domingo, 4 de outubro de 2015

Homofobia ou Fundamentalismo ?



homofobia

  1. substantivo feminino
    rejeição ou aversão a homossexual e à homossexualidade.

fundamentalismo
substantivo masculino
  1. 1.
    rel movimento religioso e conservador, nascido entre os protestantes dos E.U.A. no início do século XX, que enfatiza a interpretação literal da Bíblia como fundamental à vida e à doutrina cristãs [Embora militante, não se trata de movimento unificado, e acaba denominando diferentes tendências protestantes do sXX.].
  2. 2.
    p.ext. qualquer corrente, movimento ou atitude, de cunho conservador e integrista, que enfatiza a obediência rigorosa e literal a um conjunto de princípios básicos; integrismo.

A entrevista com Bibiano Queiroz, (por enquanto) do PSOL deu o que falar. Foram mais de 20 mil compartilhamentos, o que é muito, mesmo para uma matéria em um site nacional.
As entidades de defesa dos direitos LGBT rapidamente repudiaram a fala do (supostamente) presidente municipal do PSOL em Cruzeiro do Sul pela “Unidade Socialista”, tendência apontada como muitos membros do partido como sendo “de direita”.
As declarações de Bibiano foram classificadas como “homofóbicas”, e é sobre este ponto que pretendo me debruçar neste texto (sem duplo sentido, por favor).
Os evangélicos em geral não aceitam a pecha de homofobia a eles imputada. O argumento é de que homofobia, na acepção da palavra, significa medo, ódio ou rejeição aos homossexuais.
Os evangélicos argumentam que não tem “medo, ódio ou rejeição” aos homossexuais, mas que a prática é condenada pelas escrituras, ou pela interpretação que dela fazem.
Em nenhum de meus textos ou postagens, imputei a Bibiano a classificação de homofóbico. Deixo que façam isso as entidades de defesa LGBT que tem mais legitimidade para tal.
Contudo, afirmo sem medo de errar, que a posição de Bibiano é sim, fundamentalista.
Explico. Fundamentalismo não se trata de usar uma barba comprida e amarrar explosivos na cintura. Fundamentalismo significa simplesmente a concepção de que um texto religioso deve ser utilizado para reger a vida civil da sociedade. E aí tanto faz ser a bíblia, o alcorão, ou o livro dos Mortos Tibetano.E o fundamentalismo, pasmem, não nasceu no oriente, mas sim nos EUA.
Ocorre que, Bibiano, ou qualquer outro, ao achar que pode aplicar a interpretação bíblica corrente de que a homossexualidade é condenável e que por isso não deva filiar homossexuais ao partido, na prática estaria restringindo um direito cidadão, algo que é regido pelas leis laicas do estado: constituição, código civil e regimento partidário. Ainda que o mesmo não tenha “ódio, medo, ou rejeição” aos homossexuais, na prática sua ação resultaria em perda de direitos devido à orientação sexual, algo que é vedado pela constituição do país. Ou seja, o resultado é sim, homofóbico.
O fundamentalismo cresce no mundo inteiro, e no ocidente, ao que parece os cristãos são os que menos se dão conta disso. Encaram com naturalidade que sua interpretação de mundo, seja implantada por força de lei, ao conjunto da sociedade.

E é aí que mora o perigo. Pois a homofobia, talvez afete diretamente apenas aos homossexuais, mas o fundamentalismo, afeta a todos nós.