terça-feira, 27 de agosto de 2013

'Grandes corporações promovem uma ditadura do alimento', diz ativista indiana

Considerada a inimiga número 1 da indústria de transgênicos, a física e ativista indiana Vandana Shiva afirma que há uma ditadura do alimento, onde poucas e grandes corporações controlam toda a cadeia produtiva. E dá nome aos bois: Nestlé, Cargil, Monsanto, Pepsico e Walmart, entre outras.
"Essas empresas querem se apropriar da alimentação humana e da evolução das sementes, que é um patrimônio da humanidade e resultado de milhões de anos de evolução das espécies."
Crítica feroz da biopirataria, Shiva ressalta que a única maneira de combater o controle sobre a alimentação é o ativismo individual na hora de consumir produtos mais saudáveis e de melhor qualidade.
*
Folha - É possível alimentar o planeta sem usar transgênicos?
Vandana Shiva - O único modo de alimentar o mundo é livrando-se das sementes transgênicas. Essas sementes não produzem alimentos, mas commodities e produtos industrializados. Não são alimentos saudáveis, que nutrem as pessoas, têm uma história e uma cultura...
As pequenas fazendas produzem 80% dos alimentos comidos no mundo. Apenas 10% dos grãos de milho e soja são comidos por pessoas; o resto vai para os carros, como biocombustíveis, e para os animais. É possível elevar esses 80% para 100% protegendo a biodiversidade, a terra, os fazendeiros e a saúde pública. Como isso poderia ser a solução para fome? É apenas por meio da agroecologia que a produtividade agrícola pode crescer e alimentar o mundo.
Como as corporações dominam a cadeia alimentícia?
As sementes são controladas pela Monsanto por meio dos transgênicos; o comércio internacional de alimentos é controlado por cinco empresas gigantes; o processamento é controlado por outras cinco, como a Nestlé e a PepsiCo; e o varejo está nas mãos de gigantes como o Walmart, que gosta de tirar o varejo dos pequenos comércios comunitários, que têm conexões diretas entre os produtores de comida e os consumidores.
São correntes longas e invisíveis, onde 50% dos alimentos são perdidos. Temos, sim, uma ditadura do alimento.
Como as corporações chegaram a esse domínio?
As corporações estão escrevendo as regras e se tornando os governantes. Os direitos intelectuais acordados entre as organizações mundiais foram escritos por empresas como a Monsanto. Para eles, o problema era que os fazendeiros estavam guardando as sementes. Guardar sementes agora é um crime de propriedade intelectual.
Como mudar esse cenário?
A única maneira de reverter essa situação é cada pessoa se tornar responsável por aquilo que come. E o que nós comemos decide quem somos, se nosso cérebro está funcionando corretamente, ou nosso metabolismo está saudável ou se, por conta de micronutrientes, estamos nos tornando obesos.
Chamo isso de anticomida, porque a comida deveria nos nutrir. A comida mortal que as corporações estão trazendo para nós destrói a capacidade do alimento de nos nutrir e no lugar disso está nos causando doenças mortais.

Fonte: Folha de S.Paulo

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

UDV: Os desafios de uma jovem religião ayahuasqueira

*Cláudio Naranjo

HISTÓRIA DA UNIÃO DO VEGETAL POR UM MEMBRO ANÔNIMO DA UDV

Conheço muitos membros da União do Vegetal que, apesar de seu prestígio dentro da instituição, fazem sérias críticas à mesma. Abaixo reproduzo o testemunho de um dos integrantes mais respeitados da UDV, a quem pedi que escrevera suas reflexões sobre o que parece ser uma contra corrente dentro da instituição. Por esta razão, me pediu que respeitasse seu anonimato.

