quarta-feira, 5 de abril de 2017

Sob a bandeira de Israel, Messias comete crime de racismo

É difícil tratar determinados assuntos quando a pessoa em questão aproveita-se sobretudo da indignação de setores da sociedade para alavancar seu nome.
Sem propostas concretas, sem conhecimento de macro-economia, com uma atuação pífia no congresso, o marketing do ‘Messias’ vive de causar polêmica a partir de suas declarações quase sempre, racistas, machistas e homofóbicas, que acabam por agradar, obviamente, outros setores. E lá vai ele, já na casa dos 10% de intenções de voto, o nosso ‘sargentão sem compostura’ desfilar seus preconceitos de caserna, desta vez agora, sob a ‘proteção’ da bandeira de Israel.

Muita gente questionou como poderiam os judeus, um povo historicamente, massacrado, oprimido e perseguido, fazer um convite a um palestrante, sabidamente racista. Sim, porque o convite partiu da própria Hebraica.

Há ainda ate quem alegue a proximidade de Messias com Israel, uma 'prova' de que o mesmo não seria 'nazista'. Errado. O nazismo do século XXI não tem a cara de Hitler, mas de Netanyahu. A bandeira carrega não a suástica, mas a Estrela de Davi. O 'Espaço Vital', que  Hitler justificou para atacar a Europa Oriental, hoje justificam a criação de colônias de judeus nos territórios ocupados da Palestina. A 'superioridade ariana' deu a vez para 'o povo escolhido'.

Messias é apenas mais uma voz do nazi-sionismo. Afirmar tais coisas não é anti-semitismo, assim como condenar o nazismo, não é condenar o povo alemão.

Em que pese as manifestações de repúdio de muitos judeus (em São Paulo, o repúdio foi suficiente para que o convite fosse cancelado, mas não no RJ), Messias, como aliás, boa parte dos evangélicos neopentecostais, acreditam piamente fazer parte do 'povo escolhido' e por esta razão estão totalmente alinhado com o pensamento nazi-sionista que determina a política de estado em Israel. Inclusive no que diz respeito à política militarizada de segurança e uso e venda de armamentos.
O mesmo esteve lá para ser batizado ‘nas águas do Jordão’. Há um alinhamento perfeito entre a ideologia de uma parte significativa do segmento evangélico brasileiro, com o ideário (nazi)sionista. Se puxar pelo fio da meada, todos se encontram na concepção de um deus etnocêntrico, que abençoa ‘escolhidos’ enquanto justifica atrocidades contra os ‘incircuncisos’. Da mesma cepa parte a concepção do ‘destino manifesto’ com que os EUA justificaram o massacre e extermínio dos povos indígenas.

No cerne disso tudo está a não-aceitação do outro, resquício de um pensamento de quando a ideia de um deus-protetor de um povo, passou a ser adotado como universal.
Claro que há outras concepções possíveis, seja no judaísmo ou no cristianismo. Poderia discorrer sobre o papel de Salomão me realizar a paz com os povos vizinhos e aceitar suas próprias visões de mundo (e de como isso foi posteriormente condenado pelos patriarcas). Ou mais ainda, da visão do Cristo, que em mais de um momento em sua vida, universaliza a benção para além da ideia de um ‘povo escolhido’.

Mas o fato e que essa ideia está profundamente enraizada no pensamento de gente como Messias e vira e mexe, vem à tona. É a negação do outro, tão bem explicitada na frase proferida na Hebraica.

"Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais.”

Contudo, mais importante do que discutir teologia, talvez fosse simplesmente aplicar a lei. Messias cometeu crime de racismo contra um segmento da população brasileira e deveria responder por isso. Se o crime foi sob a bandeira de Israel, é só mais um detalhe. Um detalhe revelador, diga-se. Mas ainda assim, um detalhe.

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