sábado, 9 de janeiro de 2016

Cruzeiro do Sul 'exporta' banana para Rio Branco e pequenos comerciantes 'torcem' pelo fechamento da BR

As condições precárias de tráfego na BR 364 não têm impedido a compra de banana no mercado de Cruzeiro do Sul para atender ao mercado da capital.
Diariamente caminhões carregados com o produto enfrentam lama e buracos no asfalto para suprir o mercado riobranquense, onde a banana está em falta.
Segundo a imprensa da capital a razão da escassez seria a menor produção de banana, e o fato de que muitos produtores estariam preferindo vender diretamente para Rondônia.
No mercado de Cruzeiro do Sul, não há falta de banana, e a 'palma' pode ser encontrada por R$2,00 da prata ou maçã, para o consumidor.

Não há escassez do produto, mas preço pode sofrer alteração 

Para o atravessador, o preço do cacho tem saído entre R$6,00 a R$8,00 destas qualidades, podendo chegar a R$20,00 no caso da banana grande.
No mercado, os pequenos comerciantes não tiveram consenso sobre se esta comercialização tem influenciado ou não o preço do produto em Cruzeiro do Sul. Para uma comerciante, por exemplo, o preço já havia sofrido elevação de R$4,00 para R$6,00 reais o cacho antes mesmo de o produto começar a ser comercializado para Rio Branco.
Já outros acreditam que há influência, e que o cacho deve chegar esta semana a R$8,00, igualando com o preço com que tem sido comercializado para Rio Branco.
Bananas Prata, Maçã e Comprida ainda podem ser compradas pelos consumidores cruzeirenses por preços menores que na capital 
A maior parte da banana que é vendida no mercado de Cruzeiro do Sul é produzida ao longo do rio Juruá, e não sofre portanto, influência da intrafegabilidade da maioria dos ramais nesse período.
A produção ribeirinha de banana decaiu muito em decorrência da grande alagação de 2008, que destruiu a maior parte dos bananais do Juruá, mas já apresenta sinais de recuperação.
Outro problema também é a praga da sigatoka negra, que tem motivado a EMBRAPA a difundir uma espécie resistente à praga, mas que ainda representa uma porcentagem ínfima do que é vendido no mercado.

Comerciante 'torce' pelo fechamento da BR 

Na contra mão dos que se preocupam com um possível fechamento da BR 364, alguns pequenos comerciantes de banana não escondem que gostariam que ela viesse mesmo a fechar.
'Era bom que rolasse logo', disse um comerciante que preferiu não ser identificado, mas cuja opinião encontrou eco nos demais colegas que comercializam o produto. Para ele, a possibilidade da venda de banana em Rio Branco significa ter de praticar preços maiores e a consequente perda de clientela, já que a banana é um dos produtos mais populares da cesta básica da região.

Peixe com Banana

E para não perder o costume, o blog Terranáuas oferece hoje também uma receita de banana verde cozida, um prato tradicional indígena, muito consumido no Peru com o nome de 'tacacho', mas também em boa parte do Amazonas e mesmo no litoral brasileiro de influência caiçara.

Corte a banana grande verde em rodelas não muito pequenas e as ponha para cozinhar. É bom que a banana esteja 'de vez' (ou 'verdolenga', como chamam no litoral caiçara). Pode-se optar por cozinhá-las já descascadas, os descascá-las após o cozimento, quando a casca sai mais facilmente.

Então com o uso de um pilão, ou usando o fundo de uma garrafa, ou mesmo um garfo, amassa-se as bananas cozidas até obter uma massa mais ou menos uniforme.

A partir daí, o 'tacacho' pode ser preparado ao gosto do freguês. Em Pucalpa, por exemplo, o tradicional é temperá-la com banha de porco, manteiga ou margarina, e servi-la no café da manhã como 'desayuno'.

Pessoalmente prefiro a opção de temperá-la com azeite de oliva, cebola de palha, pimenta de cheiro, azeitona e milho verde.
Surubim com 'Tacacho': Foto: Arquivo Pessoal

Também é possível refogá-la antes no azeite com cebola ou alho, por exemplo, o que a deixa muito saborosa.

Vale mencionar que o valor nutricional da banana verde é maior do que o arroz, macarrão ou farinha de mandioca.

Segundo o site especializado em saúde e nutrição "Bolsa de Mulher"

banana verde, principalmente quando cozida, contém mais amido resistente do que a madura, um nutriente que não é digerido ou absorvido pelo intestino grosso, mas fermentado, processo que resulta na formação de substâncias que auxiliam a saúde intestinal. “O amido resistente favorece a integridade da mucosa, contribuindo para a correta absorção dos nutrientes e impedindo a entrada de invasores. Com esta barreira, é possível prevenir diarreias, obstipação e até o câncer”, explica a nutricionista da clínica Super Healthy, Paola Moreira.