HISTÓRIA: QUALIDADES, INCONVENIENTES E LIMITAÇÕES
A história da União do Vegetal começou em 1959, quando um homem de origem humilde chamado José Gabriel da Costa, conhecido mais tarde pelo nome espiritual mestre Grabriel, entrou em contato com a ayahuasca num seringal. Ao beber o chá começou gradualmente a recordar sua missão de unir as pessoas em torno do “vegetal” (nome dado à ayahuasca pela UDV), ensinando através de histórias e de sua doutrina as chaves para o desenvolvimento espiritual.
No começo da UDV a presença do mestre Gabriel, um homem muito carismático, brindava seus discípulos com um grande impacto transformador. Desta época se contam histórias incríveis. Ele ajudou a transformar a muitos dos seus primeiros discípulos, alguns rudes e desequilibrados, em pessoas de bem, mais equilibradas e conscientes. Alguns deles receberam os ensinos diretamente do mestre Gabriel, como o mestre do vegetal. Um exemplo é um homem cuja valentia foi colocada em dúvida e quis cortar o dedo e mastigar-lo para provar que era macho. Eram essas as pessoas que enfrentava mestre Gabriel. Quando Gabriel morreu, foram esses homens que levaram seus ensinos a diante.
As palavras de M. Gabriel sempre foram muito claras. De uma sabedoria fora do comum, ele alcançava altos níveis de compreensão através de uma linguagem simples, direta e minimalista. Desta forma conseguiu uma comunicação com todos os níveis de compreensão (assim é a sabedoria cabocla: a palavra e a mensagem devem vir de tal maneira que as possam compreender tanto uma pessoa inculta quanto um homem letrado.)

O mestre tinha o dom de conduzir as pessoas aos mundos transcendentais para experimentar a realidade espiritual. Em seus ensinos podemos encontrar as mesmas verdades que no budismo e o cristianismo esotérico.

Depois de distribuir e ensinar a ayahuasca durante quatro anos dentro da selva amazônica, M. Gabriel se instala em Porto Velho e concretiza a religião que criou. A UDV cresce rapidamente e o mestre e seus seguidores criam uma associação: o Centro Espírita Beneficente União do Vegetal. Elaboram um estatuto e leis para regular as relações entre os irmãos (já que agora tinham uma irmandade), bem como a distribuição do vegetal.

Já no meio urbano, estabeleceu gradualmente uma estrutura hierárquica, que se mantém até hoje, onde a pessoa pode ascender a certos “lugares” de acordo com certos critérios. A princípio se entra como sócio e depois passa-se ao Corpo Instrutivo, onde se recebe acesso a ensinos próprios deste “grau”. No segundo escalão da hierarquia se converte em conselheiro, ou seja, adquire um grau que representa sua capacidade de abrir-se para perceber as necessidades dos outros e auxilia-los. O terceiro grau, o de Mestre, só pode ser ocupado por homens.
Depois existem outros “lugares” de maior responsabilidade, que também só podem ocupados pelos Mestres. A direção de uma comunidade da UDV cabe aos conselheiros e conselheiras e aos Mestres.

Cada grau alcançado possui ensinos particulares e outorga o direito de escutar certas “histórias”. De acordo com seu grau, os iniciados irão elucidando esta histórias, que são transmitidas oralmente de memória, da mesma maneira que no chamanismo se recebe a iniciação através de mitos e símbolos.

Esse conjunto de contos secretos revela sabedoria. Atende a muitos níveis de compreensão, desde o literal até uma rica simbologia cuja total compreensão nem sequer os Mestres conseguem discernir. 
Além disso, falamos de uma cultura que tende a reproduzir certas interpretações sem se aprofundar em seu verdadeiro significado oculto, que somente pode ser compreendido por uma maturidade espiritual.

Existe, hoje em dia, um ensino que somente é dado aos Mestres. As mulheres seguem sem poder escutá-lo. Imagino que isto seja uma forma de afirmar o poder masculino. Podemos dizer, portanto, que se trata de um sistema hierárquico e patriarcal.

O aumento gradual no número de sócios despertou a atenção das autoridades, que tentaram impedir a distribuição do vegetal. Desde então começou uma luta constante pela liberação do chá, que culminou em sua liberação atual. É importante destacar o papel fundamental da UDV na liberação dos direitos legais de uso da ayahuasca em contextos ritualísticos-religiosos no Brasil e nos EUA. Hoje em dia, a UDV tem suas atividades legalizadas e presta importantes serviços nas comunidades onde tem suas unidades administrativas, desde serviços para seus sócios até ações beneficentes nas comunidades carentes, recebendo assim o título de Utilidade Pública Federal.
A expansão da UDV vem se dando de maneira vertiginosa nos últimos anos, chegando hoje a mais de quinze mil sócios, distribuídos em núcleos por todo país. Ainda que a estrutura criada pelo seu fundador tenha sido preservada nos mais mínimos detalhes operacionais, muitas coisas mudaram depois de sua morte. Imagino que todo o processo em prol da legalização do chá, que demorou muitos anos para se efetivar, possa haver contribuído, a meu modo de ver, para uma perda recente da abertura para viver experiências mais transcendentais e misteriosas, tão presentes na UDV dos tempos antigos.

