em uma politica publica de uma forma coletiva e participativo para melhorar a qualidade de vida dos Povos Indígena e do Movimento social,

Desde muito jovem tenho acompanhado o trabalho dos velhos pajés de nosso povo. E um trabalho muito serio, porque eles dedicam toda uma vida de aprendizagem, uma vida dedicada a servir as pessoas e bendizer a comunidade... Os pajés são gente muito humilde, mais de muito conhecimento e poder espiritual. Nossos Yuxibus sãos pessoas que apesar de ter muito conhecimento, eles não se orgulham e nem se apresentam como grande conhecedores da nossa espiritualidade. Eles não precisam de reconhecimento, eles não precisam se pintar e usar cocares de mais 3 metros de altura e encher o pescoço de colares para dizer que são pajés... A própria natureza e nosso povo reconhece e respeita eles. Assim, os pajés levam a vida deles na floresta, são os verdadeiros guardiões do conhecimento ancestral de nosso povo.

Como jovem que prezo pela preservação e fortalecimento do conhecimento tradicional, vejo com muita tristeza que esse conhecimento que nos foi dado pelo grande criador desde os tempos imemorias aos nossos ancestrais através dos pajés, esta sendo vulgarizado pelos mais jovens que dizem serem pajés. Estão viajando o mundo enganando as pessoas. Esses jovens nao tem nenhum tipo de respeito com o conhecimento dos mais velhos, esses jovens se dizem ser pajés e saem viajando para encantar as pessoas com nossos cantos sagrados, fazem curas sem nunca ter aprendido como fazer uma cura. Sobre tudo se aproveita de uma oportunidade para ser engrandecer ou apenas se aparecer no meio de um publico que ainda tem muito que aprender sobre os povos Indígenas e sua Cultura.

A toda hora vimos anúncios de jovens Hunikui e de outros povos panos nas redes sociais como facebook e outros, anunciando cerimônias de curas. inventando cantos, inventando rezas e inventando rodas de curas.

Não culpo apenas os jovens, culpo também pessoas de ma fe que utilizam esses jovens também angariar fundos para uso próprio. Sendo manipulados por certas pessoas, misturando uma coisa com a outra como por exemplo; amizade, profissional, cultural, espiritual ate mesmo amizade mais intimos, isso esta sendo muito ruim, para nosso Povo.

Não existe nenhuma conexão com o pensamento coletivo da comunidade. Enquanto os verdadeiros pajés estão na aldeia, esses jovens viajam enganando as pessoas... Fico aqui me perguntando, e fácil enganar as pessoas deste jeito... Se alguém chegar na aldeia e se apresentar como ministro do Brasil, no mínimo eu vou me informar sobre de onde ele veio, quem e ele e o que ele veio fazer na minha aldeia, antes de convocar meu povo para ter uma reunião com ele.

E preciso ter muita cautela, pois manusear nossas bebida sagrada sem nenhum preparo, em vez de trazer paz e harmonia pode trazer muita coisa negativa.

O shamanismo virou uma maneira fácil de ganhar dinheiro, por isso a cada instante estão aparecendo pessoas saindo para viajar para o sul do pais em busca do dinheiro fácil. Muitas vezes saem da comunidade nem ninguém saber para onde vão, voltam com a bolsa de dinheiro e ficam semanas no município gastando o dinheiro ganho com a espiritualidade com cachaça, mulher e outras ilusões da vida do homem branco.. Bem controversial porque enquanto estão viajando, se apresentam como o índio espirituoso, o puro, quando voltam parar seus municípios não passam de pessoas inrresponsaveis sem compromisso com sua família, sua comunidade e seu povo.
Quero fazer uma alerta a estas pessoas que estão promocionando este tipo de coisa que vocês não estão ajudando a organizar nosso povo, vocês estão ajudando a desestruturar nossas comunidades.. Vocês estão contribuindo para jovens saírem de suas aldeia e não quererem mais retornar para continuar com a vida de aldeia.. Muitos deles viajam e ficam gastando todo o dinheiro no município e já recebem um outro convite para fazer outra viagem, muitos deles nunca mais retornam pra aldeia e ficam entre as viagens do sul do pais e os municípios de suas terras indígenas.

Isto tudo esta deixando a gente muito a desejar, não e um bom exemplo que estamos vivenciando, pois nos seremos os espelhos da futura geração, se comportamos assim que exemplos vamos ensinar para nossos filhos. Não queremos generalizar nosso ponto de vista, queremos apenas lançar um alerta de um problema que estamos vivendo. Assim, como existe pessoas não-indigenas inrresponsavel, também temos indígenas inrresponsaveis, que por conta deles, levamos a culpa de sermos `caboclos inrresponsabeis`. No meio de tudo isto, existe pessoas não indígenas honestas e serias que querem mesmo apoiar e ver a autonomia e qualidade de vida dos povos indígenas. Mais e preciso distinguir quem e serio e quem não e, quem tem sua postura, ética, maturidade, responsabilidade e compromisso, Pois se continuar como esta indo os povos indígenas vão perder sua moral e perder muitas oportunidades de apoio para suas comunidades.

Sabemos que tem muita gente querendo ajuda os povos Indígenas, e bem vindos todas as parcerias, apoio seja o que for, mais precisamos ter clareza de que forma podemos ajuda melhor de uma forma coletiva e participativa sobre tudo construtivo, porque caso ao contrario podemos atrapalhar ou prejudicar muito mais.

Estou falando isso nao querendo ser melhor do ninguém, porque nao sou, claro que cada um tem suas diferença e qualidades, nem tenho intenção de prejudicar ou atrapalhar e nem desfazer de ninguem,
Quem quiser acha ruim pode acha mais minha parte estou fazendo.
Com uma intençao de ajuda melhorar esse novo momentos que estamos vivendo da transformação, Autonomia, impoderamento e interculturalidades.

Nilson Saboia
Tuwe Huni Kuin
New York – 27.12.201

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