Se não bastassem todos os benefícios para o intestino, a banana verde apresenta baixo índice glicêmico, ou seja, distribui o açúcar lentamente pelo corpo evitando picos de insulina e contribuindo para a sensação de saciedade. Isso significa que ela é uma grande aliada para quem quer emagrecer de forma saudável.

“Graças ao valor reduzido do índice glicêmico, a banana verde ainda é capaz de prevenir o desenvolvimento do diabetes tipo 2 e o acúmulo de gordura corporal, além de atuar na redução do colesterol e, desta forma, auxiliar na prevenção do desenvolvimento de doenças do coração”, afirma a especialista.  

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Três é pouco

Hoje, em conversa com um motorista que percorre a BR 364 pelo menos duas vezes por semana, o mesmo confirmou a prática de baldear carga a mais de alguns empresários. A prática aconteceria principalmente em Feijó. Mas não seriam apenas três conforme afirmei na reportagem de ontem.

O motorista, que também é empresário, cujo nome não revelo nem sob tortura, acrescentou mais nomes à lista divulgada ontém.

Além dos já mencionados Assem Cameli e Tião Cameli, o excesso de carga na BR também estaria sendo cometido pelo empresário Donário, da Empresa MD Construção, que atua nos ramos de construção civil, combustíveis e navegação.

Ainda segundo esta fonte, a Transportadora Pimpão, que traz combustível para Cruzeiro do Sul também estaria praticando sobrecarga na BR.

'Detonada' por excesso de carga, rua permanece interditada em Cruzeiro do Sul

Há cerca de um mês os moradores da rua Joaquim Távora no bairro do Cruzeirinho Novo têm o seu direito de ir e vir limitados pela interdição da via.

A via foi danificada, reparada e novamente danificada incontáveis vezes por caminhões caçamba carregados de barro.
Segundo moradores, caminhões com excesso de peso, e de velocidade, transitaram por mais de um ano no local. a prefeitura chegou a reparar os danos causados, mas continuamente danificada e sem condições de tráfego, a via foi interditada.

Ainda segundo moradores do local, o atual secretário municipal de obras, Mauri, o também vereador pelo PMDB, 'Sinhô', afirmou que irá conversar com o empresário responsável pelos danos causados à via, contudo, a rua permanece interditada ha cerca de um mês.
A maior parte do barro retirado de uma jazida localizada na própria rua e que teria sido o responsável pelos danos à via foi utilizado para construir um aterro no bairro do Miritizal, destinado à um empreendimento comercial do empresário Tião Cameli.
O aterro é apontado pelos moradores do Miritizal como principal causa dos alagamentos que afetaram as residencias em parte do bairro.
O empreendimento no bairro do Miritizal foi realizado sem o devido licenciamento ambiental, o caso foi levado ao MP e o empresário teve de assinar um TAC - Termo de Ajustamento de Conduta.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Quem são os empresários que estão 'detonando' a BR?

O péssimo estado da BR 364, já beirando as raias da intrafegabilidade, como sempre, tem motivado as velhas acusações de superfaturamento na obra, por um lado, e de utilização acima do peso permitido, por outro.

As declarações do governador Tião Viana, em pelo menos dois meios de comunicação da capital, de que alguns 'empresários do vale do Juruá, de maneira criminosa estariam burlando a fiscalização em Sena Madureira e passando com cargas acima do permitido', causaram rebuliço, com os tradicionais meios de comunicação de oposição tentando imputar a acusação à todo empresariado.

O senador Gladson Cameli (PP) rebateu as acusações, afirmado que as mesmas, feitas de maneira genérica, serviriam, segundo ele, para criminalizar toda a classe empresarial da cidade. 

Sem isentar a responsabilidade do governo do estado pelas péssimas condições da rodovia, entregue ao DNIT, o superintendente do órgão federal para Rondônia e Acre, Sérgio Augusto Mamany, reiterou as acusações feitas por Tião Viana de que comerciantes de Cruzeiro do Sul atuariam como os principais responsáveis pela destruição da rodovia.