Podemos citar Max Weber: “A instituição é a morte do carisma.” Pois com o passar do tempo, a UDV se especializou em garantir às autoridades que estaria dentro da ordem institucional do país, e criou normas em seu seio que reprimiam de forma autoritária a liberdade da expressão espontânea do Ser. Penso que, ainda que tenham havido muitos esforços por parte de seus discípulos para manter a cultura cabocla que nos legou mestre Gabriel, muito mudou desde então. Parece que se perdeu parte da liberdade. Já não se pode, por exemplo, beber o vegetal na natureza (lugar de onde vem as plantas sagradas), nem tampouco participar de rituais de outras religiões que fazem uso do vegetal. Algumas decisões que vem do “Grande Conselho”, constituído pelos mestres formados pelo próprio M. Gabriel, parecem querer tirar dos dirigentes a capacidade de utilizar seu critério pessoal na resolução de alguns conflitos locais.
Os mestres da atual União do Vegetal tem que constantemente lidar com o poder. As vezes, alguém que ocupa este lugar pode confundir o lugar de Mestre com seus próprios pensamentos e passar a utilizar seu posto como forma de impor suas verdades.
Desta forma, o caminho e a vivência  espiritual ficaram em segundo plano. Tal situação é motivo de questionamentos no próprio âmbito da UDV, pois todos, inclusive os mais antigos, percebem que atualmente o efeito do chá perdeu parte de sua intensidade. De fato, o ritual as vezes mais parece uma doutrinação, pois se tornou demasiado intelectualizado. Em geral, há um controle excessivo e uma falta de confiança básica no processo de cada um, no poder auto-regulador que o chá estimula.
Está claro que alguns ensinos do Mestre que permitiam a manifestação do carisma foram interpretados de maneira que manteve seus membros sob a tutela dos dirigentes, demasiado preocupados em manter a ordem estabelecida.
Como em toda sociedade patriarcal, a UDV pretende instaurar a retidão na vida das pessoas para colocar cada um em seu devido lugar. De fato, muitas pessoas que chegam desestruturadas, com dependência química de álcool, cocaína ou crack, deixam de se drogarem graças ao uso do vegetal.
Desta maneira, a UDV oferece um grande serviço à sociedade e seus cidadãos, pois goza do dom de recuperar membros desestruturados. Porém, é evidente que existe pouco trabalho sobre “si mesmo”. A maioria dos membros da UDV se desenvolvem até certo ponto e depois não sabem discernir entre o que é o ego e o que é a retidão. Misturam o ego e a espiritualidade. Não há discernimento para separar o ego do Ser. Se preocupam, isso sim, em discernir do bem do mal, de acordo com suas rígidas normas, mas desconhecem os motivos pelos quais se vem sempre obrigados a lidar com conflitos, desavenças e toda sorte de temas egóicos que permeiam os membros e as relações entre eles e que impedem o desenvolvimento pleno das potencialidades das pessoas.
Desta maneira, as ricas experiências produzidas pela ayahuasca não são elaboradas ou compreendidas na totalidade de seu precioso simbolismo e tenho a impressão de que vai passando o tempo e tudo segue igual.
Na UDV não dá atenção aos fenômenos corporais que surgem sob o efeito do chá. A expressão corporal não é vista com bons olhos e não é permitido dançar nos rituais. Os rituais, atualmente, tendem a privilegiar o campo intelectual, sem favorecer uma abertura para outras dimensões que alcançam além do intelecto.
A UDV é uma religião muito jovem, com pouco mais de cinquenta anos, que enfrenta uma série de dificuldades inerentes a seu crescimento acelerado e também no que diz respeito à sua mais alta finalidade, que é proporcionar crescimento espiritual unindo a seus discípulos. Seu principal desafio consiste em superar os limites impostos pela institucionalização e por sua herança patriarcal, que ainda impedem o aprofundamento do autoconhecimento e o trabalho sobre o ego. Ainda há a necessidade de promover a integração dos aspectos masculinos e femininos, tão necessários para o equilíbrio e desenvolvimento de uma espiritualidade mais plena, que inclua mais devoção, mas também compaixão e prazer.

Cláudio Naranjo é autor do Livro:  “Ayahuasca – La enredadera del río celestial”. O presente texto é uma tradução do seu capítulo X

terça-feira, 20 de agosto de 2013

A religião mais antiga do mundo

O candomblé acredita em um Deus Supremo criador do universo e nos orixás que seriam nossos intermediários na comunicação com esse Deus. Além de cultuarmos nossos ancestrais, ou seja, pessoas de nossa família que desencarnaram. E pasmem, nem se quer sabemos o que é Diabo, Demônio, Satanás, Lúcifer, pois dentro de nossa tradição, não acreditamos que Deus possua um inimigo, um rival, pois se Deus é Deus ele é superior a tudo e jamais teria inimigos.
Como descendente de Judeu que sou e por ter durante anos estudado também sobre a CULTURA JUDAICA digo, nem os Judeus acreditavam em apenas um deus, eles adoravam sim, vários deuses, segue alguns dos nomes que mais tarde foram unificados em um, por Abraão, como forma de estruturar a primeira sociedade monoteísta.
NOMES: EL SHADAY (SENHOR DAS MONTANHAS) EL ELOAH (EQUIVALENTE AO ALÁH DOS ISLAMICOS, UM DEUS PASSIVO) EL ELIOM, IAVÉ (DEUS DA GERRA E DO FOGO, NÃO É ATOA QUE NAS PASSAGENS ELE SE APRESENTAVA COMO UMA CORTINA DE FOGO E SEUS BICHOS ERAM SACRIFÍCADOS EM HOLOCAUSTO.) E vários outros, presentes nos 72 nomes de Deus na Kabalah, que na realidade, eram divindades que foram unificadas em um mesmo ser divino. 