Segundo ele, carretas que levam mercadoria para comerciantes em Cruzeiro do Sul, trafegam com cargas de até 70 toneladas, quando o peso máximo permitido em portaria expedida pelo órgão é de 18 toneladas.
“Nós demos uma abertura para que casos emergenciais pudessem passar com o peso acima do permitido, mas se utilizaram dessa abertura e estão passando com todas as cargas como se fossem emergencial e isso contribuiu sobremaneira para a danificação da rodovia. Embora a gente tenha um posto de pesagem (Bujari), não conseguimos evitar esse tráfego”, disse ele. (Fonte: AC 24 Horas.)
Segundo informações internas, a  'malandragem' destes comerciantes seria embarcar a quantidade permitida de carga até Tarauacá e a partir dali, embarcar uma quantidade acima do peso permitido, aumentando seus lucros individuais e socializando o prejuízo pela estrada com o restante da população. Não por acaso, a rodovia apresenta as condições mais críticas de trafegabilidade justamente no trecho Tarauacá-Liberdade. A balança do rio Liberdade, que poderia fazer esta fiscalização está fechada desde que o DNIT assumiu a rodovia.

A preocupação com os danos provocados pelas carretas bi-trem à BR 364, foi trazido pelo responsável pela empresa Colorado, Linker Cameli, durante uma conversa com o governador. A Colorado é uma das quatro empresas designadas para as obras emergenciais de recuperação da rodovia. 

Apesar da aparente irritação do senador Gladson Cameli sobre a não divulgação dos nomes que estariam atuando com esta prática, ele, mais que ninguém deve ser o sabedor de quem são estes empresários.

Em Cruzeiro do Sul, são três os empresários que atuam com as tais carretas bi-trem na BR 364: o primeiro deles, é o próprio presidente da Associação Comercial do Alto Juruá, Assem Cameli, o segundo é o empresário do ramo de materiais de construção e combustíveis, Tião Cameli, e o terceiro, seria também um empresário do ramo de combustíveis, que não pode ser identificado pessoalmente até o presente momento.

Trechos Consolidados

O péssimo estado da rodovia encontra-se em um trecho específico, entre Tarauacá e o rio Liberdade, justamente o trecho, onde suspeita-se de que o excesso de carga tenha promovido danos acima do esperado.

O que pouco se comenta, é de que os dois trechos: entre o Juruá e o rio Liberdade e entre Rio Branco e Sena Madureira, apresentam condições muito boas de tráfego.

As boas condições da pista nestes trechos servem para alimentar o 'mito' de que a estrada quando feita por Orleir Cameli tinha mais qualidade.

O fato é que estes são justamente alguns dos trechos mais antigos da rodovia e também já foram refeitos algumas vezes. Na região entre Santa Luzia e o rio Liberdade, onde a estrada foi feita durante o governo Jorge Viana, a pista também teve de ser refeita pelo menos duas vezes. 

O mesmo vale para a região entre Sena Madureira e Rio Branco. Feita pela primeira vez por Orleir Cameli, a estrada passou por diversas manutenções e até bem pouco tempo também sofreu abalos e desbarrancamentos nas laterais.

Parte do problema pode ser de fato explicado pela questão do solo, como tem alegado o governo do estado, e como o próprio DNIT admite nesta nota, em que sugere maiores estudos técnicos e prevê inclusive, possível acréscimo no valor do km asfaltado. 

Contudo, apesar da velha tendência para que o juruaense, sinta-se único em suas agruras, vale lembrar que a rodovia entre Porto Velho e Rio Branco passou por processo semelhante, ainda que o solo seja mais propício à rodovia neste trecho. Segundo caminhoneiros que trafegaram nesta rodovia em seus primórdios, a rodovia levou pelo menos 20 anos para que fosse 'consolidada', ou seja, para que o leito, mais compactado, sofresse menos danos com o peso dos caminhões. 

Ainda assim, quem tiver a oportunidade de conhecer o que o excesso de peso pode fazer mesmo a uma rodovia já 'consolidada', sugiro um passeio pela mesma BR 364 entre Cuiabá e Rondonópolis, onde, por razões políticas que me fogem à compreensão, as balanças e postos rodoviários permaneceram desativados durante meses.

O mesmo vale, inclusive para a própria malha urbana de Cruzeiro do Sul. No bairro do Cruzeirinho Novo, por exemplo, o tráfego de caminhões caçamba carregados com peso acima do suportável para a via, tem acabado com o asfalto nas ladeiras do bairro. Afinal, empresários com os nomes 'certos' podem sempre contar com a leniência e subserviência do poder público. 

A expectativa de muitos, é que a estrada após continuas manutenções possa aos poucos ser toda ela 'consolidada'. Algo que demandaria, tempo, dinheiro, e principalmente a colaboração dos principais interessados na manutenção da rodovia, já que durante décadas, foram estes mesmos comerciantes que praticaram preços estratosféricos de suas mercadorias, alegando a falta de um acesso terrestre para extorquir a população da cidade.