Zarcel Ilésire Carnielli* 

É preciso entender que a África é um continente enorme e que neste continente existia e existe vários grupos étnicos, os principais que foram trazidos ao Brasil como escravos, foram, os povos Umbundo (Da região que hoje é Angola), os povos Yorùbá ou Iorubás (Da região que hoje é conhecida como Nigéria) e os Fon (Da região que hoje é Benin). Vale ressaltar que na África esses povos interagiam entre si, muito antes da chegada do homem branco e existia entre eles uma certa rivalidade. Pois bem, aqui no Brasil, todos se viram pertencentes à um mesmo grupo, ao grupo de escravos e tiveram de deixar a rivalidade de lado, para que, juntos pudessem conviver nas senzalas e assim manter viva a cultura ancestral. Pois o maior princípio das tradições africanas é manter viva a sua cultura ancestral, tanto que há um provérbio africano que diz: “O RIO QUE ESQUECE SUA ORIGEM, SECA”, logo para eles, manter a cultura ancestral viva é manter seu próprio povo vivo. 
Na época, a Igreja católica era tão intolerante quanto algumas evangélicas são hoje, e não permitia a prática religiosa do negro, mas eles, inteligentes e astutos faziam suas práticas escondidos, para que não fossem pro “chicote”. Com o passar dos anos, o poder da Igreja no Brasil foi diminuindo e os negros tiveram sua prática religiosa liberada, então, em Salvador na Bahia, foi fundado o primeiro terreiro (templo) de Candomblé, que tem sua origem na palavra Bantu (KANDOMBILE) que literalmente quer dizer: CULTO E ORAÇÃO. Na Nigéria essa religião é conhecida como ÌSÈSÈ ÀGBÀYÉ que traduzindo para o português literalmente quer dizer: A Religião mais antiga do mundo. Por se tratar de uma tradição milenar. Há um outro provérbio Africano que diz: “Orixá é muito, muito antigo, o judaísmo é antigo, o islamismo é novo e o cristianismo acabou de nascer.”
O candomblé acredita em um Deus Supremo criador do universo e nos orixás que seriam nossos intermediários na comunicação com esse Deus. Além de cultuarmos nossos ancestrais, ou seja, pessoas de nossa família que desencarnaram. E pasmem, nem se quer sabemos o que é Diabo, Demônio, Satanás, Lúcifer, pois dentro de nossa tradição, não acreditamos que Deus possua um inimigo, um rival, pois se Deus é Deus ele é superior a tudo e jamais teria inimigos.
Como descendente de Judeu que sou e por ter durante anos estudado também sobre a CULTURA JUDAICA digo, nem os Judeus acreditavam em apenas um deus, eles adoravam sim, vários deuses, segue alguns dos nomes que mais tarde foram unificados em um, por Abraão, como forma de estruturar a primeira sociedade monoteísta.
NOMES: EL SHADAY (SENHOR DAS MONTANHAS) EL ELOAH (EQUIVALENTE AO ALÁH DOS ISLAMICOS, UM DEUS PASSIVO) EL ELIOM, IAVÉ (DEUS DA GERRA E DO FOGO, NÃO É ATOA QUE NAS PASSAGENS ELE SE APRESENTAVA COMO UMA CORTINA DE FOGO E SEUS BICHOS ERAM SACRIFÍCADOS EM OLOCAUSTO.) E vários outros, presentes nos 72 nomes de Deus na Kabalah, que na realidade, eram divindades que foram unificadas em um mesmo ser divino. 
Mais tarde aparece Jesus ou Yeshua que para os Judeus de fato não é o messias, e a prova é, o Messias deveria pertencer a linhagem de Davi, logo, Maria sua mãe deveria ser descendente de Davi, mas não era o caso, quem era, era José, mas se José não era o pai verdadeiro e sim “Deus”, Jesus não tinha o sangue de Davi. 
Sobre o sincretismo, a igreja católica adotou isso para não perder adeptos, e hoje muitas igrejas evangélicas adotam, pois muitas entregam “rosas abençoadas” (ritual da umbanda), sabonetes consagrados (magia) usam sal grosso e etc... Rituais que não estão escritos nas passagens. Logo, foram trazidos de outras crenças. 
Acho curioso, por exemplo, as igrejas chamarem a Torah de “velho testamento” e rejeitarem práticas do mesmo, dizendo que Jesus é a nova aliança, mas mantém por exemplo, o dízimo em dez por cento, sendo que isto é uma prática do velho testamento, no novo pelo que me consta, cristo não pedia contribuição de nenhum fiel ou seguidor, tão pouco estabelecia uma quantia pré-determinada. Contraditório, mas faz parte.
Voltando a Umbanda, cujo o significado é “A ARTE DE CURAR”, também a etimologia da palavra é “bantu”, prática sim um sincretismo religioso, usando em seus rituais práticas do catolicismo, Kardec ismo, hinduísmo e também do candomblé. Lembremos que, o candomblé é “afro-brasileiro” ou seja, de origem africana, mas estabelecido aqui no Brasil. A umbanda já é uma religião puramente brasileira, criada e estruturada aqui. 
Logo, espero com esse texto ter elucidado nosso colega a respeito do tema levantado em sala de aula, não me senti a vontade de opinar em sala, pois não seria conveniente uma vez que, o tema da aula não era religião, mas fica registrado aqui, minha opinião sobre o tema.

Um pequeno glossário:

(BANTU É UM DIALETO FALADO PELO POVO UMBUNDO, CHAMADO DE QUIMBUNDO TAMBÉM que ocupavam o que hoje é Angola.)

"Yorùbá é a forma Iorubá de se escrever Iorubá, é um dialeto falado por um grupo étnico que vive no leste da Nigéria. São conhecidos no Brasil como Nagôs, pois era assim que os rivais se referiam à eles, pois nagô no dialeto FON quer dizer “rival”, assim como os FON são conhecidos como Jejê, pois, Jejê é como os Iorubás se referem aos seus rivais."

Existe uma oração africana que diz: E má f'ibi pe ire e má fire pe ibi (que eu não confunda o bom com o ruim nem o ruim com o bom) e o objetivo deste texto é justamente isso, não confundir, e assim livrar as pessoas de seus "pré-conceitos".


Zarcel Ilésire Carnielli é sacerdote Yorubá

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Verdes e maduros


Fábio Pontes*

O lançamento da candidatura do deputado federal Henrique Afonso ao governo pelo PV é um claro sinal da atual fragilidade política da Frente Popular e do Palácio Rio Branco.

O governo que tanto criticava a oposição por sua eterna divisão, agora também se vê às voltas com este mesmo problema. A disposição do parlamentar verde em tirar o PV da Frente mostra a fragilidade do governo Tião Viana (PT) após a operação G7.

É inconcebível um governo que se gaba de ter quase 80% de aprovação popular não ter a capacidade de manter sua base unida. A perspectiva de vitória da oposição no próximo ano é um dos principais fatores para esta dispersão.

De olho neste momento, os partidos que sempre estiveram às margens de qualquer possibilidade de ascensão na FPA já vão arrumando as malas e saindo de mansinho.

Outro fator que mostra a vulnerabilidade da então toda-poderosa Frente Popular é a saída de partidos que garantiam um bom tempo na propaganda eleitoral. Em 2014 a dificultosa campanha de Tião Viana não contará com os minutos do PR, do PSB e os segundos do PV.

Salve a Frente Popular !

Fábio Pontes é jornalista em Rio Branco

extraído os blog Política na Floresta 

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

MACONHA, PORTA DE SAÍDA?

Marcos Rolim 
Jornalista 

A epidemia de crack é um dos fenômenos mais sérios na interface entre saúde pública e segurança. O que a faz particularmente grave é a reconhecida dificuldade de superar a dependência química.
Pois bem, a Universidade Federal de São Paulo realizou pesquisa com 50 dependentes químicos de crack que foram submetidos a um tratamento experimental de redução de danos. Sob a coordenação do psiquiatra Dartiu Xavier, o grupo foi tratado com maconha. Daquele total, 68% trocou o crack pela maconha. Ao final de três anos, todos o que fizeram a troca não usavam mais qualquer droga (nem o crack, nem a maconha). Anotem aí: todos. 

Imaginei que, com a divulgação destes resultados por Gilberto Dimenstein, na Folha de São Paulo em 24 de maio, haveria grande interesse sobre o estudo. Nada. A resposta ao mais impressionante resultado de superação da dependência de crack no Brasil foi o silêncio. O uso medicinal da maconha tem sido admitido em dezenas de países, inclusive nos EUA. Por aqui, o tema segue interditado pela irracionalidade. É evidente que o consumo de maconha pode produzir efeitos danosos. Sabe-se que o abuso pode conduzir o usuário a problemas de concentração e memória e que em determinadas pessoas o uso está correlacionado à precipitação de surtos esquizofrênicos. Daí a criminalizar seu consumo e impedir experiências destinadas ao uso medicinal vai uma distância que tende a ser percorrida pela intolerância e pelo obscurantismo. 

O psicofarmacologista Eduardo Carlini sustenta que o princípio ativo da maconha pode ser útil no combate à depressão e ao estresse. O mesmo tem sido dito por cientistas quanto ao tratamento do glaucoma, da rigidez muscular causado pela esclerose múltipla, ou como apoio aos pacientes com AIDS, aos que sofrem do mal de Parkinson e aos que se submetem à quimioterapia em casos de câncer. Estudo da USP com pacientes que ingeriram cápsulas de canabidiol, um dos compostos encontrados na erva, demonstrou resultados positivos no tratamento da fobia social e na redução da ansiedade. 

As oportunidades abertas por estudos do tipo, entretanto, assim como a necessária pesquisa, estão impugnadas no Brasil por um discurso preconceituoso e por uma legislação ineficiente e estúpida. Seguimos repetindo que a maconha é “a porta de entrada” para o consumo de drogas mais pesadas, o que pode traduzir tão-somente uma “falácia ecológica” (quando se deduz erroneamente a partir de características agregadas de um grupo), vez que o universo de consumidores de maconha é muitas vezes superior ao grupo dos dependentes de drogas pesadas que se iniciaram pela canabbis. Em outras palavras: é possível que a maconha seja mais amplamente uma opção alternativa às drogas pesadas e não uma droga de passagem. Independentemente disto, é possível que a maconha seja uma porta de saída para a dependência química por drogas pesadas. O que, se confirmado, será uma ótima notícia.